Motocicleta pelo Brasil 55 BONITO – MS

55 BONITO – MS


Chegamos em Bonito e já nos encantamos com bela cidade. Fomos nos instalar e depois até a agência de viagem tratar dos passeios pela região. 

Os passeios em Bonito são organizados pela Prefeitura, todo voucher emitido tem um controle do número de visitantes e os valores são padronizados. A grande maioria dos passeios não pode ser feito sem passar por uma das várias agências de turismo, espalhadas pela cidade e em várias outras cidades pelo Brasil.

 

 

Fomos jantar em um restaurante tradicional da cidade, onde o proprietário veio nos receber e conta a sua história. Diz ele que começou a fazer comida para os amigos, a quantidade de pessoas foi crescendo e ele resolveu montar um restaurante. As pessoas foram gostando, o negócio foi crescendo e, como ele nos disse, foi aumentando o telhado. 

Voltamos para o belo hotel que ficamos hospedados, descansar para os passeios do dia seguinte, começando às 07 horas da manhã.


No horário combinado, lá estava o nosso guia, com carro exclusivo para nos levar para conhecermos a fauna, a flora e a beleza incomparável dos rios e cachoeiras da região.

 

Chegamos até uma fazenda onde fomos fazer um rafting em barco inflável, descendo pelo rio, ora por águas calmas, ora por correntezas e descendo cachoeiras de até 2 metros. 

 

 

 

 

Durante o trajeto, paramos para observar uma enorme cobra sucuri, descansando após uma refeição, que não ligou nada com nossa aproximação. Eu bem que queria pegar a cobra mas a Ade não deixou. Ainda bem.

 

 

Fomos fazer flutuação no Rio Formoso e alugamos uma máquina fotográfica para fazer fotos dentro da água.  Por aqui sempre há um fotógrafo de plantão, tirando fotos dos turistas. 

Um CD com 15 fotos e um filme de 30 segundo é vendido por 50 reais, ao final do passeio. Ninguém comprou o CD por que além de caro, a qualidade ficou a desejar.


No Rio Formoso já existem trilhas definidas e os peixes são amestrados para encantar o turista. Durante o trajeto de 900 metros, um guia segue junto com a gente mergulhando e um outro acompanha com um barco.

Todo equipamento é alugado no próprio local, que também tem vestiários e uma breve orientação de como flutuar usando os equipamentos.

Os peixes ficam onde são alimentados. Antes de cada passeio, um tratador providencia ração para que eles se concentrem em determinados lugares e encantem os turistas.

 

 

 


Em um determinado ponto da flutuação a Ade se atrapalhou com o respirador e quase foi preciso um salvamento de emergência. Depois se recuperou e até sorriu, a tempo de aproveitar o passeio até o final. 

 

 

 

A fazenda onde acontece o passeio foi doada por uma viúva a um padre, que depois de um tempo abandonou a batina, casou, vendeu a fazenda e se tornou o prefeito da cidade. Ainda hoje o local esta batizado como a Ilha do Padre.
 

 

Fomos passear pela cidade e tratar de novos passeios na agência que está nos atendendo. Os passeios em Bonito são fantásticos e o valor das entradas também. Os preços variam de 15 a 650 reais por pessoa.  A prefeitura faz um desconto de 50% para os moradores mas eles só podem participar quando sobram vagas. 

 
A maioria dos passeio tem controle diário da quantidade de pessoas que podem frequentar cada atrativo e os fiscais da prefeitura fiscalizam o tempo todo. Assim sendo, mesmo que o morador tenha o dinheiro para pagar com o desconto, depende de vagas que quase nunca tem.
  

 

A noite fomos jantar e passear pela cidade, com uma rua central bem cuidada, bonita e com várias opções de compras e alimentação. As demais ruas tem asfalto ruim e praticamente não tem comércio.

 

Bonito tem a fama que merece, não somente pelas belezas naturais da região que se equipara a tantos outros pedaços de paraíso que existem espalhados pelo Brasil mas, especialmente, pela estrutura da cidade e dos pontos turísticos. 

 

As estradas rurais que levam aos locais de passeio são, na maioria, bem cuidadas. Passamos por uma estrada rural que, conforme nos informou o guia, foi utilizada uma técnica de compactação inventada na cidade que faz com que o piso fique até parecido com um asfalto. Certamente foi a melhor estrada de terra por onde trafeguei.
 


