Nossa vida de nômades a bordo de uma casa sobre rodas nos trazem muitos momentos de felicidade quando estarmos presentes onde as coisas bonitas acontecem, mas nem tudo é perfeito.
Recentemente mandei instalar uma melhoria no sistema elétrico da casa no motorhome, passando das baterias de chumbo para as baterias de litium. Depois de instalado o novo sistema com as novas baterias, novas placas solares, um novo controlador de carga e um carregador de baterias através do alternador do veículo, começamos a ter problemas que antes a gente não tinha. O sistema foi instalado numa montadora na cidade de Barra Velha, em Santa Catarina. Não ficou perfeito. Depois de muitas tentativas de resolver à distancia, decidimos fazer uma nova Expedição, passando por Santa Catarina para corrigir o problema, depois seguir pelo Leste até o Rio Grande do Sul e retornando pelo Oeste, numa volta aproximada de 4.500 quilômetros.
Na montadora que instalou o sistema foi feita a revisão e parecia resolvido. Seguimos viagem e quando já estávamos em Baneário Camboriú o problema voltou e tivemos que retornar a Barra Velha, 120 km ida e volta. Fizeram novos ajustes e novamente parecia tudo resolvido. Seguimos viagem e dias depois, quando estávamos em Gramado, o problema voltou. A montadora de Barra Velha orientou para procurar ajuda com outra montadora, parceira deles, em Novo Hamburgo, 180 km ida e volta, saindo de Gramado. Novos testes e nada de encontrar o problema.
O roteiro planejado era voltar de Gramado pelo Oeste, passando pela Rota do Vinho, pelo Salto Ycomã, pela Argentina, por Foz do Iguaçu e finalmente voltar para nossa casa fixa, precisou ser replanejado. Voltamos pelo mesmo caminho de ida, para passar novamente na montadora em Barra Velha. Este é um grande privilegio dos nômades, donos do próprio tempo e gestores dos planos pessoais. Podemos mudar o plano de viagem conforme a nossa conveniência. Mudamos a rota, mas não deixamos de passear durante a viagem.
Voltamos pela Rota do Sol, saindo de Gramado. Nossa primeira parada foi num armazém fundado em 1.950, para comprar queijos de qualidade e preços módicos, produzidos nas colônias da região e importados do Uruguai e da Argentina.
Quando chegamos o armazém estava fechado para o almoço e ali, na beira da estrada, às margens de um belo Rio e ao lado de um cemitério particular, também fizemos a nossa refeição, como sempre, preparado com agilidade, qualidade e sabores incomparáveis da Ade.
Enquanto Ade preparava o almoço, continuei com minhas pesquisas tentado solucionar o problema que antes a gente não tinha e descobri uma nova alternativa, que poderia estar causando o defeito. Poderia ser no aparelho 3×1 (inversor/carregador e transformador), que já fazia parte do sistema e precisava ser atualizado para as novas baterias de litiun. Liguei para o fabricante e lá fomos nós para a cidade de Antonio Carlos no interior de Santa Catarina para fazer a atualização. A atualização era necessária e foi feita mas não tinha nada a ver com o problema anterior.
Falei novamente com a montadora em Barra Velha e, como não senti esperança na solução decidi abandonar aquele montador, mesmo correndo o risco de perder a garantia.
Como sempre, procuramos rotas alternativas e turísticas para fazer o retorno até Curitiba, passando pelo litoral do Paraná. Pela estrada afora com chuva, revimos Guaratuba em pleno desenvolvimento e passamos pela balsa, com a grata surpresa de ver a ponte que liga Guaratuba a Caiobá, já com 36% da obra concluída. Passeamos pelas praias e balneários até chegarmos em Pontal do Paraná, onde acampamos num belo camping, pé na areia e bem estruturado.
Já instalados no camping, decidi mandar por prescrito a minha insatisfação, indignação e revolta, aventando a a hipótese de procurar meus direitos via jurídica e a possibilidade de ele me devolver o dinheiro, já que não sabia como resolver o problema. Confesso que foi uma escrita severa nas palavras. Por sorte a internet não estava boa e a mensagem demorou para carregar, dando tempo de eu repensar e decidir como sempre gostei de agir: “Quando alguém te desejar, fazer ou tratar mal, não revide, foque pelo lado da amizade com sentimentos positivos e de apoio, mesmo que o outro esteja errado”. Repensando assim, apaguei as mensagens sem educação que eu havia feito e escrevi palavras positivas, falando que iria procurar ajuda com outro técnico que encontrei em Curitiba, sem deixar claro a responsabilidade dele, cobrando pela moral e não pela qualidade do serviço que ele tentou prestar.
A resposta dele veio em seguida, se desculpando e me indicando um novo técnico da confiança dele, agora em Itajaí, a 280 km de distancia. Liguei para o novo indicado senti confiança na conversa dele e decidimos fazer mais uma tentativa.
Seguimos para a montadora em Itajaí e fomos bem recebidos, numa oficina organizada com três funcionários simpáticos e disposto a resolver o problema. Mostrando conhecimento das instalações, o Alexandre foi logo fazendo uma análise detalhada e chegou direto no ponto onde havia o defeito. Um fio de energia danificado na primeira instalação, causava todo atrapalho.
Deu certo! Finalmente agora estamos com um sistema elétrico para abastecer nossa casa rodante, com autonomia de até três dias sem precisar se preocupar com energia elétrica. Agora sim, Caso a Caca esteja sob o sol ou com o motor ligado pelo menos 4 horas todos os dias, a autonomia será infinita.
Felizes por ter resolvido o problema que nos assolou grande parte da viagem e, mesmo tendo mudado nossa rota inicial e sacrificado mais de 600 kms de estradas com idas e vindas, seguimos felizes para Curitiba para ver novamente nossos filhos, netos e passear mais um pouco pela cidade enfeitada para o Natal.
Para dormir, desta vez, fomos até o Restaurante Madalosso, no Bairro de Santa Falicidade em Curitiba, onde construíram uma praça enfeitada com barris de vinhos, bancos e uma fogueira com lenha disponível, além de água, tomadas de energia e rede de esgoto, tudo de graça.
A noite passeamos pelo Bairro todo enfeitado para o Natal, comemos a comida tradicional regada a um bom vinho regional e dormimos uma noite tranquila no estacionamento do Madalosso, maior restaurante do mundo que chega a servir até 3 mil refeição ao mesmo tempo.
Apesar dos perrengues técnicos, no balanço da viagem, restaram mais alegrias do que tristezas. Foram 59 dias, onde rodamos 4.200 quilômetros pelas estradas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Quando voltamos para nossa casa fixa, deu tempo ainda te apreciar um mamão que até parece uma mão estendida num clássico gesto de acolhimento para nos receber com a alegria que um Lar Doce Lar proporciona.
Agora é so aguardar 2026 para colocarmos em pratica os novos planos, já iniciados nas nossas costumeiras planilhas. Até lá.
2024 ⇒ FELIZ ANO NOVO ⇒ 2025