Motorhome pela América 18 – MAR DEL PLATA, A CIDADE FELIZ

18 – MAR DEL PLATA, A CIDADE FELIZ


Chegamos em Mar Del Plata, a “CIDADE FELIZ”. O apelido vem desde a década de 50, quando os sindicatos elegeram a cidade para que os trabalhadores tirassem suas férias. Adquiriram ou construíram mais de 30 hotéis e a cidade se desenvolveu também no ramo do turismo. Hoje é uma das mais visitadas da Argentina.

Os primeiros habitantes brancos da região foram os Jesuítas. A missão dos religiosos chegou a ter cerca de 500 pessoas habitando o primeiro povoado mas, devido às hostilidades dos índios, com constantes ataques liderados pelo cacique Cangapol, abandonaram o local por volta de 1.750.

Depois começaram a chegar os imigrantes europeus, principalmente italianos e alemães, que deixaram suas marcas no desenvolvimento da região. Fixaram residência e nunca mais voltaram aos seus países de origem. Já estão há várias gerações em solo argentino e foram eles que importaram negros da África para trabalharem como escravos

Hoje os negros são poucos na Argentina.

A dizimação aconteceu um pouco por falta de assistência à saude e por conta das guerras regionais ou entre nações. Com a promessa de liberdade, os escravos seguiam à frente das batalhas, ocupando as posições mais perigosas. Morreram quase todos. Muitas mulheres negras, com ausência de homens da mesma etnia, casaram e tiveram filhos com homens brancos e seus filho eram registrados como brancos. Este processo ficou conhecido na Argentina como,

“branqueamento da população”.

Ainda restam pequenas discriminações na Argentina, não pelo cor somente, mas também pela posição social. Por exemplo: a maior parte da faixa de areia nas praias são reservadas para um público seleto, que paga para ficar em guarda-sóis ou nas pequenas tendas abrigados dos ventos fortes da região. Os espaços são chamados de balneários e existem vários, com toda infraestrutra de mordomia, com piscinas, duchas, lanchonetes exclusivas e serviços de garçom.

O município é que regulamenta e fiscaliza o uso da praia e, ainda em 1.888, aprovou uma lei, com os seguintes artigos:

Artigo 1 .: É proibido banhar-se nú.

Artigo 2: O maiô admitido por este regulamento é qualquer um que cobre o corpo do pescoço até o joelho.

Artigo 3.º: Nas três praias o Porto, a Igreja e a Gruta, os homens misturados com as damas não poderão se banhar a menos que tenham uma família que os acompanhem.

Artigo 4: É proibido que os homens se aproximem das senhoras durante o banho e devem ficar a pelo menos 30 metros de distância.

Artigo 5: O uso de binóculos ou outros instrumentos de longo alcance é proibido no horário do banho, quando as senhoras se banham.

Artigo 6.º: É proibido banhar animais em praias destinadas a banhos familiares.

Artigo 7.º: O uso de palavras ou ações desonestas ou contrárias ao decoro também é proibido.

Em 1.915 começaram a exigir menos nos trajes de banho feminino, permitindo que as mulheres descobrissem os braços. Foi considerado por muitos como uma imoralidade. Na mesma época também se iniciava o costume de tomar banho de sol e os homens diziam que:

Las muchachas parecen “fritas”

Quem não tem dinheiro ou não quer pagar para ficar nos condomínios de cabanas, frequentam os poucos espaços que sobram na beira da água. Existem caminhos fechados ou corredores, para os menos abastados chegarem até as praias públicas.

Caminhamos quilômetros pela orla com calçadas bem conservadas observando a praia de cima. Na maior parte da orla tem um paredão que separa a praia da cidade. Quem quer chegar no mar tem que descer dezenas de degraus, rampas na grama ou escalar as pedras.

