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16. San Francisco, muito lembrada pelas tragédias, nossas também


 

Chegando em San Francisco, fui surpreendido por um policial em pleno exercício de sua profissão. Com um radar em mãos ele registrou a placa do carro quando passei a 66 milhas por hora e a velocidade máxima permitida era de 65. Sempre aciono o automático de velocidade mas, nesta hora, quando o primeiro policial que encontramos na viagem estava trabalhando, me descuidei. Foi apenas uma milha acima da velocidade permitida, talvez o bom senso dele nem considere. Tomara. Só vou saber quando a locadora me informar.

 

 

Depois fomos surpreendidos por uma viatura da policia que cortou a frente do carro e me fez parar. Desceram do carro e imobilizaram violentamente um jovem ciclista que passava pela rua. Aquela história de pisar no pescoço é verdade por aqui. Imediatamente apareceu outra viatura, e mais uma, e mais uma e no total foram 6 carros de polícia com dois policiais fortemente armados em cada carro para prender um jovem de camiseta e shorts, andando com bicicleta. Talvez ele seja um bandido temível e  perigoso ou um inofensivo ladrão de bike. A tratativa foi padrão.

Não fizemos fotos por precaução, mas vimos tudo acontecer, parados em frente ao crime, até que a abordagem terminasse.

Quilômetros a frente, notamos um sino em vários pontos da estrada. Ade pesquisou e viu que era o símbolo que indica o caminho real, uma rota usadas pelos monges franciscanos que seguiam catequizando a Costa Oeste. Por onde passavam jogavam semente de mostarda para, depois de germinadas, demarcar o caminho com flores amarelas. Legal eu pensei. Vou fotografar o sino para ilustrar este fato histórico.

Em plena Route 101, com 4 pistas de rodagem, um acostamento muito bom de cada lado e eu ainda parei fora do acostamento, numa área plana, onde outros carros ja pararam pois haviam marcas. Parei, desci e quando caminhava até o sino, surgiu uma viatura policial vindo em alta velocidade, freando rapidamente e parou a uns 50 metros de onde eu estava. Pelo rádio ele disse em tom de ameaça “volta para o carro imediatamente”. Eu mostrei celular a ele e voltei. Ele desceu com a mão na arma e mandou eu parar. Eu parei, ele olhou dentro do carro pelo lado do carona e mandou eu entrar. Entrei e só dai consegui um diálogo. Disse a ele que iria somente fazer uma foto do símbolo do Camino Real e ele disse que é proibido parar às margens da rodovia, mesmo com um enorme acostamento e mais espaço ainda para parar. Tudo bem, depois com muita categoria Ade fez esta foto mesmo com o carro em movimento.

 

 

Na chagada já percebemos que San Francisco é mesmo a cidade das vias elevadas, com viadutos e vias expressas que chegam a confundir mas foram construídos para facilitar e facilitam, se você souber o caminho a seguir ou seguir pelo GPS, a evolução das semente de mostarda.

 

 

Chegamos no hotel reservado e a mulher da recepção não consegui concretizar os documentos e não nos deixou entrar para resolver no dia seguinte. Após mais de duas horas de tentativas e indignação, tive que fazer nova reserva, sem o direito de cancelar a anterior. Legal né? Tive que pagar duas diárias para um mesmo dia.

Dormimos bem e logo pela manhã fui resolver a pendência na recepção e lá tinha um atendente que me deixou novamente indignado e com raiva pela má vontade dele em resolver o problema. Em certo momento pedi para falar com o gerente e ele me disse que ele era o gerente, pronto! Agora sim ferrou. Falei com a plataforma de reservas e tive que mandar email para o hotel, que eu estava na recepção, em frente ao gerente. Pode isso? Destaco não somente a má vontade em ajudar mas também a incompetência profissional dos atendentes do hotel.

Teve um momento que a nossa comunicação em inglês não estava funcionando bem, muito por conta da minha irritação e o gerente chamou uma funcionária mexicana para servir de tradutora. Acreditem! A moça falava muito bem espanhol, se entendeu comigo, mas não falava quase nada em inglês. Chegou dar saudade do povo brasileiro com nosso famoso “jogo de cintura”, quando tudo se resolve e, melhor ainda, com sorrisos, simpatia e empatia.

