Carro pela Europa 71 – MILÃO – ITÁLIA

71 – MILÃO – ITÁLIA


 

 

Dia ensolarado, estradas boas e belas músicas tocavam no rádio. Não queríamos que chegasse nunca no destino.

Mas chegamos. Nosso apartamento para os próximos dias em Milão é muito bonito e bem decorado.

 

 

Fomos a um mercado que fica ao lado, compramos algumas guloseimas, tomamos um whisky, na verdade só eu tomei, e dormimos despreocupados e encantados com a viagem de hoje, que foi muito bela de Verona até Milão.

 

 

Saímos rumo ao centro de Milão, utilizando um metrô antigo, sujo e barulhento. Descemos na estação Duomo e ficamos de frente com uma das catedrais góticas mais bela do mundo.

 

 

Sua construção durou mais de 400 anos, toda com mármore branco-rosa, retirado de Candoglia e transportado por barcos até o local, onde existia um pequeno rio. A Catedral é proprietária da marmorearia que ainda fornece pedras para sua constante restauração.

A fachada externa, com 8200 blocos de mármore, foi feita às pressas, digo em 8 anos, por que Napoleão queria ser coroado como rei da Itália, nesta Catedral.

 

 

 

Somente na decoração externa foram instaladas 2300 estátuas, fixadas sobre colunas e nas paredes.

 

 

 

 

 

A mais amada é a La Madonnina, estátua dourada de Nossa Senhora que vigia a cidade dos milaneses.

 


Houve muita discussão na época da instalação da estátua no ponto mais alto da Catedral. Ela parece pequena, mas tem 4 metros de altura, em metal e pesa 900 quilos. Alguns temiam que ela poderia ruir as estruturas e outros alegavam que poderia atrair raios. Mesmo assim, Madonnina foi instalada em 1774 e tornou um símbolo da cidade, sem atrair nenhuma catástrofe até hoje.

A estátua está a 104 metros de altura e, depois de instalada, foi criada uma lei municipal que proíbe construções mais alta que ela, nas proximidades da Catedral.

 

Ao adentrarmos a Catedral, algo interessante, ou diferente, ou melhor ainda nada a ver. O exército faz revistas nas pessoas que entram.

 

 

Por dentro, apesar das destruições da guerra,  a Catedral conserva vitrais que contam fatos vividos por santos e profetas, sarcófagos de famílias nobres e dezenas de estátuas. 

 

 

 

 

Uma das estátuas chama a atenção. É a de São Bartolomeu dissecado, que segura a própria pele como um manto.

 

 

Por dentro algumas alas da Catedral estão em recuperação e já devolvem um bom tanto da beleza que ficou opaca pela poluição dos tempos.

 


Dentro da Catedral tem uma arte exposta com o mármore “Paradosso” de Tony Cragg. Não entendi bem como uma escultura moderna, com mais de 3 toneladas, foi parar dentro de uma instituição histórica. O autor da obra a descreveu como a La Madoninna, expondo energia e dinamismo na imagem, por isso o clero o convidou para expor sua obra.

 

 

Subimos no teto de onde se tem uma ampla visão da cidade, alcançando até as montanhas geladas.  

 

 

 


Caminhamos por escadas e pelo telhado, passando bem perto das esculturas, tudo feito ou recoberto em mármore.

 

 

 

 

 

 

O telhado da Catedral, ficou imortalizado como cenário no inesquecível filme “Rocco e seus irmãos”, de 1960, de onde a atriz tenta se jogar do telhado, impedida por Alain Delon, astro principal do filme. 

Hoje foi cenário para “Rocco e sua amada”. O filme não existe, a atriz é linda, o Rocco falta muito para Alan Delon, mas já temos o amor se imortalizando.

 

 

Passamos pelo Palácio Reale, onde uma fila enorme aguardava para ver uma exposição temporária de Vincent van Gogh, já vimos duas ou três vezes suas belas obras e não entramos. 

Este Palácio foi destruído pela guerra e nunca mais recuperou seu esplendor.   Nele morou Maria Teresa da Áustria, uma mulher que comandou tudo numa vasta região da Europa e depois morou Napoleão Bonaparte e depois o Imperador Ferdinando I.

 

Saímos procurando a Capela de San Satiro, erguida entre edifícios, difícil de encontrar, mas perguntando várias vezes, descobrimos.

 

 

A pequena igreja tem uma bela atração que é o seu altar. Como ela foi construída em local com pouco espaço e ficou pequena, um artista pintou uma das parede que, quem fica de frente ao altar, tem se a impressão de que a igreja é muito maior. Foi muito inteligente sua criação, provocando uma ilusão de ótica nos fiéis, fazendo de conta que a igreja é muito maior do que realmente é.

 

 

 

Andamos vagarosamente pelas vias centrais, apreciando belas construções, lojas, restaurantes e artistas de rua.

 

 

 

 

 


Paramos na Pinacoteca Di Brera, que guarda uma fantástica coleção de estátuas e pinturas de vários séculos e vários artistas.

