Carro pela Europa 55 – CATÃNIA – ITÁLIA

55 – CATÃNIA – ITÁLIA



Saímos para conhecer a Sicília, nas regiões de Messina e Catânia, passando por pequenas cidades com ruas estreitas e depois por ótimas estradas sem pedágio, ainda na Calábria.

 

 

Acho que estamos entendendo por que os italianos chamam os brasileiros de brasilianos, somos muito parecidos, não só na alegria, mas também no trânsito e principalmente nas sacanagens e exploração do povo.

Para atravessar o mar da Calábria até a Sicília, os mais abastados passam de Iates e os demais, atravessam com a balsa.

 

 

Apesar da distância ser pequena ainda não fizeram uma ponte. Alguns alegam que tem muitos terremotos na região e o povo tem medo de ponte, mas muitos reivindicam a ponte para ter uma travessia mais barata.

É um negócio milionário que certamente uma ponte acabaria com a mamata. Mamata não, roubo. Para uma travessia de 30 minutos um veículo pequeno paga 80 Euros para ir e voltar da terra dos mafiosos. 


Tal qual no Brasil. A história se repete em Guaratuba, no Paraná. Por lá só não chamamos de mafiosos os irresponsáveis que não constroem uma ponte.

Eles ainda tem a cara de pau de ilustrar um cartaz, mostrando que a barca é como se fosse uma estrada.

 

Trafegando pela Sicília, estradas ruins e com pedágios caros. Chegamos em Catânia, rodamos um pouco com a carrinha, até que paramos no centro histórico da cidade, onde acontecia uma feira de quase tudo.

 

 

 

Circulamos pelas barraquinhas depois fomos até a “Piazza Duomo”, rodeada de belos edifícios.

Na praça está a Catedral de Santa Ágata, dedicada à padroeira da cidade, com mais de 900 anos de existência  A Catedral já foi destruída por incêndios, por terremotos, pela guerra e sempre reerguida com a genialidade de grandes arquitetos.

 

Uma fonte de 1737 também enfeita a praça e encanta o olhar de quem passa.

 

A estátua do elefante esculpido em pedra vulcânica é um dos símbolos da cidade, desde 1239.

O pequeno elefante negro, carrega um obelisco que foi trazido do Egito. A lenda diz que o pequeno elefante é para proteger a cidade das erupções do Vulcão Etna, que fica próximo da cidade.

 

A Via Etna é a principal rua do centro da cidade, fechada para o trânsito de veículos. A rua tem este nome por que prossegue no sentido do famoso Etna. Na rua tem muitos bares, restaurantes e lojas especializadas em doces que encantam para olhar e para saborear.

 

 

Voltamos na feira, compramos alguns produtos típicos e voltamos para a carrinha e conhecer o mar de Catânia. 

A parte que fomos não tem praia e as águas verdes do mar arrebentam nas pedras negras esculpidas pelo Etna em tempos passados.

 

 

Rumo ao Parque Nacional do Etna a chuva começou e a montanha sumiu. As placas de indicação não indicavam, passamos por várias estradas e nada de ver o famoso, que me lembro dele ainda do tempo da escola.

Interessante, por que será que os alunos de pequenas escolas no interior do Brasil, na década de 60, 70, tinham que aprender sobre o Etna? Não sei mas deu vontade de conhecer o famoso de perto.

 

Rodamos muito, perguntamos várias vezes até que decidimos seguir o instinto. A chuva parou mas continuava nublado e ainda não dava para ver a montanha. Escolhemos uma rua estreita qualquer, rumo ao gigante escondido, e começamos a subir, mesmo com nossa portuguesa GPS mandando voltar.

 

Lá em cima parte do gigante apareceu. O Etna é o vulcão mais famoso e mais temido do planeta, três vezes maior que o Vesúvio, também na Itália. É um dos mais altos, com 3343 metros de altitude. É um dos vulcões mais ativos do planeta e está em constante erupção, assustando frequentemente os moradores, no raio de até 400 quilômetros. 

