Chegamos na fronteira da Bulgária com a Romênia e cresceu a expectativa por conta daquele carimbo que o grego fez em nosso passaporte.
Paramos na barreira com cara de tranquilidade, mas tensos. Pediram nosso passaporte e documento da carrinha, levaram para dentro e longos cinco minutos se passaram até que o policial veio com um sorriso, entregou os documentos e desejou boa viagem, ufa!
Já na Romênia tivemos que pagar um pedágio único de 6 Euros, para circular pelas estradas do País.
Estradas melhores, com boa sinalização, agricultura desenvolvida, cidades mais preservadas, postos de paradas mais confiáveis, enfim, muito diferente do que a vizinha Bulgária.
Tanto na Bulgária como na Romênia nossa amiga portuguesa GPS não trabalhou. No hotel em Sòfia, colocamos a rota no telefone e no Ipad, que nos guiou tranquilamente até nosso hotel em Timisoara, na Romênia.
O hotel muito bonito, bem classificado, que conseguimos com uma oferta. Nos instalamos, fizemos um lanche e descansamos, agora um pouco mais tranquilos depois de passarmos mais uma fronteira. Depois do carimbo do grego, cada fronteira vai ser tenso, até entrarmos na zona da Comunidade Europeia de fronteiras abertas, a partir da Hungria, nosso próximo destino.
Falar que da Romênia já desperta as histórias do Príncipe Vlad Tepes II, que nasceu em 1431 e governou um território que hoje pertence à Romênia.
Vlad era muito perverso, apelidado de “o empalador” porque gostava de empalar suas vítimas em enormes estacas.
Certa vez dois camponeses esqueceram de tirar o chapéu para reverenciar sua chegada e ele mandou pregar o chapéu em suas cabeças.
Outra história conta que, quando Vlad viu um camponês com a roupa suja, ele perguntou se ele tinha esposa. O camponês disse que sim e Vlad mandou cortar as mãos dela para que servisse de exemplo, que uma mulher tem que ser zelosa com seu marido.
Sua história com vários fatos de terror, inspirou o escritor Bram Stoker a criar o personagem que ficou conhecido e temido em todo mundo. Conde Drácula, natural da imaginação do escritor, que a Romênia tenta explorar como fonte turística e de artes. Vários filmes sobre Drácula já foram feitos, todos com sucesso de público. O mundo todo reverencia o conde maldoso.
Não fomos conhecer a região onde inspirou a lenda do Conde Drácula, o vampiro mais famoso de todos os tempos, por que pelas pesquisas que fizemos, a Romênia ainda não conseguiu destaque com a vida do personagem, que viveu na bela região da Transilvânia.
O castelo que dizem que era do Drácula, não era. Na casa onde o escritor morava, funciona um simples restaurante. A Romênia ainda não conseguiu atrair muitos turistas com a lenda do Conde mais famoso do cinema.
Na Romênia, ficamos somente em Timisoara e atravessamos o País pelo oeste, da Bulgária até a Hungria. Também desistimos de conhecer sua capital Bucareste, pelas poucas atrações e pela recente decepção com a Bulgária.
O idioma deles é derivado do Latim e muitas palavras são iguais as nossas e até da para arriscar uma conversa. Eles nos entendem um pouco e um pouco entendemos eles. Muitos dos jovens já falam o inglês.
Dia seguinte saímos conhecer as poucas atrações de Timisoara, uma cidade que criada pelo Império Romano, que já foi invadida e pertenceu ao húngaros, alemães, austríacos, sérvios, búlgaros e aos tchecos.
Caminhamos pelas margens do Rio Timis, que atravessa a cidade, todo urbanizado, com belas praças, ciclovias e parques.
Pelas ruas prédios antigos que, com a falta de cuidado, se tornam interessantes atrações.
No caminho encontramos um relógio de flores, uma atração na cidade, como um que tem em Genebra e um também em Curitiba.
Entramos no shopping, bem pequeno e fomos para a “Piaja Unirii”, que abriga uma antiga fonte e encontramos dezenas de trabalhadores reformando tudo por ali.
