Deixamos Las Vegas cheia de charme, glamour, riqueza de detalhes e muitas atrações, com vontade de ficar mais. Quando tentei renovar a estadia no hotel, me assustei com os novos valores, quase o dobro do preço.
O motivo é que nos próximos dias acontece uma festa na cidade para comemorar um grande feito do México, quando 4 mil soldados mexicanos com pouco arsenal de guerra, conseguiram aniquilar os 8 mil soldados franceses, fortemente armados, comandados pelo bandido Napoleão Bonaparte. Interessante, o México tomou da França o que já era deles e hoje tudo pertence aos Estados Unidos. O mexicano até pode voltar para sua antiga terra, mas tem que ser com vistos de autorização, normalmente dificultados pelo Tio Sam.
No caminho saindo de Las Vegas percebemos o tamanho da festa pelo fluxo intenso de carros seguindo para a cidade.
Fomos visitar a Hoover Dam, uma usina hidroelétrica, símbolo dos Estados Unidos, no Rio Colorado, na divisa dos estados de Nevada e Arizona, em meio aos Black Canyons. A grande obra foi idealizada para suprir a região com eletricidade, armazenar água e incentivar o esporte recreativo.
As primeiras ideias surgiram em 1.900, mas a obra só foi projetada e concluída na década de 30, construída em apenas 5 anos, durante o mandato do Presidente Roosevelt.
A obra envolveu milhares de trabalhadores braçais e centenas deles perderam a vida com acidentes do trabalho. Este fato chamou a atenção das autoridades e novas leis de proteção ao trabalhador surgiram a partir de então.
Depois de pronta, a obra ficou tão grandiosa e imponente, que chamou a atenção dos cineastas de Hollyioody, vizinhos da usina. Eles já produziram alguns filmes usando a Hoover Dam como cenário. No filme “Transformers”, foram as máquinas, no filme “A Falha de San Andreas” foi o Dwayne Johnson e até o Superman já salvou a barragem feita com uma curva de concreto, com 200 metros de espessura na base, 15 metros de espessura no topo, 379 metros de largura e 221 metros de altura.
A represa do Rio Colorado formou um grande lago e em 1.964 o Congresso Americano decretou a região da usina como Área de Recreação Nacional do Lago Mead, com mais de 170 quilômetros de extensão. Foi a primeira área de recreação designada pelo País. Os mais abastados e os pescadores agradecem.
A usina se tornou um ponto turístico na região e recebe mais de 1 milhão de visitantes por ano. Você pode fazer a visita somente pela área externa, passando por uma passarela ao lado da ponte “Mike O`Callaghan”, outra obra de arte da engenharia, passar sobre a barragem e pelos vários mirantes sem pagar nada ou, pagar por uma visita técnica e conhecer as entranhas de um dos maiores feitos da engenharia dos Estados Unidos.
A barragem além de uma grande obra da engenharia é também uma obra de arte com detalhes feitos no concreto, esculturas e placas ilustrativas em todo complexo.
As 4 torres de captação de água são filtros gigantes que conduzem a água até as turbinas e os vertedouros escoam as águas pela lateral da barragem em tempos de cheias. Eu não vi os túneis que escoam as águas das cheias, mas dizem que dá para passar um navio de guerra por dentro.
Nossa outra parada foi na “Seven Magic Mountains”, uma obra de arte criada por um suíço com a idéia de colocar algo artificial em um meio ambiente natural. A obra fica no meio do deserto, sem nenhuma outra construção a quilômetros de distancia. O artista se inspirou no Hoodoos (formação pontiaguda de rochas causadas pela erosão), comuns no oeste dos Estados Unidos.
As pedras foram cortadas, transportadas, empilhadas e pintadas sob o comando do artista. A obra, inaugurada em maio de 2.016, era para ficar em exposição apenas algum tempo, mas com a aceitação pública a exposição vem se renovando e a última chance das pedras ficarem empilhadas, foi postergada recentemente para 2.027.
Cada pilha tem entre 9,1 e 10,7 metros de altura. O local recebe mais de 325 mil visitantes por ano e mais de 2 milhões de fotos já foram publicadas na redes sociais.
Cada pedra pesa entre 10 e 25 toneladas e quem quiser imitar a arte do suiço pode empilhar pedrinhas no pátio das pedras coloridas, no meio do deserto. Arte é arte.
Nossa terceira parada foi no passado, na cidade de “Calico”, preservada do velho oeste americano. Em 1.881 Calico fervilhava de garimpeiros em busca de riquezas minerais. A cidade chegou a ser a mais rica do estado, com mais de 500 minas em atividade.
Quando o preço da prata começou a caiu vertiginosamente, a cidade foi sendo abandonada e se tornou uma cidade fantasma. Um grande fazendeiro comprou as terras e preservou as construções para delírio dos visitantes, que tem a oportunidade de andar por ruas e entrar em estabelecimentos que só viram nos filmes de faroeste.
Você pode entrar na casa dos bombeiros, no saloom, na barbearia, nos correios, na delegacia, na casa de diversão dos homens, na ferraria, no estábulo e nas minas de prata.
Pelos cantos da cidade estão muitos objetos que mostram os costumes da época. Tem a forca, o carro pipa, a carroagem, as armas, as roupas, os acessórios para os cavalos, os bancos e muitos outros, guardados ou largados do jeito original.
Enquanto Ade assistia o tempo que passou, sentada numa varanda de um velho hotel, eu chamei um forasteiro (o vigilante do local) para um duelo e ele aceitou. Imediatamente nos posicionamos no meio da rua e ele começou a contar até três, quando as armas de dedos foram sacadas e disparadas ressoando o estampido emitido pela boca.
Por sorte, éramos dois pistoleiros ruins de mira, erramos o alvo e ambos sobrevivemos. Foi muito legal. Ele gritava como se estivesse com raiva e disposto a vencer, mas empatou.
Foi muita emoção conhecer Calico, acho que a única cidade original ainda preservada do velho oeste norte americano.