Rumo a Salvador com tempo bom. Ainda na Ilha, um carrinheiro queria cobrar 30 reais para levar nossas malas até o Porto eu não aceitei, outro apareceu e fez por 10.
No cais o barco tinha acabado de sair e fiquei conversando com moradores sobre os nomes esquisitos que existem na região e eu anotei alguns: Clenaldo, Edinoan, Francidréia, Frorisfado, Aguinoalto, Genilson, Joadison, Joeliton, Cilivrando de Jesus, Franquécia, Cinivara, Letíça, e tantos outros. Um deles disse pro outro “fala o nome da tua mãe”. O outro disse “nós estamos aqui conversando e ninguém tá botando a mãe no meio”, discutiram e ele não falou o nome da mãe. Fiquei sem saber.
Travessia de Morro de São Paulo para o atracadouro de Guaibim.
Na Estrada dois sustos, novamente provocados por motoristas de caminhonetes. Continuo achando que eles precisam se conscientizar que seus veículos é um símbolo de poder financeiro e não poder de espaço.
Entramos na Ilha de Itaparica, paramos para comer frutas na beira da estrada, fomos até o centro da cidade de Itaparica, achamos feia e voltamos. Fomos conhecer Vera Cruz, também na ilha, onde comemos uma muqueca de arraia deliciosa. De Vera Cruz se tem uma bela visão de Salvador.
Esperamos por uma hora e atravessamos com o ferry boat Ana Neri, lotado por que dois outros estão em manutenção. Em 40 minutos chegamos a Salvador. A travessia é muito bonita, num mar de águas verdes.
Chegamos numa pousada escolhida pela web e estava lotada. O recepcionista nos indicou um flat muito bom, de frente para a praia na Barra do Farol. Nos instalamos e fomos ao mercado abastecer a nossa nova casa para próximos dias.
Esta é a visão da nossa janela.
Fui lavar a moto e no primeiro posto o cara falou “não lavamos moto”, virou as costa e se foi. No segundo o cara disse: “não lavo moto por que é muito difícil, se lavasse teria que cobrar 100 reais”. No terceiro falou que cobrava a 10 reais e depois queria cobrar 15. O lavador jogou água com vontade na moto, passou sabão e eu falei a ele que não pode deixar o sabão secar e que amenizasse o jato de água. Ele disse “não mancha não. É assim mesmo”. Quando terminou de lavar, a moto estava toda manchada. Fiquei bravo com ele e ele me disse que não era manchas do sabão que era do salitre da maresia. Ele tinha razão. Limpou com jornal e querosene e as manchas foram saindo.
O efeito da maresia é mesmo muito forte. Deixei a moto por seis dias parada em frente ao mar, no atracadouro de Guaibim e as ferragem e os cromados sentiram o efeito.
Terminou de lavar, fui dar a partida e não pegou. Depois de várias tentativas e ajudas de curiosos chamei o seguro. Quando o mecânico chegou a moto pegou. Certamente a força da água molhou as velas, quando secou pegou.
Peguei a Ade em casa e fomos conhecer a cidade de moto.
Medo ou no mínimo uma preocupação constante nesta cidade por culpa de assaltos. Todos ficam falando que tem perigo, que por lá não é bom ir, que tem que cuidar da bolsa, não pode deixar a moto fora do estacionamento, cuidado nos cruzamentos, na praia, na calçada, no ponto de ônibus, dentro do ônibus, realmente existe um convivio harmonioso entre as pessoas e a criminalidade nesta cidade. Procuramos sair de dia, a pé ou de moto e levamos a identidade num bolso, um dinheiro no outro e o cartão de crédito mais escondido. A noite é melhor o taxi.
Fomos no mercado modelo, que só vende artesanato e roupas quase tudo igual. Subimos o elevador Lacerda lotado e chegamos ao Pelourinho.
Em Salvador somente o mar é bonito. A cidade é fedida, vimos vários homens e crianças urinando na rua sem o menor pudor, tem muito lixo acumulado de dias nas ruas e as calçadas, além de subidas e descidas íngrimes, são irregulares, cheias de buracos e estreitas. A cidade tem fama turística mas está longe de ser bela.
Fomos num bar com um cara cantando e tocando jazz muito bem mas o atendimento demorou tanto que fomos embora. E o bar não estava cheio. Fomos para outro bar chamado Cravinhos, de uma rotatividade incrível de clientes, para beber pinga curtida no cravo ou na canela. Tomamos a pinga da casa e comemos carne de sol com purê de abóbora. Muito bom. A pinga é forte e a pimenta em forma de vinagrete é assassina, impraticável.
Pela manhã passeamos pelas piscinas naturais da praia com águas limpas e quentes, depois piscina no hotel, com a bela vista da praia e do Farol da Barra ao fundo.
Fiquei novamente estressado com os baianos que vivem em Salvador. Numa agência de turismo o atendente vendo a gente esperando, não atendeu. Na loja de calçados uma vendedora disse “fulana atende aqui” e a fulana nem deu bola, fomos embora. Um outro vendedor disse pra eu ir na outra loja do concorrente que estava com promoção. Fui comprar um refrigerante um senhor veio e cortou a fila e tive que falar pra ele obedecer a ordem.
