Carro pela Europa 3 – FÁTIMA, BATALHA E NAZARÉ – PORTUGAL

3 – FÁTIMA, BATALHA E NAZARÉ – PORTUGAL


Saímos para conhecer Lisboa a noite e a cidade se mantém bonita com ruas bem iluminadas e uma sensação de segurança, de andar despreocupado, muito boa. Quase não se vê policiais patrulhando e as pessoas ficam espantadas quando perguntamos se não tem perigo andar pelas ruas durante a noite. Não se fala em assaltos ou roubos. 

As recomendações por aqui é para você não se descuidar com seus pertences pois, podem haver furtos praticados por oportunistas, especialmente contra turistas que deixam seus pertences fora de supervisão.


Apesar de poucas pessoas circulando pelas ruas, alguns suspeitos com aparências duvidosas ficam a vagar ou se alojam em baixo de marquises mas, não são ameaças.


Em uma das ruas algo chamou a atenção. Mesmo considerando que os motoristas estacionam seus veículos como bem entendem, em filas duplas, em cima da calçada e até sob placas de proibido estacionar, nada foi mais inusitado do que uma bicicleta ergométrica estacionada, como se fosse um carro ou uma motocicleta. A Ade até pousou para foto e fez um rápido exercício.

Pegamos um ônibus e fomos conhecer a Costa da Caparica, do outro lado da Ponte 25 de Abril. 


Caparica é uma cidade balneário, com calçadão, muitos restaurantes, lanchonetes e lojas com artigos de praia, quase tudo em oferta nessa época do ano que antecede o verão português.


A praia banhada pelo Atlântico norte, tem águas transparentes, de uma cor azul que as vezes aparece verde, encantadora. Apesar do frio, muitos surfistas esperavam com suas pranchas um bom momento, até que uma onda fosse convidativa. 
Eles precisam ficar atentos por que, em alguns lugares, as ondas acabam nas pedras e não na areia.

 

Os arredores de Lisboa são uma atração à parte que estamos conhecendo a cada dia. Fomos conhecer Fátima, uma cidade com 12 mil habitantes que se desenvolveu ao redor de um santuário. 


Fátima é considerada como o altar do mundo e recebe todos os anos, milhões de visitantes, peregrinos movidos pela fé, pagadores de promessas ou simplesmente turistas. 

Sua fama mundial se deve a um fato ocorrido no dia 13 de maio de 1.917, quando a Virgem Maria apareceu na forma de Nossa Senhora de Fátima, para três crianças enquanto cuidavam das ovelhas, na sombra de uma grande árvore, chamada de Azinheira.

A Azinheira foi removida poucos metros do local original mas ainda esta preservada no pátio do santuário.

Lúcia e os seus primos Francisco e Jacinta, todas menores de 10 anos de idade, receberam a visita da Virgem Maria, que revelou a eles três segredos, sendo dois compartilhados à época com a igreja e com a comunidade e o terceiro segredo não foi revelado, para evitar a tristeza e o sofrimento da população.

 

Não vou me atrever a definir os segredos revelados às crianças de Fátima. Não achei tão claro as explicações contidas nas escritas expostas no Santuário, ou não entendi direito. Procurei mais informações na internet e conheci versões diferentes, até assustadoras de vários escritores e historiadores, especialmente do terceiro segredo. 

No próprio mural da Basílica, fotografei este quadro com informações embaralhadas sobre os segredos.

De tudo que aconteceu ou ainda irá acontecer, destaco o alerta feito pelo Papa Bento XVI, em peregrinação ao Santuário de Fátima, em 13 de maio de 2.010: “É um erro pensar que a missão profética de Fátima está concluída”. 

O Santuário possui também uma enorme construção moderna, circular por fora e quadrangular por dentro, batizada como Basílica da Santíssima Trindade, várias capelas, altares, oratórios, museus, monumentos, casas paroquiais, além de caminhos externos organizados, onde pessoas partem a pé de Lisboa ou do Porto em peregrinação. 

A Basílica da Santíssima Trindade possui 8.633 lugares sentados e 40 mil metros quadrados de construção. É o quarto maior templo católico do mundo em capacidade, com suas 12 enormes portas laterais, uma para cada Apóstolo e uma central que é a porta de Cristo.

 


O Santuário é mantido com a ajuda dos fiéis, com a venda de lembranças e urnas de recolhimento espalhadas por todos os lados. Até as obras de arte, como o Cristo Dourado, abaixo, foi doado por um artista anônimo, instalado no centro do grande pátio, em frente a Basílica do Rosário, com sua coroa dourada.

 

A imagem de Nossa Senhora de Fátima fica exposta na Capelinha, construída no local da aparição, a pedido da própria Nossa Senhora. A estatua mede 1,10 m, pesa 19 quilos e foi esculpida em madeira cedro vinda do Brasil. Na Capelinha são celebradas missas várias vezes ao dia, todos os dias.


Dentro da Basílica do Rosário estão os túmulos dos três pastorinhos: Lúcia e  Jacinta de um lado do altar e Francisco do outro. 


Paramos para o almoço em um restaurante de comidas típicas, ao lado de um grande e belo mosteiro. Descansamos um pouco e mergulhamos novamente nas histórias medievais.

Fomos conhecer o monumental Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha. 

