Pequenas expedições 2018 9. Dono do Próprio Tempo

9. Dono do Próprio Tempo


Para ser nômade temporário é preciso ter tempo. Ser dono do próprio tempo é não ter compromissos com a rotina dos filhos, netos, empresas, empregos, animais ou com a casa própria.

Ser dono do próprio tempo é com certeza, uma das principais conquistas pessoais. O tempo próprio é exclusivo, mas pode ser compartilhado com alguém que também não tem mais compromissos formais. A conquista do tempo é o momento certo para realizações dos sonhos pendentes.

Seguindo assim nossa vida de donos do próprio tempo, Eu e Ade, num mesmo tempo, seguimos como nômades temporários. Saímos para a estrada 20 dias antes de uma Feira Internacional de Motorhome, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.

A Feira é o destino e a motivação para a viagem, mas nossos planos sempre consideram os atrativos do caminho.

Primeira parada, Balneário Camboriú, uma das lendas de praia no Brasil. Todos querem conhecer e quem já conhece quer voltar.

Nós sempre voltamos para Balneário Camboriú hospedados no Camping Rota das Praias, lugar aconchegante onde Ade já cultiva uma horta.

Outras vezes ficamos acampados em um estacionamento no centro, bem próximo da Praia Central de Balneário.

Acampar no estacionamento é uma opção viável pela localização e praticidade de locomoção, mas no camping a estrutura é mais adequada. Ambas seguras.

Campismo, um estilo de vida ?

Campismo é muito mais que uma forma de hospedagem ou modalidade turística, é uma paixão pela prática onde o novo e a rotina se combinam e acontecem todos os dias.

Próxima parada foi na bela Florianópolis, na Ilha de Santa Catarina, conhecida pela excelência em qualidade de vida, capital brasileira com o maior Índice de Desenvolvimento Humano.

A Capital de Santa Catarina é ligada ao continente por pontes e concentra vários povoados de tradições centenárias na pesca, na renda, no folclore na culinária e arquitetura colonial.

Grande parte das comunidades se concentram às margens da charmosa Lagoa da Conceição, que oferece águas mansas e uma praia de grama.

O ritmo da Ilha é o Reggae, herança dos açorianos que contribuíram na colonização, unindo-se aos índios Carijós, nativos da região.

Açorianos são espertos!

Açores é um arquipélago, no meio do Oceano Atlântico, cercado de paisagens maravilhosas. Os açorianos que vieram para o Brasil, deixaram sua pátria, mas não abriram mão de alguns costumes e da maravilha natural que Santa Catarina também sustenta.

Por alguns dias ficamos hospedados em um belo camping, fazendo novas amizades e passeando a pé no exercício diário, conhecendo os encantos da Lagoa.

Saímos da bela Floripa e escolhemos passar no Morro dos Conventos, para ver a praia e conhecer um pouco da história dos conventos do famoso morro. A história foi curta e grossa, contada por um morador:

Nunca teve convento por aqui.

Cada convento tem uma história, de longos anos, de pessoas dedicadas, vida na clausura, paz, arte e muita benevolência. Nós gostamos de visitar conventos por onde passamos mas, lá no Morro dos Conventos, só tem mesmo um belo e verdejante morro, com vista para mar, cercado por dunas, falésias e trilhas.

Na literatura, consta a lenda que o nome veio do morro que lembra um pouco um velho mosteiro. Outros dizem que o morro já abrigou padres jesuítas e outros alegam que o nome veio da referencia que indicava o caminho para um convento, que eu não descobri onde ficava.

Como não encontramos camping na cidade é muito menos conventos em volta do pequeno morro famoso, seguimos para dormir em Torres, já no Rio Grande do Sul.

Fomos recepcionados por um motorromeiro, que nos indicou e nos guiou até um bom local para pernoite. Logo que estacionamos chegou um carro com um casal. Meio ressabiados, perguntaram se podiam dormir ali ao nosso lado, pois não tinham experiências em dormir em campings.

Dali nasceu mais uma nova amizade que resultou em muita conversa durante mais um belo jantar preparado pela Ade. Foram horas de conversas que enaltecem nosso convívio.

Mais uma hora da partida. Seguimos pelas belas montanhas do Rio Grande do Sul, pela Rota do Sol, rumo a Gramado, viver novamente os encantos natalinos na grande Festa do Natal Luz.

Nos últimos dois meses do ano a cidade recebe turistas de várias partes do Brasil e dos países vizinhos para assistir a maior festa de Natal no Brasil.

A cidade toda fica enfeitadas e o comércio se prepara para atender os visitantes que chegam não somente para comer as comidas típicas das regiões frias mas também para comprar artesanatos couros e chocolates.