Nos locais de recepção para os passeios, o cuidado está por todos os lados. Belos jardins, boa construção, estrutura de apoio, equipamentos de aventura limpos e conservados e, especial destaque para os guias. Todos que nos atenderam foram atenciosos, a maioria nascidos na região e demonstram trabalhar por amor, por que o dinheiro que ganham é de comissão e gorjetas de turistas. Mesmo com ganho mensal baixo, atendem com carinho. 

 


A cidade necessita aumentar seu quadro de trabalhadores na área de atendimento ao turista e faltam pessoas qualificadas, muitos estão vindo de países vizinhos e de outros estados do Brasil.

 

Conhecemos uma gruta pequena, toda com trilhas definidas, iluminação artificial e um trajeto muito rápido. Em torno de 20 minutos para passar pela gruta e o restante do tempo, para assistir video e ouvir as instruções do guia. 

 

 

 

 

 

A Gruta São Miguel revela a beleza de um variado conjunto de espeleotemas, que são formas e ornamentações originadas por deposições minerais no teto, nas paredes e no piso da gruta. Destaque para as formações mineralógicas semelhantes aos corais marinhos, esculpidos pela natureza há 60 milhões de anos.

 

 

 

Fomos conhecer um local onde a simpática guia nos disse ser “a morada dos espíritos”. Contou que aqui moravam homens primitivos que consideravam o lugar como sagrado e até hoje aparecem em espírito. Muitas pessoas já viram vultos e ouviram vozes nas proximidades, comentava a guia, enquanto caminhávamos até a gruta. 

 


Uma abertura com cerca de 40 metros de diâmetro, com mais de 90 metros de profundidade, leva até um lago subterrâneo de águas transparentes. Quando recebe a luz solar, reflete um azul intenso, emoldurado por rochas pontiagudas, que se originam do teto, das paredes e do piso da gruta. 

Ali vivem espécies milimétricas de crustáceos e, em seu fundo, repousam fósseis de grandes mamíferos, como o da preguiça gigante e do tigre-dente-de-sabre, ambos de um período de até 11 mil anos atrás.

 

Em um determinado ângulo, dentro da gruta é possível ver a assinatura de Deus na sua bela obra. O corte natural das pedras e de um tronco de árvore levado pelas chuvas, refletem claramente as letras L e A, de Lago Azul.

 


Durante o trajeto é possível observar figuras exóticas nas formações, como o Buda, um gigante deitado, uma língua e tantas outras figuras que se mostram conforme o ângulo de observação e a criatividade da imaginação. 

Dentro da gruta, com toda aquela beleza das águas azuis e das pedras esculpidas pelo tempo, o homem interferiu sem a menor consideração e fez uma aberração na obra da natureza. 

Construíram uma passarela de ferro com pilares de concreto totalmente incoerente com a decoração natural. Talvez por isso e até pela interferência dos espíritos, conforme disse a guia, a passarela mesmo antes da inauguração teve que ser interditada. O metal usado já está enferrujado e coloca em risco as pessoas que visitam a gruta. 

Agora esta lá uma uma obra não compatível com o local e interditada. Quem projetou que me desculpe, mas foi uma burrice fazer daquela forma e quem deveria fiscalizar que também me desculpe, mas ouve má vontade em defender a natureza e preservar o lugar. 

A melhor solução agora, seria remover todo material da passarela e continuar  preservando da forma mais natural possível.

 

Fomos fazer nova flutuação, nadar com peixes em um rio com águas tão transparente que as vezes nem percebemos que estamos em baixo d`água, onde a beleza e a sensação de flutuar convivendo com peixes e plantas aquáticas é uma alegria para a alma.


As águas cristalinas brotam da terra formando um belo espetáculo com as bolhas e o movimento das areias saindo da terra.

Os peixes coloridos estão por toda parte. É possível chegar bem próximo deles mas é quase impossível toca-los. São ariscos e não permitem a aproximação dos mergulhadores.

 

 
A noite fomos a um restaurante comer carne de jacaré e novamente aquela sensação triste de comer um bichinho que tanto admiramos e fotografamos nos últimos dias. A carne é muito saborosa e consistente, gostosa de mastigar.