O Mosteiro foi construído a partir do ano de 1.386 como agradecimento à Virgem Maria por uma vitória de guerra. No início era apenas uma pequena capela, depois, cada novo rei aumentava um pouquinho a obra.



Durante dois séculos o mosteiro foi sendo construído e restaurado por vários arquitetos, que foram incluindo anexos para homenagear personalidades, que ainda hoje gualdam seus restos mortais. 

O pé direito da Capela Mor chega a aproximadamente 30 metros de altura.

A obra é um modelo da arquitetura gótica, considerada pela UNESCO como Patrimônio Mundial e eleita uma das sete maravilhas de Portugal.

O Mosteiro é guardado pela guarda nacional e o Túmulo do Soldado Desconhecido mantém uma chama acesa, permanentemente queimando azeite, com dois soldado imóveis, em guarda. Várias coroas de flores naturais recentes, homenageiam o desconhecido.


Túmulos existem por todos os lugares. Os reis e rainhas ficam no centro das salas e os príncipes, princesas, condes, cardeais, infantes e outros da nobre corte, ficam em vitrines, igualmente ricas em detalhes.

 


Os dois jardins no interior do Mosteiro, um na ala central e outro nos aposentos e refeitório, são impecáveis no cuidado, mesmo sem moradores.

 

A riqueza dos detalhes esculpidos nas Capelas Imperfeitas, impressionam pelo perfeito acabamento. As esculturas rendilhadas na pedra cobrem todas as colunas, parte do teto e paredes. 

 

A torre das Capelas Imperfeitas foi uma obra exigida em testamento por D. João I, criando seu próprio espaço funerário. Por vários motivos a obra nunca foi concluída. A obra é bela e ficou batizada como imperfeita por que o teto não foi construído, ainda que, vários arquitetos foram contratados para o acabamento final. Dentre as capelas desta torre sem teto, algumas ainda estão vazias, sem túmulos.

 

Fomos conhecer Nazaré, uma cidade litorânea, banhada pelo Oceano Atlântico, habitada em dois níveis por cerca de 10 mil habitantes. A formação rochosa impressiona pela altura e pelas diversas formas esculpidas pelas águas e pelo tempo.

 

Do alto da montanha, a linda imagem da cidade de baixo, com um bela praia e urbanização voltada para o lazer.  

Nas ondas desta região, surfistas famosos pegaram ondas de até 30 metros de altura, provocadas pelos efeitos naturais de um desfiladeiro submarino, conhecido como Canhão de Nazaré. Algumas vezes, durante a formação das ondas gigantes, a cidade foi quase toda inundada.

Conta a lenda de Nazaré que um nobre, em 1.182, caçava junto ao litoral, com um forte nevoeiro, quando avistou um veado e começou a persegui-lo. Quando se deu conta de estar no topo de uma falésia, prestes a cair no precipício, rogou em voz alta: “Senhora, Valei-me”. Imediata e milagrosamente o cavalo estancou, cravando sua pata, deixando uma marca que ainda hoje é visível na rocha com mais de 100 metros de altura.


De lado, uma visão da ponta de pedra onde o cavalo estancou e de baixo é possível visualizar o tamanho do precipício.

 

Em agradecimento o nobre mandou reconstruir uma capela que ali existia e a batizou como Capela da Memória. Enquanto reconstruíam, os pedreiros encontraram uma pequena escultura de madeira e um pergaminho, guardados em um cofre de marfim. Ainda hoje a imagem é guardada pela cidade.

 


No pergaminho, escrito por São Brás e São Bartolomeu identificava a imagem como sendo da Virgem Maria a amamentar o Menino Jesus. A pequena imagem, com um palmo de altura, veio de onde Jesus nasceu e fora esculpida pelo carpinteiro São José, quando Jesus ainda era um menino. Algumas décadas depois, São Lucas pintou a escultura. Aos monges, em diversas épocas, é atribuído o transporte da escultura até o local, que também ficou batizado de Nazaré.

O sagrado fato do cavalo tornou-se de tamanha importância que navegadores como Vasco da Gama e Pedro Alvares Cabral, visitavam Nazaré a pedir proteção à Virgem, antes de partirem para suas viagens de além-mar.

Ainda hoje, várias réplicas da escultura estão espalhadas pelo mundo, sendo uma uma das devoções mais importantes, a que ocorre em Belém do Pará, no Brasil, que todos os anos reúne milhões de fiéis em peregrinações e na festa anual conhecida como Círio de Nazaré.

Quem nos contou a história, dizendo ele ser a verdadeira história, foi um simpático português que se ofereceu a narrar os fatos de sua cidade.

Pegamos um bondinho e descemos até a cidade baixa, em uma viagem lenta, enquanto um vagão que desce o outro sobe. 

 

 

 

Pelas ruas da cidade várias mulheres andam com saias rodadas, mantendo um tradição das mulheres das sete saias que antigamente defumavam peixes e hoje muitas trabalham com ambulantes, vendendo guloseimas e lembrancinhas da cidade.

Eu e Ade voltamos para casa próximo das vinte uma horas, ainda dia por aqui, depois de mais um passeio na companhia das nossas agradáveis amigas Neuli, Neuci e da bela cicerone e competente motorista Isa.








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