A Festa do Natal Luz de Gramado já acontece há 33 anos com shows e luzes que encantam crianças e adultos. Até a lua aparece como um enfeite de luzes.

A noite é toda iluminada e durante o dia a atração fica por conta do comércio. Repare bem que até o aniversariante homenageado pega carona no trânsito.

Ficamos por quatro dias e não vimos nenhum papai Noel na cidade. Não entendi a falta de pontualidade do velhinho, astro da festa.

A principal atração artística é o Natal pelo Mundo, uma ópera, cantada por diversos tenores e sopranos, músicos e dançarinos, com cenários de várias partes do mundo, contando a história de uma família que se reencontra e percebem seus sonhos se realizando pela Magia do Natal.

O Natal viralizou no mundo todo, cercado de lendas que encantam os povos. Nós, protagonistas, espalhamos o amor, a esperança, a fé, a surpresa e a alegria nesta época do ano. Apesar da importância do aniversariante, quem toma mesmo a atenção é o Papai Noel, o velhinho barrigudo, cabeludo e barbudo que trás presentes.

O costume começou com o exemplo de São Nicolau, um sacerdote que presenteava pessoas conforme ele queria. Costumava colocar presentes nas árvores e nas chaminés. Apesar de toda boa vontade do bom velhinho, Nicolau foi vítima de sequestro mesmo depois da morte. Seu corpo foi tomado por pescadores da  cidade Bari na Itália, onde edificaram uma igreja em sua homenagem.

Em nossa expedição pela Europa, visitamos o sepulcro do santo caridoso em Bari. Ele era alto e esbelto.

A programação de Natal em Gramado é uma das mais belas do mundo, vale a pena sonhar, planejar e realizar uma viagem para Gramado para os próximos períodos de Natal.

Após 20 dias, estamos chegando ao nosso destino final, a cidade de Novo Hamburgo, onde acontece pela terceira vez a Feira Internacional de Motorhome.

Antes de comprarmos a Caca, nós visitamos a Feira de Novo Hamburgo em busca de opções e, principalmente, para não nos afastarmos do nosso sonho.

Deu certo!

Na Feira estão dezenas de modelos, novos e usados, de vários tamanhos e preços variados. Muitas pessoas chegam para conhecer um pouco mais sobre o tão sonhado objeto de consumo e conquistar uma casa com rodas.

Nosso amigo Amauri Alves, junto com sua esposa Marli, estão concretizando mais um sonho, executado etapas conforme planejado. Já estão prontos para iniciar a fantástica vida de nômades temporários, vivendo numa casa sobre rodas, conhecendo novos quintais.

Mantenha a saúde Amauri e Marli, a felicidade adora casa rodante.

A Feira é também um lugar onde se encontram muitos motorhomes que estão na estrada, carregando pessoas felizes, que chegam de todos os lugares para conhecer as novidades e principalmente rever e fazer amigos.

Na Feira se reúnem fabricantes, representantes e vendedores de peças e assessorias. Quem frequenta são pessoas que sonham e realizam viagens constantes, levando sua própria casa.

Durante a Feira, conhecemos ao vivo vários amigos virtuais. Interessante. Nunca nos vimos e já parecíamos velhos amigos.

Durante o evento vários viajantes é coordenadores de projetos sociais na estrada, fazem palestras contando suas histórias de vida nômade temporária. O auditório fica lotado e todos atentos, mesmo num domingo logo após o almoço.

Tão bom quanto a partida é o retorno. Aproveitando as atrações do caminho de volta, seguimos para a região das vinhas e vinícolas na Serra Gaúcha.

Eu e Ade já entramos em varias vinícolas pelo mundo e podemos nos orgulhar do Brasil com relação ao cultivo da uva, estrutura e fabrico do vinho.

Por trás dos vinhos tradicionais tem sempre uma bela história, contando a saga de famílias que se dedicam ao vinho por séculos.

Durante a visita às vinícolas, descobrimos que um delas reservou uma área no estacionamento para hospedar motorhome, com água, luz e segurança, gratuito. O dono é um motorromeiro.

Seguimos voltando pelos caminhos que passam pela Serra do Rio do Rastro, uma das mais belas estradas do mundo. Cheia de encantos e surpresas. Neste dia uma forte neblina cobriu toda a montanha, escondeu o encanto e deixou a surpresa. 

Na volta uma parada na bela praia de Garopaba, onde já estivemos e vamos voltar outras vezes para respirar naquele paraíso. Novos amigos e horas de conversa à beira mar.

Assim é nossa vida compartilhada com vocês, vivendo como nômades, donos do nosso próprio tempo, aproveitando cada momento único, procurando o melhor de cada lugar para brindar a vida, sem medo de feliz.

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