A Romênia não é como a Bulgária, tão ruim assim, mas precisa de muitos reparos, especialmente no transporte público que ainda contam com veículos antigos e barulhentos. Os taxis são pequenos e muitos deles parecem de brinquedo, enfeitados, como se fossem crianças decorando seus carrinhos.
Seguimos rumo a “Piaja Victoriei” onde está o Museu Nacional, prédios históricos, um belo jardim e muitos pombos, milhares deles.
A cidade passa uma impressão de que estão investindo, tentando atrair turistas e apagar a imagem deixada pelos comunistas.
Em 1998, a cidade foi palco de uma revolução anticomunista, contra o regime ditatorial de Nicolae Ceausescu, marginal desde pequeno que se tornou comunista depois de ser preso quando roubou uma mala que estava cheia de panfletos comunistas e ele não sabia. Foi preso junto com os comunistas e se tornou um deles.
A manifestação contra o regime de Ceausescu foi sufocada pelo exército, que matou milhares de manifestantes, mas contam que valeu o sacrifício. A manifestação tomou força pelo País, até que Ceausescu foi deposto, tentou fugir mais foi capturado, julgado e executado.
Apesar dos governantes mais recentes tentarem destruir o passado, muitas praças pela cidade ainda guardam monumentos e bustos escondidos nos jardins, homenageando aqueles que lutaram pela libertação e de muitos que registraram uma história de mentiras, traições e sacrifício do seu próprio povo.
A religião no País já sofreu sérias interferências políticas, resistiu e manteve em pé suas belas igrejas, apesar de constantes tentativas de destruição.
A ”Catedrala Ortodoxã Metropolitanã” é o principal símbolo da cidade. Ela é enorme por fora, bela arquitetura, escura por dentro, não tem bancos e tem uma rica decoração.
Cerca de 90% da população se identifica como praticante da Ortodoxia Oriental, com dezenas de belas igrejas espalhadas pela cidade, sem tanta ostentação por dentro.
Tentamos alguns restaurante mas nada nos apeteceu e como sempre, a saladinha do Mc Donald’s, resolve na hora da fome. Existem muitas lanchonetes minúsculas que vendem pães, doces e pizzas, onde eles compram da calçada e comem andando pelas ruas ou nos bancos das praças.
Outro fato que nos chamou a atenção foi a vestimenta deles. Não estava muito frio mas as roupas eram pesadas e as pessoas faziam gestos de muito frio.
A moeda da Romênia é o Leu, que no plural fica Leis e vale em torno de ¼ de Euro. Os preços são bem convidativos mas a cidade oferece poucas opções de roupas, artesanatos e comidas. São bem tradicionalista, vendem basicamente a produção nacional, ou ainda não descobriram o que o mundo tem de bom.
Depois de um dia caminhando, pensamos ter visto os principais atrações turísticas, alias não vimos um turista por aqui, nem mesmo os orientais, que estão em todos os lugares.
Timisoara foi a segunda cidade no mundo, depois de Nova York, a usar a Energia elétrica para iluminar suas ruas e ainda hoje é uma das grandes regiões geradoras de energia elétrica no leste europeu.
Diminuímos nossa estadia e saímos novamente para a estrada, com a expectativa de atravessarmos a fronteira com a Hungria. Como nós já estamos a quase trezentos dias na Europa e só poderíamos ter ficado 90 dias, ficamos apreensivos nestas fronteiras, por que eles fazem controle de passaporte.
Viajando curtindo a vida romena nas pequenas cidades e nos campos arados a espera de novas plantações. A pecuária chamava a atenção com pastores cuidando de suas ovelhas, até que chegamos na fronteira.
Antes de passarmos, compramos o Viguinete, que é um pedágio para circular pelas estradas da Hungria durante dez dias, por 15 Euros.
Paramos na cabine da fronteira, mostramos os documentos, o policial levou para dentro e mandou eu tirar o carro e estacionar ao lado. Demora. O policial sai da cabine e se encaminha com os documentos abertos até a carrinha. Me entrega os documentos e deseja boa viagem. Ufa!. Fomos felizes embora, novamente na área da Europa sem controle de fronteiras.