Carro pela Europa 23 – MADRI (II) – ESPANHA

23 – MADRI (II) – ESPANHA


Chegou a hora de despacharmos a nossa querida, amável, alegre, companheira, inteligente, esperta, bonita e agradável filha Paula. Foram mais de 30 dias que passamos juntos e na hora da partida, o choro foi incontido. Apesar de ter sido muito bom as nossas férias com Paula, ela tem seus compromissos no Brasil e tem que voltar. 

Nós ficaremos ainda por mais um longo tempo, cada vez mais com saudades das pessoas que deixamos no Brasil. Mas nos voltaremos e abraçaremos a todos demoradamente.


Voltamos para o hotel em silêncio com um choro contido pela jóia que despachamos. Foi muito, muito, muito bom ter você com a gente nesta aventura pelo velho continente Paula. Volte quando puder.

Acordamos tarde, ainda tristes sem nossa pequena Paula, mas felizes por que ela também ficou feliz de estarmos juntos.

Agora novos planos e novos rumos a serem planejados. Por enquanto, um pouco mais de Madri, com muito sol e calor, não faz mal a ninguém.

Resolvemos ficar por mais dois dias em Madri para depois seguirmos até Bordeaux na França, onde vai acontecer a mais famosa festa do vinho na França. Busca de hotéis, reservas e nosso plano refeito para os próximos 15 dias.

Voltamos passear pelo centro de Madri, revendo as ruas, praças, prédios e monumentos por onde já passamos. Entramos em várias lojas, olhando as vitrines e as promoções arrasadoras que as lojas fazem nesta época do ano, começo de verão. 

Como sempre em Madri, turistas estão por toda parte, com mapas nas mãos, máquinas fotográficas, afoitos para ver e registrar tudo.





Dia seguinte, acordamos tarde, tomamos um bom café da manhã e fomos até o posto para lavar a carrinha. As máquinas em troco de moedas fazem todo o serviço. Quando terminamos a limpeza e o abastecimento, chegou um homem enorme, pedindo dinheiro de uma maneira bem insistente. Tratamos de sair logo do local, por que estavam em mais pessoas. Eram nômades e encaravam de forma a amedrontar. Conseguiram. Fomos embora terminar a limpeza interna da carrinha no hotel.

Saímos caminhar pelas redondezas do hotel até chegarmos ao um centro comercial onde estão lojas, mercados, metrô e muita gente pelas ruas. 

Paramos em um bar, pedimos um vinho e ficamos assistindo ao jogo da Espanha, já desclassificada da Copa do Mundo no Brasil, por isso, poucos paravam para assistir.


Voltamos para o hotel e ficamos aguardando o jogo do nosso Brasil, já classificado para outra fase. Os canais de televisão da Espanha não se interessaram em transmitir o jogo e tivemos novamente que assistir pelo computador, que as vezes travava e cortava alguns lances, tudo bem, ganhamos de 4 a 1 da equipe de Camarões. Enquanto assistíamos ao jogo pelo PC, falávamos com a família pelo Skype, torcendo juntos pela vitória.

Fomos conhecer o Museu do Prado, um dos mais equipados da Europa com obras de vários artistas renomados. 


No Brasil existem poucos museus mas na Europa, eles estão por todos os lados. Na lista dos 100 museus mais visitados em todo o mundo, os Estados Unidos lideram com 22, a Inglaterra com 17, Áustria, Espanha e França com 7, Japão 6, Alemanha 3 e o Brasil está representado com 1 na lista, que é o Museu de Arte de São Paulo, o MASP.

Cada um possui regras próprias de visita. Poucos são gratuitos, alguns tem entrada franca uma vez por mês, outros cobram menos para moradores, outros são caríssimos para entrar, uns permitem fotografias e outros proíbem. No Prado por exemplo, nem pensar em fazer uma foto. Fotos são permitidas somente da ala das estátuas e das paredes. Vigias e cartazes estão por todo lado.

Os artistas de antigamente faziam suas obras buscando a perfeição. Era como uma réplica do real e eram tantos que fica difícil classificar qual tela ou escultura seria a mais perfeita. Algumas obras copiadas são consideradas mais perfeitas que os originais e, neste museu existem várias.

Existem no Prado telas pintadas por artistas da escola espanhola, francesa, flamenca, alemã e italiana, em dezenas de salas e corredores enormes. O museu conta ainda com mais de duzentas esculturas e cerca de 4 mil desenhos.

As obras com tema religioso são a maioria e foram elas que renasceram a vontade política de se manter o museu. Muitas foram entregues pelo clero, como amortização de dívidas para com o reino.

Artistas de hoje não conseguem a mesma desenvoltura dos antepassados. Tentam pintar o abstrato, que para alguns não passam de tintas jogadas, pintam a natureza morta ou esculpem o normal, sem notáveis expressões.