Apesar de guardar fogo em sua garganta, a montanha do Etna e recoberta com gelo.

 

 

 

Do alto da montanha, a imagem das cidades que vivem acordadas a espera dos primeiros estrondos, forma uma linda imagem. Tomara que durem para sempre, mas o mais prudente seria saírem daquele lugar.

Mesmo sabendo que podem ser queimados pelo gigante, não arredam os pés, preferem continuar com seus lucros nos bons campos para agricultura, no solo vulcânico. 

Ficamos encantados com a beleza do lugar que descobrimos ao acaso, subindo a montanha do poderoso, não só pelo pedaço do vulcão recoberto com gelo, como também de uma das comunidades que ficam aos seus pés, acredito que temendo a cada dia que a fumaça aumenta um pouco mais.

 

 

Etna é derivado do grego antigo “aitho”, que significa “queimar violentamente”. Muitas lendas mitológicas falam sobre o vulcão, contando que deuses moravam na cratera, que foram enterrados naquele solo, que prenderam os ventos dentro dele e até uma que diz que o lugar era usado por Hefesto, o deus do fogo, como uma fundição para fabricar os raios que o deus Zeus usava como armas.

A geologia confirma sua história de até 300 mil anos passados. Vestígios de suas cinzas já foram identificados em Roma, 800 km ao norte do gigante.

Copiei algumas fotos da internet, só para ter uma idéia do poder do Vulcão Etna, que além de sua cratera principal, tem mais 700 outros buracos que também cospem fogo.

 

Voltamos já era noite, erramos uma saída da rodovia e rodamos por mais 40 minutos e pagamos dois pedágios. Agora sim eles ganharam do Brasil na exploração do usuário. No Brasil sempre tem um retorno antes do pedágio e nos outros países da Europa também, aqui não. O retorno é fechado e você tem que pagar para ir até o outro lado fazer o retorno e depois pagar para voltar.

Passamos novamente pelo rentável negócio da embarcação, lotada como sempre, e voltamos para a Calábria.

 

Passamos pela cidade de Reggio de Calábria, mas estava quase tudo já fechado.  Reggio de Calábria é uma cidade que também guarda muitas histórias de catástrofes e relíquias.  A cidade foi destruída várias vezes por terremotos, maremotos e pela guerra.

Aqui é assim mesmo, tem terremoto, maremoto, fortes vendavais, nevascas e ainda tem de reserva, vários vulcões a espera para novamente mostrar seu terror, derretendo e depois petrificando tudo deixando a paisagem preta. Apesar da beleza natural, eis um lugar que ninguém deveria habitar.

 

 

O sul da Itália não é somente a terra da boa linguiça e da máfia. É também a terra da magia, dos feitiços, dos heróis e dos monstros. 

Contam por aqui que a fada Morgana, irmã do Rei Artur, conseguia mudar a aparência das coisas. Morgana surgia numa carruagem puxada por sete cavalos e jogava pedras no mar, fazendo o cristalizar, refletindo a imagem da cidade na água, onde os inimigos do rei se confundiam com a miragem da cidade irreal e morriam afogados, pensando estar chegando na cidade onde hoje está Reggio di Calábria.

A lenda tem como base uma ilusão de ótica da cidade de Reggio di Calábria, quando vista da Sicília que, devido a condições climáticas especiais, que reflete sua paisagem no mar, parecendo flutuar.

 

 

Lendas à parte, voltamos à realidade. Hoje nosso passeio foi longo e voltamos chateados, enganados, roubados, ludibriados e indefesos. Na balsa, na feira que era visível a cobrança a maior e no Mercado que escreve um preço na prateleira e cobra outro no caixa, além dos irresponsáveis motoristas que, certamente, nunca aprenderam sobre regras básicas do trânsito.

Dia seguinte, malas prontas, partimos para Bari, trafegando por belas estradas, a maior parte sem pedágio.

 





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