Carro pela Europa 93 – NOSSA MORADA EM LISBOA – PARTE III

93 – NOSSA MORADA EM LISBOA – PARTE III


 

Nossa morada em Lisboa – parte II, contamos um pouco do que vivenciamos num raio de 10 quilômetros da capital portuguesa, com uma bela diversidade de festas, fatos histórico, artes e belezas naturais.

Foram muitas pequenas viagens para conhecer parte das atrações da região, trafegando por excelentes estradas pedagiadas e, pelas também ótimas estradas não pedagiadas, que passa por dentro de pequenas comunidades.


 


Onde havia uma festa, lá estávamos nós, aproveitando ao máximo a manifestação cultural.

 

FESTA DA SARDINHA


Fomos até Alverca do Ribatejo, participar da tradicional Festa da Sardinha. A sardinha, o pão e o vinho são distribuído gratuitamente pela prefeitura e cada um se serve à vontade e cuida do seu assado. Ade e Isa emprestaram um prato já pronto para pousar para a foto.



Depois de cuidar da até que asse, sentam na calçada, encostam nos carros ou nos seus banquinhos, para saborear a sardinha com pão e vinho.

Alem da churrasqueira coletiva, tem também barraquinhas com comidas típicas e atrações com grupos folclóricos.


 

FESTA DE SANTO ANTÔNIO


Mais uma festa tradicional portuguesa, acontece em Arruda dos Vinhos, uma pequena vila ao norte de Lisboa, em comemoração ao Dia de Santo Antônio.


Os habitantes vem para as ruas, mostrando a tradição dos trajes, dos costumes, da música, da dança, do artesanato e da culinária.

 

 

 

 


A animação estava em todos os cantos com várias bandas e músicos a embalar a alegria. 


Uma das bandas usava instrumentos caseiros, tal qual há muitos séculos passados.


 


Uma senhora distribuía laranjas em pedaços, outra oferecia feijão tremoços, outra servia limonada, outra de avental gritava atraindo interessados em lavar suas roupas. Depois ela demonstrava como a roupa era lavada no chafariz da fonte de água.


 

 


Um espanhol viajante vende suas ervas e raízes milagrosas em pequenos potes.  com poções mágicas capaz de curar quase tudo. 

Conta a lenda que a Raiz do Traidor, também conhecida como a Raiz do Diabo, que foi proibida durante a inquisição por que usar qualquer líquido da cor do sangue, era considerado bruxaria. Disse ele que pesquisou muito e começou a refazer e vender a poderosa raiz.

 

 


Outro personagem da festa, vestido de abajur, oferecia previsões para o futuro na máquina do tempo. A pessoa entra numa cabine de madeira, ele faz barulhos imitando trovão, joga água imitando a chuva e fala muito alto. Quando a pessoa é libertada da máquina do tempo, pega o recado da felicidade e tem que ler em voz alta, para que todos ouçam.


 

CAÇADA AO JAVALI

 

Fui acompanhar Victor e Fernando, nossos amigos em Lisboa, em uma caçada aos porcos javali. Saímos seis horas da manhã e percorrermos 220 quilômetros até a fazenda onde acontecia uma Montaria.
 
Pelo caminho, passamos por milhares de hectares plantados com as árvores da cortiça e das azeitonas. 

Houve um tempo, que o País passava por sérias dificuldades e foi decretado pelo governo a retirada das oliveiras, para plantar trigo, milho e batata para o sustento do povo. Dizem que a tática deu certo e o país saiu da crise naquela época. Agora, com um mercado ágil na distribuição dos alimentos no mundo todo, os agricultores da região apostam novamente no fabrico de azeites de primeira qualidade.

 

 

Chegamos na fazenda, com toda a infraestrutura para receber os caçadores. Ainda no pátio, gansos reconhecidos por serem bravos, aceitavam carinhos de alguns, como se fossem velhos conhecidos.


