Após 4 meses vivendo em nossa casa fixa, estamos novamente na estrada, numa nova aventura a bordo da nossa querida Caca. Nosso rumo é o nordeste novamente, onde já fomos em romaria por 4 vezes e esta com certeza não será a última. O nordeste é maravilhoso.
No início de nossa jornada com viagens depois do trabalho, antes de cada partida a ansiedade sempre toma conta. Com o passar do tempo, a ansiedade vai diminuindo e tudo acontece com mais confiança. O roteiro é sempre uma preocupação com muitas tentativas de encontrar novos lugares para visitar. Esta tarefa se torna cada vez mais difícil considerando as várias expedições que já realizamos e todos os lugares por onde já passamos. Com novas pesquisas, sempre descobrimos lugares novos no nosso imenso Brasil. Sempre incluímos os novos lugares ou simplesmente retornamos por onde já passamos, utilizando nosso poder de escolha, sempre dentre os melhores recantos. A viagem planejada sempre deixa um espaço para ser redesenhada durante o caminho.
Nossa primeira parada turística foi no belo Parque Estadual Estadual Guartelá, numa região com 1.200 metros de altitude, localizado na cidade de Tibagi, no Estado do Paraná, que já foi conhecida como a cidade dos diamantes.
A região tem muitas atrações de aventura e a principal delas é o Cânion Guartelá, o maior do Brasil em extensão, com 32 km, cravado no leito do Rio Iapó. Tem cachoeiras, corredeiras, paredões, cavernas e os panelões com sumodromos, verdadeiras banheiras de hidromassagem natural.
Conta a lenda que o nome do Cânion surgiu por conta de antigo morador da região, que sempre repetia uma frase quando acontecia ataques dos índios às aldeias dos agricultores. Ele dizia: “Guarda-te lá que cá bem fico”, orientando o esquema de defesa. Assim surgiu o nome que identifica o Parque, Guartela.
O Parque é administrado pelo Estado, que divide a gestão das atrações com dezenas de empreendedores particulares, que exploram as belezas da região com dezenas de pousadas, campings, restaurantes e passeios guiados.
Todo complexo turísticos está muito bem cuidado, seguro e com excelente apoio dos funcionários do Escritório de Turismo. Tem até carro de apoio para levar turistas com pouca mobilidade.
Ao lado do escritório tem um espaço exclusivo para motorhome, onde dormimos por uma noite, tranquilamente guardados pelo vigia. Tem torneira e tomadas com energia elétrica, a um custo simbólico.
Dormimos cedo e acordamos ainda mais cedo para ver o sol aparecer no horizonte, sobre as montanhas que formam o Guartelá.
“Guarda-te lá que cá bem fico”.
A agricultura e a pecuaria dominam a região de terras férteis no entorno da fenda gigante na terra. Numa das plantações, não resistimos e repetimos uma ação ilícita que o povo da região tem como tradição. Alguns dizem roubar milho, mas eu prefiro chamar de oportunidade imperdível de colher espigas do alheio. Enquanto Ade colhe, eu vigio para ver se o dono aparece. Considerando que a plantação é farta, vistosa, com espigas saborosas, na beira da estrada e não tem cerca, colhemos algumas.
Será que é roubo ou simplesmente tradição regional?
Seguimos para a cidade de Castro, que possui forte tradição dos tropeiros, dos padres jesuítas e dos imigrantes holandeses, cujos descendente ainda habitam a região.
Ao lado de Castro fica um pequeno município batizado de Castrolanda, uma mistura de Castro com Holanda. Lá fica um enorme moinho e uma arquitetura ao mais puro estilo holandês, sem contar o artesanato e a culinária típica trazida pelos imigrantes daquela região da Europa.
A próxima parada foi no Buraco do Padre, localizado dentro do Parque Nacional dos Campos Gerais, na cidade de Ponta Grossa, no estado do Paraná. O Buraco é uma furna que ocorre no cruzamento de falhas geológicas e fraturas que cortam as rochas arenosas.
O nome do local foi batizado pelos caboclos e tropeiros que por ali passavam. O buraco era onde os Jesuítas frequentavam para meditar, diante de uma imponente cachoeira com 30 metros, formada no leito do Rio Quebra Perna.
A entrada no buraco se dá através de uma trilha, muito bem conservada, de mais ou menos 1 km, a partir da portaria do parque. Pelas trilhas é possível admirar o buraco por baixo e por cima.
Na entrada do complexo tem uma placa com os valores de entrada, 120 Reais a inteira, 60 reais a meia e uma promoção permanente para quem não é da terceira idade e nem estudante por 68 Reais. Legalmente eles cobram mais dos maiores de 60 anos e dos estudantes. O valor da inteira nunca é cobrado. É somente para que paga meia ter que pagar quase uma inteira.
Vale o quanto custa o passeio. Além do buraco, o complexo tem vários lugares para descanso, trilhas pela mata, guias nos pontos principais e um meliponário com várias especies de abelhas produzindo mel em suas colmeias estilizadas.
Deixamos o Buraco do Padre, passamos na Colonia Witmarsum, onde vivem descendentes de russos, alemães e poloneses, que aprenderam com os franceses a fabricar deliciosos queijos, especialmente o queijo Brie. É a mundialização emula única colônia.
Aportamos em Curitiba, onde ficamos alguns dias num agradável convívio com nossos filhos, netos e amigos.