Saímos do shopping e fomos ao mercado. Perguntei por um produto ao repositor e ele disse “é no corredor lá na frente”. No caixa depois de várias tentativas iguais e erradas para descobrir o código do produto, a menina do caixa pediu ajuda. Veio outra menina. Ela ficou mostrando a etiqueta e a outra levou pra outro lugar e demorou muito só pra identificar um preço. Quase desistimos da compra toda.
Fomos ver o pôr do sol no Morro do Cristo e lá estavam vendedores de água e três casais de meninas. Derrepente chegam 4 policiais militares, com armas em punho e com cara de apavorados. Deram uma volta pelo mirante, fizeram buscas e foram embora, dois em cada moto. Não nos incomodaram mas foi tenso.
A visão do pôr do sol no mirante vale a pena, apesar dos perigos de rotina no local.
Fizemos um queijos e vinhos em casa e fomos dormir falando que deveríamos ir embora.
A piscina do flat é no terraço com uma vista fantástica mas o empregado gordo que cuida, não cuida direito. A cozinheira gorda do restaurante no flat, que serve o café da manhã opcional a 15 reais por pessoa, disse que amanhã não vai ter café por que ela não vai poder vir e depois da manhã também não pois será a folga dela. Acho que os baianos de Salvador precisam de reparos.
Me preocupei ainda mais com o povo da cidade, quando ví que ergueram um monumento a Dodô e Osmar, como se fossem heróis com busto na praça, por terem inventado os trios elétricos.
Fomos até Itapuan querendo conhecer uma praia bonita e não vimos. Queriamos conhecer a casa de Vinicius de Moraes e ninguém soube informar o endereço.
Asfalto cheio de buracos, movimento intenso e muito desrespeito no trânsito, fizeram a gente voltar pra casa.
Ainda bem que temos uma visão fantástica de nossa janela.
Motoristas estacionam seus carros na calçada, com a maior cara dura, sem medo de punição, impedem a passagem de pessoas que se obrigam a andar pela rua correndo os perigos pertinentes. É assim em várias ruas da cidade.
Nas calçadas do comércio uma multidão se espreme e, ao lado, ruas largas com poucos carros. As calçadas são disputadas por vendedores de rua numa aparência tipo paraguaizinho. Vendem relógios, brinquedos, óculos, pano de prato, uva, côco, acarajé, cortam cabelos, assaltam as lojas e pedestres, disputam clientes com alto falantes. Algumas lojas e bares tem grade e o cliente é atendido da calçada.
Analisando o comportamento e os costumes, vejo um povo desprovido de inteligência. Me desculpem a sinceridade povo de Salvador.
Grande parte são gordos, mal vestidos, anti-higiénicos e com cara de suspeitos. Dá medo andar livremente pela cidade. O noticiário toda hora anunciam que um turista foi assassinado, uma senhora foi estuprada, uma jovem desapareceu, homosexuais atacados, um hotel foi assaltado, morte no trânsito. A polícia está por toda parte fazendo revistas nas pessoas suspeitas, ou não, invitando recursos no efeito e não a causa.
Andamos 15 km da Barra até a igreja do Bonfim. Passamos pela orla, pelo comércio, pelo Pelourinho, cidade alta, descemos para o porto e subimos até a igreja. A igreja é famosa pelas baianas que lavam suas escadas com água de cheiro, pelas fitinhas e pela imagem de Jesus na cruz, do século 16, vinda de Portugal. Lá ficam vendedores insistentes em doar uma fitinha para ser amarrada no pulso e você deve fazer um pedido enquanto ele amarra. Eles insistem em amarrar e você paga o que quiser. Se você deixar ele amarrar, certamente ele ira te estorquir. Não deixe. Quando chegam taxi ou ônibus, aparecem muitos amarradores de fitinha e vendedores de rosários.
As fitinhas são amarradas na grade em frente a igreja, com desejos de quem as amarram e os próprios vendedores arrancam e jogam no chão, para sobrar espaço para novas fitinhas que eles vendem. É uma injustiça para com a fé daqueles que as amarraram.
Conheci o Jair que trabalha no hotel, 51 com cara de 60 anos, aposentado como cabo do exército brasileiro onde trabalhou 32 anos sempre no mesmo local, fazendo a mesma coisa. Ganha 2.800 reais e recebe menos de mil do soldo. O restante é para pagar empréstimos no próprio exército e outros financiamentos feitos para ajudar os filhos. Os filhos não reconhecem e continuam sugando. Deixou de pagar uma dívida do cartão, tá com o nome sujo e não tem como pagar por que a dívida ficou enorme.
- Estar atento o tempo todo;
- Ser gentil até com quem não merece;
- Fazer a nossa parte corretamente;
- Não deixar que nada nos abale;
- Se quiser xingar alguém, fale baixo, só prá você;
- Se alguém te xingar peça desculpas, mesmo estando com a razão;
- Se livre o mais rápido possível do local;
- Não enfrente, fuja se for fácil.
São muitas as evidências de falta de inteligência na rotina deles. Acho que falta virtude em fazer bem feito tudo o que deve ser feito.
A preguiça aqui é visível. No sul falamos “não deixe para manhã o que pode se feito hoje”. Aqui dizem “não faça hoje o que pode ser feito amanhã. Amanhã talvez nem precisa ser feito”.
Antes de concluir, fica aqui o meu apelo e um desejo:
Pra não dizer que não falei de flores… seguem mais algumas fotos dos principais pontos turísticos e nuances de Salvador.
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