 

 

Voltamos para casa e o gerente nos informou que apesar da grande procura de turistas, ele conseguiu mais duas diárias, conforme havíamos solicitado.  Como nossa viagem esta terminando, as duas próximas paradas serão em casa de parentes, resolvemos ficar por mais dois dias para descansar de tanta beleza que assistimos em 11 meses de viagem.
 
No hotel, conhecemos um casal de Goiânia, de fartos recursos e de muitas economias. Conversamos bastante à beira da piscina. Eles ficaram encantados com nossa viagem. Sempre que dava uma oportunidade a mulher dizia que eles aproveitam pouco de tudo que possuem na vida e que gostaria de ser como a gente, passear mais. 

No outro dia, quando veio se despedir da gente, ela nos abraçou demoradamente e disse algo que emocionou “vou agradecer muito a Deus por ter me dado a oportunidade de conhecer vocês”. 

 

 

Fomos conhecer o Balneário Municipal que apesar de as agências não darem ênfase para o local ele é muito bonito, muito bem cuidado, ingressos baratos, boas opções de refeição e um rio maravilhoso de águas frias e transparentes, com muitos peixes, onde você pode nadar com centenas deles. 



A Ade não entrou no rio e enquanto eu estava fazendo flutuação ela, apavorada, veio correndo me avisar que tinha uma sucuri no rio. 

Depois que o salva vidas disse que ela estava dormindo em uma moita no meio do rio e que não havia perigo, segui na flutuação junto com piraputangas, dourados e os brilhantes corimbas.

 

Um grupo de homens, tipo pantaneiros, bebiam pinga e cerveja à vontade. Um sanfoneiro e um violeiro animavam os bebuns, que alugaram equipamentos de mergulho e foram descer o rio flutuando. Até a beira do rio, muita bagunça, fotografias e música caipira. 

Quando entraram na água, o medo bateu em alguns e todos foram ficando quietos e tensos e na primeira oportunidade saíram do rio meio chateados, meio assustados, quase sem conversar e a euforia do começo diminuiu muito.



O balneário municipal fica a 7 km da cidade, o atendimento é muito bom e as opções de comida são ótimas. 

Na hora de pagar no cartão de crédito, o garçom tem que subir no muro, nas mesas e até em cima de uma árvore para conseguir o sinal para efetivar o pagamento, sempre sob a supervisão da Ade.

 

A noite saímos passear na cidade e eu fiquei um tempo conversando com um escultor que reclamava da falta de consideração para com os artistas da região. Disse que os comerciantes compram as peças e vendem nas lojas pelo triplo do preço. Disse a ele que isto acontece no Brasil todo. Os artistas sobrevivem com a menor parte dos valores, com preços ditados pelos atravessadores. Por outro lado, sem os atravessadores, suas obras não circulam.  Ele já tentou não vender para os oportunistas, mas dai lhe faltou dinheiro. 

 

 

De loja em loja fomos conhecendo os produtos e artesanatos da bela Bonito. 

Pela curiosidade, paramos para jantar em um local rústico, onde serviam rodízio de mandioca. Entramos e nos serviram alguns bolinhos, coxinhas, fritas, escondidinho e inhoque. Com um refrigerante e um suco, a conta fechou em 76 reais. Aquela que foi sem dúvida o mais caro pagamento por meia dúzia de salgadinhos e pequenas porções de comidas ruins. Na saída a Ade reclamou que se sentiu enganada pela propaganda do rodízio e pela qualidade da comida. Cuidado, quando estiverem em Bonito, não acreditem no rodízio de mandioca. 

Saímos do rodízio e fomos tomar um belo chopp em um restaurante frequentados por rockeiros, onde estavam concentrados grande parte dos motociclistas que participavam do encontro de Hayabusas em Bonito.

 

Depois passeamos a pé por entre as dezenas de motos de todos os cantos do Brasil e seus intrépidos motociclistas, que vez ou outra, faziam gracinhas com suas potente e maravilhosas motocicletas de 1.300 cilindradas.
 


Hora da partida do último hotel que ficamos hospedados. Agora mais duas paradas em casa de parentes e depois de volta ao lar-doce-lar, já pensando na saudade que vamos sentir desta maravilhosa aventura pelas belezas nacionais.









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