 

 


Chegamos no Castelo Sforzesco, construído entre 1277 e 1447, como parte da muralha que cercava a cidade. Nele viveram muitos reis e nobres, com muitas histórias de mortes e traições. Hoje o Castelo abriga museus e algumas salas da administração pública.

 

 

 

 

 

 

Passamos por dentro do Castelo e atravessamos um enorme parque para chegar  até um majestoso Arco da Vitória, do outro lado do parque. O Arco foi erguido a mando de Napoleão mas foi interrompido quando da derrota de Waterloo. Depois foi concluído pelo imperador Ferdinando I da Áustria e ganhou novo nome, Arco da Paz.

 

 

 

 

 

 

Pelo parque, com tempo nublado, pouca gente passeando e, com as folhas de outono caindo, formam um belo espetáculo.

 

 

Apesar da beleza, encontramos vários desocupados pelos cantos, não deu uma boa impressão, não ficamos a vontade e procuramos sair logo daquele local.

 

 

Voltamos pelas vias centrais, a todo momento sendo interpelado por um  africano querendo, ou melhor, insistindo, quase que obrigando a gente comprar livros africanos. São chatos, chegam tão próximo da gente que as vezes é preciso empurrá-los. 

Caminhando, continuamos apreciando a cidade.

 

 

 

Entramos em várias lojas na capital europeia da moda, olhando roupas bem baratas em lojas de departamento, feiras de rua e roupas muito caras nas lojas de marca mundial.

 

 

Na Galeria Vitorio Emanuelle é onde estão as lojas com as principais grifes. Dizem que é caro só pra olhar, mas nós entramos, olhamos e não pagamos nada.

 

 

 

 

Atravessamos a galeria e saímos em frente ao Teatro Scala, que estava fechado e não foi possível visitar por dentro, que dizem ser muito belo.

 

 

Em frente ao teatro, visitamos a galeria de artes, no Palazzo Marino, com um exposição temporária de algumas obras de Raffaello, com destaque para a pequena tela La Madonna Esterházy, obra prima do pintor. 


As fotos eram proibidas, mas a atração principal da exposição foi a obra que esta no retrato que tirei do panfleto sobre a exposição. A pequena e famosa tela, mede apenas 28,5 x 21,5 cm.


Andamos mais um pouco pelas ruas movimentadas do centro histórico, pegamos novamente o metrô antigo, sujo, barulhento e agora também com cheiro ruim. Voltamos para casa reclamando do frio que doía na carne e das atrações pouco encantadoras que vimos até agora, bem dita numa frase da Ade: “até agora Milão só está valendo quinhentão”. 

 

 

Dia seguinte acordamos tarde, tomamos o café no último horário e decidimos não mais ir de metrô. Fui pegar a carrinha no estacionamento descoberto e ela estava coberta de gelo, engasgou nas duas primeiras tentativas mas pegou.

Saímos a passear novamente em Milão, tentando nos encantar com a cidade, passando pelos bairros, depois fomos procurar uma loja tradicional com artigos para cozinha. 
 
Após o almoço, decidimos tentar a sorte para conhecer a principal relíquia guardada pela cidade, que fica na Igreja Santa Maria dele Grazie. 
 

 

 
Os ingressos para o local são vendidos pela internet e tem hora marcada para visita. Na pura sorte, conseguimos os dois últimos ingressos do dia para conhecer a parede pintada por Leonardo da Vince, com sua imortal obra “A Santa Ceia”, ou “A Última Ceia”, copiada, retratada, adaptada, imitada, esculpida por artistas renomados e amadores, em todo mundo. 

 

 

Para entrar, grupos fechados passam por três portas e uma só abre quando a outra fecha, câmeras e vigilantes estão por todos os lados.

A obra imortalizada está pintada na parede, onde era o antigo refeitório do Convento de Santa Maria dele Grazie, com detalhes que encanta e impressionam milhares de pessoas que passam pela sala todos os anos.

A obra encanta de perto e de longe. O movimento dos personagens e a perpectiva usada por Leonardo nos dá a impressão que o salão continua até as janelas ao fundo que mostra o horizonte.

 

 

Do outro lado da parede do antigo refeitório, outra bela pintura feita por Giovanni Donato, que retrata a crucificação de Jesus. Nada contra a bela obra de Donato, mas Da Vince ofusca com sua capacidade estonteante, com suas técnicas perfeitas de como conceber uma obra. 

Dizem que ir a Milão e não ver a Última Ceia é como ir a Roma e não ver o Papa. Nós vimos os dois e ficaremos eternamente agradecidos pelas facilidades com que tudo tem acontecido em nossa viagem.

Dia seguinte, com um belo sol mas ainda muito frio, arrumamos as malas e partimos de “quinhentão”, digo, Milão, rumo a Monza, cidade vizinha, para conhecermos outra terra da velocidade na Itália.

 

 

 

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