 

 

San Francisco fica na ponta de uma península, numa baia do Oceano Pacífico, norte da California. Em toda região metropolitana da cidade vivem mais de 7 milhões de pessoas e o centro dentro da península, tem uma das maiores densidades populacionais dos Estados Unidos.

Como ficamos hospedados fora da península, entramos por uma ponte, com várias placas sobre a cobrança de pedágio, com cabines para cobrança, mas não tinha ninguém e nem como pagar. Passamos sem pagar e ficamos preocupados com a multa por invasão de pedagio. Também só vamos saber quando a locadora nos informar.

 

 

 

Como a cidade é pequena para tanta gente, a administração tenta amenizar o problema cobrando pedagio para quem entra no centro, investindo em pontes de escoamento e vias rápidas no entorno da metropolis, diversificando e privilegiando o transporte publico.

Além do metrô tem modernos ônibus elétricos e a cidade não deixou de preservar o passado. Ainda circulam pelo centro da cidade, charmosos bondes de séculos passados, para o encanto dos turistas.

 

 

 

Do passado para o futuro, San Francisco é a primeira cidade a autorizar e testar os novos carros sem motorista. São chamados de autônomo ou taxi robô. Vimos vários circulando pelo centro, da marca Jaguar, cheios de sensores externo. Realmente é muito estranho, mas a população adotou. Tem fila de espera para andar na novidade. É só esperar que logo estará circulando pelas vias brasileiros também.

 

 

As pontes estão em várias passagens a caminho do centro e pela periferia. A mais mais movimentada é a Bay Bridge, que liga Oakland a San Francisco, com um ponto de apoio na ilha de Yerba Buena. Ela tem ao todo 13,6 quilômetros, sendo 7,1 sobre a água.

 

 

 

A ponta mais famosa é a Golden Gate Bridge, feita em aço com cabos suspenso que sustentam as pistas nas torres de concreto, pintada na cor laranja internacional, com 2,74 quilômetros, Inaugurada em 1.937. A quantidade de arames que formam os cabos poderia dar 3 voltas ao mundo.

Charles Alton Ellis foi o grande mentor da ponte introduzindo sua “teoria de deflexão”. Ellis era um estudioso matemático grego que, certamente por ciúmes, foi demitido ainda durante os estudos da ponte. Obsecado, ele trabalhava 70 horas por semana aprimorando sua teoria e entregou 10 volumes de cálculos manuais, que foi adotado pela equipe responsável pela construção, omitindo a autoria de Ellis. Ele morreu sem o reconhecimento de tão grande feito da engenharia, mesmo sem ter o diploma de engenheiro. Somente em 2.007, a administração da ponte decidiu dar os créditos pelo projeto da ponte ao grego abelhudo que, mesmo demitido não desistiu do projeto.

 

 

 

 

A ponte é reconhecida como uma das maravilhas do mundo moderno e um dos símbolos mais reconhecidos internacionalmente de San Francisco. Possivelmente é a ponte mais fotografada do mundo. Tanta fama e tanta beleza acabaram atraindo mais desgraça para a cidade. A ponte é um dos lugares com maior índice de suicídio do mundo.

Raramente se consegue uma foto da ponte inteira sem a presença de neblina. Na cabeceira da ponte tem um espaço movimentado para turistas fazerem suas fotos e sempre tem muita gente.

A foto abaixo não é mais para destacar a ponte, mas sim a família de mexicanos que também faziam fotos em vários ângulos. A curiosidade é que Ade, na grandeza dos seus 1,5 metros de altura concentrando beleza e qualidades, era maior que todos eles. Todos baixinhos, bonitos por sinal.

 

 

Das pontes que conhecemos em San Francisco, a mais bela de todos foi Richmond, na parte norte da Baia, com 8.851 metros de comprimento, a ponte de aço ininterrupta mais longa do mundo. Uma obra de arte, sem a grande fama da sua vizinha Golden Gate.

 

 

Em outro dia, cruzamos a ponte Bay Bridge novamente e paramos logo após sua cabeceira, no Embarcadeiro, onde fica o Ferry Building, um belo mercado municipal com artesanatos, lojas de conveniências, muitos vinhos, guloseimas das mais ricas do planeta e sanduíches com variados preparos.

Muitos compram as guloseimas e comem nas mesas ao lado do mar, com vista para a ponte.