Uma enorme mesa, com um farto café da manhã, recheada com produtos regionais, estava a espera dos caçadores.

 

 

Na mesa tinha muito pão, vários tipos de queijos, salames, omeletes, café, leite e vinho. Verdade, tomam vinho no café da manhã. 

 

A legislação portuguesa para caças tem regras rígidas e devem ser seguidas sob pena de prisão, multas e perda da credencial de caçador. 

Alem das caças solitárias, onde fazendas autorizadas oferecem espaços para a caça, associações de caçadores organizam eventos em três modalidades: montaria, espera e perseguição.  

A modalidade hoje é a montaria. Após o café, aconteceu o pagamento das inscrições e o sorteio das posições. Cada um recebe um número, um mapa com sua posição e as regras de segurança a serem seguidas.

 

 

Uma matilha com 220 cães varrem o terreno espantando os porcos rumo aos caçadores, numa sinfonia de latidos e tilintar dos sinos presos no pescoço de cada cão. 

 

 
 
Silêncio e olhar atento dos caçadores. Foram três horas de montaria, quase 60 tiros e apenas 6 porcos abatidos. O dia foi ruim, decepção dos caçadores, a maioria sequer deu um tiro, os porcos pouco se mostraram nas miras.

Confesso que eu estava mesmo era torcendo para o porco não aparecer na nossa mira. A morte do animal não me é muito agradável.  Eu não dei tiro mas fiz pose e me diverti com a vigia. Enquanto durou a espera, Victor me ensinou alguns segredos da caça.


 

 


Os cães e seus adestradores fazem a parte mais perigosa. Se machucam na mata e ainda correm o risco de serem atingidos por uma bala perdida. 

 

De volta para a sede da fazenda, um almoço, com mais vinho para saborear o Rancho, comida típica dos caçadores, com pudim e arroz doce na sobremesa.

 

 

Saímos da fazenda e fomos conhecer outra modalidade de caça, a espera, onde o caçador fica posicionado em um palanque esperando os javalis, que se aproximam atraídos por comedouros com milho. A paciência, atenção e o silêncio, são regras fundamentais para uma boa caçada em espera.

 

Todo caçador que abater um javali com um dente maior que 15 centímetros, tem o direito a um troféu.

Existem muitas opções de caça, o ano inteiro. Javalis, servos, patos, coelhos e perdizes, são criados para alimentar os anseios dos caçadores. O Victor caça toda semana, abate muitos animais e, na volta para casa, o serviço e limpeza fica por conta do Senhor Neves, funcionário do Victor há décadas.


Um outro dia, Ade fez uma rabada e convidamos Isa e Victor para comer em casa. Eles adoraram e o Victor teve uma idéia. Pediu para Ade fazer uma rabada para seu grupo de caçadores.

Foram 12 rabos preparados por Ade e Isa, em duas panelas grandes para 14 pessoas. Como sempre, ficou muito bem temperado, com vinho, cenouras, ervilhas e polenta. A refeição foi servida no almoço em uma das fazendas que eles utilizam para a caça.


 


Todos comeram, muito vinho e muita conversas. Houve até discursos de agradecimentos e elogios. Após os três discursos, todos aplaudiram a deliciosa refeição preparada sob o comando da chefe Ade.


Depois o Senhor Ferros pegou sua sanfona e tocou várias músicas portuguesas, que pareciam sempre a mesma melodia.


Ao findar da tarde, em plena terça-feira, ganhamos um tempo à beira do lago e poses para fotos em meio às tulipas e flores do campo. 

 

 


Eu, Ade e Isa voltamos para casa, enquanto Victor e seus amigos caçadores ficaram de tocaia nos palanques à espera dos javalis. Apesar do convite, eu não quis presenciar nova matança.

 

 

 

BACALHÕA
 
Fomos conhecer a região de Azeitão, formada por várias vilas onde acontecem a produção de vinhos, queijos e doces da melhor qualidade. 