A cidade é mesmo muito feliz. Por todo lado tem uma atração para alegrar o público.  A praça do Cassino é um verdadeiro palco para muitos artistas. Passar uma tarde na praça te dá o prazer de assistir bons artistas de rua, que até esperam na fila o momento de se apresentar. São vários deles.

Esta é uma família que se apresenta na praça. O pai é o apresentador e dança tango com a filha de 18 anos. Os dois filhos dançam musicas folclóricas e a mãe cuida do som. O nome do grupo é bem singular: Famitango. O pai toda hora grita o nome do grupo para gravar no ouvido da plateia.

Os shows acontecem do inicio da tarde até à noite e tem público o tempo todo. Quando o pai do Famitango perguntou quem já havia assistido o show deles, a maioria levantou o braço.

Público cativo.

Na praça dois leões marinhos esculpido em concreto, olham para o céu de boca aberta, talvez também querendo entoar seu canto na cidade feliz.

Na praça do outro lado do cassino, partem ônibus estilizados, com animadores vestidos com diferentes personagens para alegrar as pessoas que passam ou que compram ingressos para um pequena volta nos ônibus da alegria.

A cidade evoluiu, surgiram nova e grandes edificações, mas ainda existem muitas casas preservadas, contrapondo a arquitetura antiga, em meio ao modernismo.

Caminhamos pelo centro, entramos no Cassino mas o segurança pediu para deixar as bolsas e a máquina fotográfica e desistimos de entrar. Passamos pela rua pedonal onde o comércio exala promoções para atrair compradores.

Entramos um pouco na igreja matriz, para agradecer tudo de bom que acontece com a gente, como sempre fazemos, não somente nas igrejas, mas todos os dias.

Dentre várias relíquias, dizem que ali está um pedaço da cruz em que Jesus foi sacrificado, sei lá. Não dá para ver toda beleza da igreja por dentro por que esta toda coberta com panos para proteger os fiéis de rebocos que caem e torpedos atirados pelos pombos.

O símbolo da cidade é o leão marinho e, pela cidade existem vários monumentos em homenagem ao bicho bigodudo. Um deles esculpido em pastilhas douradas é o monumento mais fotografado da cidade. A policial naquele carro preto, me disse que é todo banhado a ouro.

Em 1.945 os alemães chegaram a Mar del Plata com submarinos prontos para explodir tudo. Por sorte, o comandante inexperiente, tinha apenas 24 anos, cometeu falhas na chegada e recebeu ordem para abortar a operação.

Os alemães se renderam aos argentinos.

Foram presos e entregaram suas armas. Por muito tempo os submarinos foram atração no porto da cidade e a tripulação ficou presa, até que o governador de Buenos Aires fez uma homenagem aos marinheiros alemães. O comando dos aliados nos Estados Unidos não gostou da homenagem, levaram os presos alemães que já estavam virando heróis e confiscaram os submarinos.

Mesmo sem os submarinos, o Porto é a principal atração dos turistas que chegam para comer nos mais variados restaurantes, para comprar artesanatos, enlatados, conservas e para fotografar os lobos marinhos, que parecem descansar o tempo todo.

Na hora do almoço entramos em varios restaurantes, escolhemos um e saboreamos frutos do mar. É muita abundância de comida.

Na praça onde ficam os restaurantes, adivinhem quem encontramos. Aquele homem vestido de mulher que encontramos nas Termas, que eu narrei no capítulo anterior. Ele ou ela é mesmo famoso na região. Encontramos cartazes sobre seu show por toda cidade e, novamente muita gente assediando e querendo fazer fotos com ele ou ela, fiquei na dúvida.

Reparamos que a cidade feliz também produz muita gordura no corpo de seus habitantes. A maioria está acima do peso, mas são felizes.

Atrás do Porto tem uma rua que leva até o Cristo, aliás, um dos poucos magros na cidade.

Voltamos para dormir mais uma noite no bem estruturado camping, depois seguimos para novas surpresas sobre

Embarazadas

 

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