Carro pela Europa 13 – GENÉBRA – SUÍÇA

13 – GENÉBRA – SUÍÇA


Deixamos a Espanha pela porta da Catalunha, entrando na França, rumo a Suiça, nosso novo endereço no velho continente. Ainda voltaremos para a Espanha assim que completarmos o roteiro de Férias com Paula.

Até breve Espanha, voltaremos.


Eu, Ade, Paula e nossa já querida carrinha, entramos na França como se fossemos da casa, pela porta da frente, sem ninguém perguntar nada, por uma fronteira sem fiscais.

A carrinha é nossa querida por que cada coisa começa a se encaixar em seu devido lugar. Malas, bolsas, geladeira portátil e tudo para nossos lanches de estrada. A Ade é quem comanda onde está cada coisa. Eu e Paula obedecemos prontamente quando ela dita as regras.

Todos felizes e a carrinha em perfeitas condições, começamos nosso passeio pela França, com tempo nublado e alguns pingos de chuva.


A viagem de 760 km, de Calella na Espanha até Genebra na Suiça foi tranquila. Atravessamos a França toda, paramos em vários lugares para abastecer e para conhecer lanchonetes, restaurantes e as belas paradas para descanso, que estão a cada 20 ou 30 km nas estradas francesas. 

Momentos de chuva e momentos de sol nos acompanharam pelo caminho, com estradas pedagiadas excelentes (as melhores que já dirigi) e, alguns trechos em estradas sem pedágios, também com ótima conservação.

As paradas para descanso na França, possuem uma estrutura elogiável pela higiene, beleza e pelo conforto que oferecem gratuitamente.

Nas rodovias pedagiadas a estrutura é bem melhor. Tem água quente, as torneiras e secadores são automáticos, tem papel higiênico, mesas para o lanche, parque infantil, lanchonetes, restaurantes e postos de combustíveis.

Ao anoitecer, os caminhões tomam conta dos espaços quando os motoristas param para dormir, mas tem lugar para todos.


Nossas paradas foram sempre divertidas. Eu, Ade e Paula tentando falar o francês foi sempre engraçado, mas sempre deu certo. 

Seguimos comprando e comendo coisas que ainda não conhecíamos e se fartando das deliciosas cerejas francesas. Dizem que são as melhores do mundo e nós concordamos. 

Por indicação de uma atendente em um posto de combustível, desviamos nossa rota para comprarmos as melhores cerejas da região, valeu a pena, eram grandes e saborosas



Na Europa quem abastece o veículo é o próprio motorista. Em um dos postos eu peguei a mangueira errada e abasteci a carrinha com gasolina. Foi um drama para descobrirmos o que fazer. 

Primeiro um casal abastecia e a mulher falava inglês.  Paula se comunicou com ela, contou o fato e ela traduzia para o marido, depois falava pra Paula que traduzia para que eu entendesse. O marido disse que não haveria problemas se nós completássemos com diesel e que durante a viagem fossemos completando com mais diesel. 

Continuamos na dúvida. Perguntei para um outro cliente que abastecia seu carro que só falava francês. Ele chamou sua esposa que falava espanhol e então eu pude me comunicar com ela. Contei o drama e ela, traduzindo o marido, disse que também já havia se enganado e que nada aconteceria, era só eu misturar aos poucos com o diesel. 

As esposas foram as tradutoras e, como os dois disseram a mesma coisa e o manual da carrinha não alertava um perigo, resolvemos arriscar e seguimos viagem.

Ao aproximarmos da Suíça  as gigantescas montanhas tomaram conta do cenário. São fantásticas. Vimos algumas cachoeiras, passamos por longos túneis que atravessam montanhas e as pequenas vilas que nos remetiam a cenas de filmes. Foi pura emoção.


Chegando na Suiça, paramos na fronteira e tivemos que comprar um selo de 40 Euros para poder rodar com a carrinha no País do chocolate. Você paga uma vez por ano e se não pagar, como toda infração na Europa, a multa é muito cara.

Interessante a forma de adquirir o selo. Ninguém ofereceu ou exigiu. Nós que paramos na fronteira e perguntamos qual eram as exigências. O policial explicou, falou da obrigatoriedade, tirou o selo do bolso, pagamos, colamos no parabrisa e fomos embora sem ele sequer nos dar um recibo.


O GPS nos mandou para uma rua no centro de Genebra, ao lado do grande lago. Endereço falso. Paramos em um restaurante e o garçom nos ajudou a desvendar o mistério do endereço, inclusive nos emprestou seu telefone para navegarmos pelo mapa.

O apartamento que alugamos como sendo na Suiça, era na verdade na França, na fronteira entre os dois países, região metropolitana de Genebra.

Fomos nos hospedar na bela e charmosa cidade de La Divonna, com chuva, endereço complicado e ninguém nas ruas para perguntarmos. Quando estávamos quase desistindo, encontramos nossa nova casa. 

Já instalados e bem instalados no Apart Hotel, saímos para um lanche, que foi uma nova aventura. Não encontramos nada aberto às 11 horas da noite em La Divonna. Encontramos no GPS um Mc Donalds a 7 km, em outra cidade. Fizemos o lanche e voltamos para descansar o corpo para a nova aventura do dia seguinte na charmosa Suiça.