Paramos na Pastelaria do Cego, que existe desde 1902. Contou nos o Senhor José Pinto, proprietário atual, que no passado um senhor cego fazia doces junto com sua esposa e ficou famoso pela qualidade, que até hoje está mantida.


 

No Azeitão, fica a Bacalhôa, uma vinícola que é também uma galeria de arte, digna de todos os elogios, mantida por um milionário de bom gosto, Sr. José Manoel Rodrigues Berardo, conhecido como José Berardo, um colecionador de arte compulsivo, carregado de intuição e qualidade no mundo dos negócios e das artes. 

 

A visita começa pelos jardins muito bem cuidados, com dezenas de estatuas de artistas renomados e árvores de Oliveiras, algumas com data de trezentos anos a.C., que ainda produzem. As árvores foram retiradas de outros locais para ornamentar os jardins da vinícola.

 

 

 

 

 

Passamos por uma bela coleção da arte africana e pela maior coleção de azulejos portugueses, guardados numa enorme adega, junto com vinhos em barris de carvalho, com temperatura e luminosidade controladas.

Os barris de carvalho francês ou russos, ficam armazenados por anos, aguçando a qualidade da bebida dos deuses.


 

 

 

Em outra sala, uma lindíssima coleção de móveis e objetos de decoração, com obras de artistas de toda a Europa, muitos são raros objetos.
 
Também tem a coleção de louças e de vitrais, todos de alto valor artístico e encantadores.

 

 

 

 

Ao final da visita, um funcionário explicou cada qualidade de vinho, compramos algumas garrafas e saímos agradecidos ao Sr. José Berardo.

 

 

 

 

BUDDHA ÉDEN

 

Pegamos a estrada novamente e viajamos por uma hora até a região Demarcada de Óbidos, onde chegarmos na Quinta dos Loridos, também mantida pelo Sr. José Berardo, onde outra maravilha mistura vinhos de ótima qualidade com outra exuberante exposição de obras de artes. 

O local é um museu a céu aberto para crítico nenhum no mundo poupar elogios.


 


No Buddha Éden, alem da bela arquitetura oriental e reprodução de grandes obras, o local preserva as características de uma vincula tradicional portuguesa.


 

 

 


No local, ainda estão plantadas uvas de qualidade e um mural pintado com azulejos que contam a história do vinho.


A homenagem é para a cultura oriental e foi construído após a destruição das estátuas gigantes de Barmyan, em 2001, pelos fanáticos talibã. Berardo se encarregou de construir outro templo, mantendo a originalidade das obras milenares.


 

 


O principal homenageado, Buda, é um nome dado ao ser iluminado, que:

– desperta plenamente para a verdadeira natureza dos fenômenos
– consciente das características da realidade
– capaz de viver de maneira plena
– livre dos condicionamentos mentais que causam insatisfação, descontentamento e sofrimento.


Buda não foi apenas um mestre religioso. As escrituras reconhecem pelo menos 24 budas que viveram no passado, em épocas diferentes. Siddhartha Gautama é o mais popular de todos, fundador do budismo no século VI a.C. que, mesmo sendo venerado como um ser desperto se negava ser tratado como um deus. 



Gautama pregava que a chave para o bom viver é:

– a descoberta e a prática da pureza mental e não simplesmente implorar a uma divindade. 

Para ele:

– a felicidade está ao alcance de todos os seres humanos e depende básica e simplesmente de cada um.

 


Siddhartha era filho de um poderoso rei na Índia, que o criou para ser seu sucessor, mas ele se rebelou, fugiu do palácio e foi conhecer o sofrimento que havia nas pessoas. Procurou a verdade para desvendar o caminho que leva ao sofrimento. Se privou da luxuria, dos prazeres e se expôs ao sofrimento. 


Depois de quase perder a vida:

– descobriu que a meditação é o principal meio para atrair a felicidade e a plenitude.