A fotografia desbancou um pouco os artistas. Poucos sobrevivem com pinturas de encomendas, como quando eles eram pagos ou obrigados a retratar cenas de guerra, fatos religiosos ou imortalizar pessoas ricas. Mesmo aqueles que faziam arte por prazer, eram resgatados ou contratados para desenvolver sua arte. 

Conta a história que muitos ficaram cegos por causa da tinta que caia nos olhos quando pintavam tetos de castelos e igrejas, sob ordens severas dos grandes senhores. Michelangelo é um exemplo de artista que quase ficou cego ao fazer esta obra de arte no teto da cúpula em forma de arco da Capela Sistina.

Mas o progresso é implacável. A própria fotografia vem perdendo seu encanto com a evolução digital. As poses e a arte foram banalizadas e os retratos ficam somente nos computadores, muitos jamais foram ou serão revistos.

Em todos casos, quem estiver em Madri, vale uma visita aos museus do Prado e Reina Sofia. Na saída do Museu do Prado, não deixe de olhar à sua direita e apreciar também esta bela capela.


Voltamos naquela lojinha que vende alpargatas e a Ade enfrentou a fila para comprar. Lá dentro o vendedor me disse que outras lojas vendem o mesmo produto e não tem fila. É a tradição que atrai milhares de pessoas todos os meses. Ele disse que vendem em torno de 300 pares por dia. 

Eu também acabei comprando uma igual a da Ade. Vamos sair de pés gêmeos.


Passeamos bastante com a carrinha, andando por ruas que já havíamos passado e outras novas que desbravamos. 

Os monumentos estão em quase todas as praças e rotatórias. Eram muitas pessoas importantes para serem homenageadas ou muitos artistas para expor suas obras, o fato é que elas estão espalhadas pela cidade de Madri e pela Europa toda, embelezando e incentivando a cultura.


Fomos almoçar em Vallecas e algo estranho nos chamou a atenção. Não havia ninguém nas ruas. Pensamos até que seria feriado. Depois lembramos que era a pausa para o almoço. A vila fica deserta, como se fosse um domingo de manhã.

 


Veja a placa com os horários de funcionamento. São quase quatro horas de intervalo para o almoço, tempo suficiente para uma longa dormidinha de descanso.


A Ade esta com dificuldades para comer em vários lugares na Europa. Os alimentos são fortes, muitos embutidos, pães, batatas e, o que mais a afasta é a falta de higiene das pessoas que servem.

Em vários países que já passamos, as pessoas pegam o pão com as mãos, pegam no dinheiro, colocam o alimento em cima do balcão, a carne fica exposta ao tempo, comem lanche sem guardanapos, por várias vezes pegamos toalhas de mesa, pratos, copos e talheres sujos, não lavam as mãos no uso do banheiro, sem contar muitos banheiros imundos, inclusive em restaurantes.

Já vimos alguns absurdos nesta viagem. Em uma padaria uma garota limpava o chão com luvas e quando chegou um cliente ela pegou o pão com as mesmas luvas e serviu. Um senhor na fila do mercado esperando para pagar, coçou o rosto com a baguete. No transito uma moça limpava o nariz com o dedo e colocava na boca. Sem contar a higiene oral, com muitas dentições deterioradas. 


Conta a história que os hábitos com a falta de higiene em boa parte da Europa, vem da idade média, quando a higiene era considerada prejudicial à saúde. Não quero generalizar, mas acho que ainda ficaram resquícios.

A Ade fica sem vontade de comer, até mesmo nos restaurantes mais requintados por que é visível que o povo é descuidado com a higiene. Na maioria dos restaurantes é permitido fumar, os clientes jogam restos pelo chão e o lixo não é separado na maioria dos lugares. 

Nosso Brasil pode ser do terceiro mundo com relação à economia, mas nos hábitos,  estamos muito bem.


Fomos ao mercado fazer compras por que achamos que alimentos na Espanha é mais em conta do que na França. Arrumamos a carrinha e partimos para Bordeaux, passando por estradas e paradas maravilhosas. Pedágio caro, lógico.


A rodovia que passamos é quase toda plana e as curvas são amenas, sequer existem placas sinalizando curvas. Quando existe uma curva um pouco mais fechada, existem sinalizadores iluminados.

Apesar de passar por cadeias de montanhas, praticamente não existem subidas e descidas. As montanhas são furadas por enormes túneis e pontes muito altas cortam desfiladeiros. 

Que exemplo inteligente a ser seguido na construção de estradas. Fazem bem feito já da primeira vez e, nas viagens, economizam tempo, combustível, além de proporcionar conforto.

 

 

1 comentário sobre “23 – MADRI (II) – ESPANHA”

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