 

 

 

Fomos a pé até a Union Square, o centro comercial fervilhante da cidade. Além dos principais hotéis, tem as lojas sofisticadas, restaurantes, casas noturnas, galerias de arte e amplos edifícios. A praça é o principal ponto de manifestação popular da cidade.

No dia que visitamos havia uma festa da população latino americana que vivem na cidade. Muita música alegre e muitos casais dançando na praça. Nós também arriscamos uma dança tentando imitar os passos precisos e alegres da dança mexicana.

 

 

Depois seguimos novamente rumo a beira mar, admirando a famosas ladeiras da cidade, onde muitas cenas de filmes foram gravadas. Fomos a pé e depois de carro pelas colinas. Realmente são radicais as subidas e descidas de algumas vias.

 

Depois passamos pelo bairro chinês, compramos frutas, depois pelo bairro italiano.

 

 

 

No caminho paramos numa igreja para agradecer e descansar um pouco. Aliás, uma das poucas igrejas que encontramos aberta pelo caminho.

O padre até veio falar com a gente e agradecer a visita. Até arriscou algumas palavras em português.

Nos jardins em frente a igreja as pessoas deitam na grama para tomar sol, como se fosse na praia. Duas meninas estavam de biquíni.

 

 

 

Sempre que encontro, não deixo de fotografar. Mais uma réplica da Pietà, obra prima de Michelangelo.

 

 

A cidade é carimbada por tragédias. Ainda na fase da invasão europeia os nativos tiveram que enfrentar fortes batalhas e perderam todas. Eram um povo pacifico e os espanhóis dominaram todos e os colocaram para trabalhar. Muitos morreram resistindo. Quem tentava fugir era presos ou eliminado. Os invasores fizeram os nativos construirem cadeias para que eles mesmos fossem presos. Como havia muitas fugas, os fidalgos obrigaram os nativos a construir mais uma cadeia numa ilha, conhecida como Alcatraz.

A cadeia, que depois aprisionou vários famosos, inclusive Al Capone, foi usada como cenário de um dos filmes mais lendários do cinema mundial, “A Fuga de Alcatraz”, protagonizado por Clint Eastwood, no papel de Frank Morris, um condenado histórico que conseguiu fugir da ilha de alcatraz, também conhecida como “A Rocha”.

 

 

Com o passar do tempo a cidade foi ficando cada vez mais violenta e o índice de criminalidade crescia a cada ano, por volta dos anos de 1.850. As autoridade perderam o controle e um grupo de moradores decidiram fazer justiça com as próprias mão, executando, exilando ou prendendo pessoas que agiam fora da lei. A organização cresceu tanto que virou máfia e passou a concorrer diretamente com o poder público.

 

 

Em 1.906 San Francisco viveu sua maior tragédia, lembrada até os dias atuais. Um grande terremoto, o maior de todos os tempos, abalou a cidade e destruiu 3/4 de tudo que já estava pronto. Durante três dias prédios caíram ou tiveram que ser demolidos, incêndios pela cidade toda, falta de gás, falta de eletricidade, estrutura urbana toda rachada, pontes destruídas e mais de 3 mil pessoas mortas.

A cidade também já sofreu com uma grande epidemia de cólera, trazida por imigrantes do extremo oriente, depois com outra epidemia de peste bubônica trazidas pelos chineses que vieram aos montes em busca de riquezas na região, trazidos em navios cheios de ratos.

Na segunda guerra a cidade construiu navios e se reergueu, tornando uma das principais economias da California. Aqui se reuniram os senhores da guerra e criaram a Organização da Nações Unidas, a ONU, que eu não entendi até hoje para que serve.

Ainda não acabou. Em 1.989 a cidade foi abalada novamente por outro terremoto de grande magnitude. Desta vez a cidade estava melhor preparada e os prejuízos foram amenizados.

 

 

A cidade a beira mar é tomada por piers, cada um com uma ocupoção diferente. Muitos ainda atendem embarcações, outros são restaurantes, outros estacionamento, órgão do governo e o mais famoso e mais movimentado deles, o Pier 39.

 

 

O local tem um monte de lojas que vendem de tudo e muita gente circulando pelo Pier. Paramos para ver uma chinesa vendendo ostras numa loja de jóias. Os interessado pagavam 17 dólares, escolhia uma ostra dentro de um aquário e ela abria. Dentro da ostra tinha uma pérola e as pessoas ficam felizes por conta da sorte de ter escolhido a ostra recheada. Vimos ela abrir duas ostras e as duas recheadas. Até pensei, que sorte! Dai a velha chinesa que abriu as ostras com muita facilidade fez um comentário que estragou tudo. Ela disse para as mulheres que as pérolas já estavam com os furinhos, caso elas quisessem fazer um colar. Enganadora, imoral.