 


Muitos seguidores conseguiram e ainda conseguem a plenitude, sentindo a felicidade quase todo tempo:
– enxergando a realidade como ela é, não como parece ser
– buscando sempre uma visão e uma intenção correta
– praticam uma conduta ética, falando, agindo e vivendo corretamente, de forma verdadeira e não agressiva.

 

 

 


As histórias que se misturam com as lendas, fizeram das divindades orientais verdadeiros amuletos da sorte. Fica rico quem passar a mão na barriga do Buda ou deixar uma moeda em sua estátua para atrair prosperidade. 



O jardim ocupa 35 hectares, onde coexistem árvores nobres como centenários sobreiros e milenários carvalhos e oliveiras, em meio a centenas de belas obras em terracota, mármore, granito e metal, espelhando divindades, animais e figuras de impressionismo.


 

 

 

 

 

 

 

 

 
No local, agora com a cor escolhida por Berardo, estão as réplicas dos soldados da Dinastia Qin, esculpidas no século III a.C., por centenas de trabalhadores. 
 
As imagens originais, descobertas em 1974, estavam enterradas junto com o Imperador para protege-lo após a morte.  Ainda hoje existem soldados de terracota a serem desenterrados. Estimativas indicam que no local de origem, na China, entre desenterrados e que ainda estão enterrados, existam mais de oito mil soldados em terracota, cada um com suas roupas, posições e compleições físicas exclusivas.
 

 


Outras obras estão ainda em fase de instalação e outras culturas e dezenas de artistas também estão homenageados pelo capricho do Sr. José Berardo, ao qual, a humanidade deve ficar grata por suas relíquias compartilhadas.


 

 

 

 

 

 

 

Alem das vinícolas/galerias e obras espalhadas pelo mundo todo, Berardo mantém um museu com outro grande acervo, na Praça do Império, em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, com entrada gratuita. Contam que sua coleção é a terceira da Europa.


Nossos agradecimentos ao Senhor José Berardo.


 

 
FESTIVAL DO CHOCOLATE

 

Voltamos a Óbidos participar do Festival Internacional do Chocolate 2015, com sabores engordante para ninguém reclamar.

 


A festa de Óbitos tinha barracas que vendiam chocolate em várias formas, algumas ofereciam provas outras ensinavam o manuseio artístico do chocolate.



Dentro das muralhas, placas indicavam as atrações para saborear, comprar e admirar as obras de artes, tudo feito com chocolate.


Artistas demoram meses para concluir suas obras, que ficam expostas para avaliação dos visitantes, para escolha da melhor obra de arte. Todas mereciam ganhar em primeiro lugar.


Perfeitas esculturas de pessoas importantes que fizeram parte da história de Portugal.

 

 


Os detalhes dos móveis e objetos pessoais feitos com a guloseima, realmente impressionam pelos detalhes quase perfeitos.

 

 

 

 


O Festival acontece dentro e fora das muralhas de Óbidos e conta com a presença de muitos visitantes. Óbidos também tem como tradição, servir sua famosa ginjinha em copos de chocolate.

O Festival é um museu com obras de chocolate e muitas opções de provas e compras do engordante mais famoso e desejado em todo mundo.



A zona rural de Setúbal, os lanches de Almada, as praias da Costa da Caparica, o shopping de Montijo, a riqueza de Cascais e Estoril, os palácios, mosteiros, fortes, muralhas e mansões de Ericeira, Alcobaça, Batalha, Nazaré, Évora, Mafra e Sintra, a boa comida e as bebidas do Porto, os queijos da Serra da Estrela, as pequenas vilas do norte que ainda vivem como há séculos e o maravilho Algarve, eleito pela terceira vez o melhor lugar do mundo para um aposentado viver, são algumas das muitas opção de turismo em Portugal.


Se quiser visitar apenas um país na Europa, eu indico Portugal. São muitas opções de passeios, artes e culinária numa fantástica preservação da cultura.

Portugal é o País dos desbravadores, que nós brasileiros precisamos e podemos desbravar.


 

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