Em Genebra, dia de sol, pouco frio, passeamos absortos pela cidade, visitando lojas, fazendo compras, tomando chocolate e tirando muitas fotos, especialmente do grande chafariz no lago, bem no centro da cidade.

O Jet d’Eau é uma das maiores fontes do mundo, fica no Lago de Genebra, formado pelo Rio Ródano e seu jato atinge 140 metros de altura. Turistas desavisados, que não percebem a direção dos ventos, muitas vezes saem molhados das margens do lago.

Pela cidade existem vários bebedouros com água potável, onde as pessoas que passam e tomam da água sem qualquer preocupação. Nós também tomamos.

Notamos que nos mercados a exposição de água engarrafada não é exagerada, ou seja, as águas fornecidas pela cidade são de boa qualidade e a indústria forçada das águas minerais, por aqui, não conquistaram tanto espaço.

Lembro de uma história que dizia que, quando inventaram o relógio digital, ofereceram para os fabricantes suiços, que se negaram à inovação achando que seus modelos mecânicos jamais seriam substituídos, perderam o mercado. 


Mais tarde, começaram a investir na modernidade das horas e reconquistaram grande parte do que perderam por não acreditarem na inovação. Hoje a Suíça fabrica metade de todos os relógios do planeta

Relógios estão espalhados por toda a cidade, inclusive um de flores, como aquele de Curitiba.




Paula e Ade ficaram encantadas com as coisas famosas na terra das coisas famosas. Compraram relógios, chocolates e canivetes. 


Agora vendem também o famoso canivete Suíço para mulheres e a Paula se encantou e comprou um. Resultado: após algumas manuseadas, um pequeno corte na mão. 

Nada contra as mulheres ter um canivete, mas que tomem cuidado pois esta peça é tradicionalmente de uso masculino e não foi feita para se ferir. Tomem cuidado mulheres sem experiência com ferramentas de corte, elas podem deixar cicatrizes. 

Olha a mão da Paula.


Em frente a ONU, senti uma enorme vontade de escrever um discurso, protesto, ou fazer um pedido, sei lá. Não tenho muita experiência, mas senti vontade. 

A cadeira gigante me incitou e eu vou escrever falando aos Senhores da ONU, que elegi como culpados ou responsáveis pela minha indignação na criação e manutenção de um mundo melhor.

“Senhores da ONU.

Sou um Ser humano que às vezes fico revoltado com meus semelhantes. Fico indignado que pessoas passam fome, que são enganadas, humilhadas, discriminadas, escravizadas, abandonadas, alienadas e sacrificadas a todo momento, em quase todos os lugares. 


Senhores da ONU.


A ONU é o fórum principal para a paz mundial e para a organização das nações, são vocês quem devem conquistar melhores rumos. 

Vejo vocês incompetentes, que não conseguem acabar com as guerras, não conseguem unir as nações e muito menos acabar com as desigualdades. 

Senhores da ONU.


Tirem está horrível cadeira gigante com a perna quebrada de frente do prédio. Percebam!. Esta cadeira aleijada é o sinal de vossa incompetência. Pensem bem! Se a homenagem é para os mutilados de guerra, como aceitar esta hipocrisia bem na frente da Organização que mais tem poder para evitar que tais fatos se repitam. 


Como monumento, coloquem uma 
gigante porta aberta que simbolize nossa passagem, sem fronteiras, sem desigualdades, onde todos possamos passar.

Senhores da ONU.


Incluam na Missão da Organização, a frase de John Lennon na música Imagine: ‘todas as pessoas compartilhando todo o mundo’.  

Recomendem que as nações sejam valoradas por um índice de felicidade do povo, aos invés do podre poder do PIB.

Senhores da ONU.

Espero que se ocupem não somente a dar o peixe ou a ensinar a humanidade a pescar. Se ocupem a construir acesso às águas e a receitar o tempero para que as pessoas gostem do peixe. Todo aquele que gostar, pescará sozinho.


Desejo muito que se ocupem com a igualdade de direitos e que coloquem rédeas no poder econômico.

Senhores da ONU.

Somos seres dotados de inteligência e nosso sonho de ser feliz não pode ser cerceado e precisa de ajuda. 

Sejam humildes e se ajoelhem diante de Deus para implorar sabedoria na condução da justiça e da igualdade social. Deus em sua infinita bondade, oferece o universo a conspirar para que todos sejamos felizes.

Se tudo for possível e precisarem de ajuda, contem comigo, e tirem a cadeira”.


Pronto! Falei. Olhem a cadeira.


A sede da Cruz Vermelha fica em frente a sede da ONU em Genebra. Talvez uma coincidente ironia, colocando frente a frente aqueles que não conseguem a paz com aqueles que curam depois.



Passamos elas ruas apertadas no centro histórico de Genebra, até que encontramos a catedral, com suas enormes colunas ao estilo romano com telhado gótico.



Paramos em uma mercearia e o simpático proprietário veio nos atender e começou a mostrar seus azeites e vinagres maravilhosos. Gentilmente ele nos serviu um pouquinho de cada para degustarmos. São líquidos que parecem que foram fabricados para os deuses.

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