 

 

Nestes dias que ficamos em San Francisco aprendemos muito sobre a historia da cidade, com muitos fatos negativos e vivenciamos também alguns fatos desagradáveis, que eu já escrevi alguns neste post, mas ainda não acabou.

Para encerrar, passamos pelo nosso maior nervoso durante toda a viagem. No painel do carro que alugamos apareceu a mensagem para trocar o óleo do veículo. Liguei para a locadora e fui orientado a procurar um loja deles aqui em San Francisco. Fui na primeira, um japonês sacana mexeu e remexeu no painel do carro, desconfigurou o multimídia e me mandou para outra loja, dentro do estacionamento do enorme aeroporto. Ele tinha uma oficina nos fundos mas acho que não quiz ajudar.

Chegamos no aeroporto e lá se foi mais de uma hora só para encontrar o local, no quarto andar de num verdadeiro labirinto cheio de escadas circulares.

Encontramos e o senhor que veio nos atender ordenou grosseiramente que a gente saísse do carro e se dirigisse até o guichê. Eu pensei. Negativo. Eu vou e Ade fica. No guichê o cara… (eu não vou xingar ele novamente) me pediu o passaporte, o contrato e me mostrou um outro carro para substituir o nosso, por que ele não conseguiria trocar o óleo naquela hora e me mostrou um Mitsubishi preto, já bem desgastado. Eu expliquei a ele que não iria trocar o carro  e ele reafirmou que tinha que trocar sim. Confesso que perdi a calma e comecei a tratar-lo de forma mais rude, tentando rebater sua incompetência e falta de tato para ajudar. Falei bravo, xinguei ele em português (ainda bem que ele não entendeu) e fui para o carro, onde um velhinho filho… (também não vou xingar ele novamente) tentava fazer Ade sair carro para ele recolher o veiculo. Fui grosso novamente, entrei no carro e sai daquele macabro lugar, onde as pessoas pareciam querer mais complicar do que facilitar. Fiquei na dúvida. Seria maldade ou incompetência?

Mas ainda não acabou. Na hora de sair, uma mulher complicou tudo novamente não querendo deixar a gente sair. Aquela… ( não vou xingar ela novamente) pediu documentos, contratos, olhou tudo dentro do carro e não resolveu. Diante da minha cara querendo matar ela de tanto nervoso que já havia passado, ela chamou o chefe que demorou a chegar, me pediu para explicar e liberou a cancela.

Ufa! fugimos daquela masmorra com uma cambada de … ( não vou xingar todos eles novamente) e fomos embora, mas ainda não acabou o péssimo dia. Na rua eu parei no sinaleiro que estava vermelho, o veiculo de trás parou corretamente e o terceiro veículo não viu nada e bateu fortemente na traseira do veiculo que estava atras do nosso. Quando percebi que iria bater pela velocidade do carro que vinha atras, acelerei e, por sorte minha (até que enfim) o sinal abriu e seguimos nosso caminho, ainda xingando baixinho.

Antes mesmo de chegarmos no hotel, mesmo perdendo uma tarde de passeios, gastando combustível, tratando com pessoas incompetentes, sem o mínimo de empatia e sem trocar o óleo do carro, começamos a rir de tudo que aconteceu.

Viagem é assim. Os perrengues nos fortalece e até nos diverte, quando passa, mas não gostamos não.

Cambada de… ( não vou xingar eles todos novamente não), mas dá vontade.

Partimos de San Francisco, com elogios pela bela cidade e pelos passeios que fizemos, mas saímos felizes por deixar um local com muitos históricos de coisas ruins, nós somos prova disso agora.

Nada de mais grave aconteceu. Talvez algumas multas que ainda terei que pagar, algumas raivas que acabaram em seguida e conseguimos ficar com o carro que já estamos chamando de nosso.

 

 

 

 

 

 

 

1 comentário sobre “16. San Francisco, muito lembrada pelas tragédias, nossas também”

  1. Visite São Francisco, caso não tenha problemas suficientes. Tenho certeza que valeu a pena, é o que importa.

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