Ade dormiu um pouco, Paula dormiu bastante e eu vi tudo que se passou pelas janelas limpas, sem riscos de vandalismo.
O trem elétrico de alta velocidade para longas distância não tem por que não existir no Brasil onde a eletricidade é, e pode ser ainda mais farta e barata. Não polui, é confortável, cabem muitos e chega rápido. É muito melhor que avião nas pequenas e médias distâncias. Vamos Brasil! No velho continente até os trens modernos já são antigos.
Fomos para nossa nova casa, com um belo metrô que nos deixou próximo, uma caminhada e chegamos no hotel, às margens dos lagos construídos para passeios.
Liverpool é um sonho para muitos velhos e jovens que conhecem a história e cantam as músicas dos garotos que influenciaram gerações.
Na terra dos Beatles, que também é terra da Rainha, procuramos não perder tempo. Deixamos as malas no hotel e lá fomos “bater coxas”, como dizem os catarinenses, passando pelo Cais do Porto, visitando lojas, se escondendo da chuva e se encantando com a beleza da cidade.
Nas folgas que a chuva dava, caminhávamos mais um pouco até que chegamos na parte boêmia da cidade, onde se respira Beatles. Lojas, estátuas, bandeiras, escritas, pichações, tudo relacionados aos filhos prodígios da cidade.
Procurando, se escondendo da fina chuva que caia, encontramos o templo do rock que estávamos procurando. The Cavern, onde já se apresentaram Rod
Stewart, Queen, Elton John, Eric Clapton, Chuck Berry, Rolling Stones, dentre tantos outros que ficaram famosos a partir daqui ou vieram aqui depois de famosos.
The Cavern foi a garagem dos Beatles. Aqui eles deram os primeiros passos, ensaiavam e fizeram mais de 200 shows.
Foi uma emoção indescritível entrar naquele local, onde as marcas dos famosos ainda estão nas paredes com assinaturas, cartazes e fotografia do passado.
Ainda hoje é possível deixar assinaturas nas paredes do local, se é que você consegue um espaço para escrever. Eu consegui um pequeno espaço em um tijolo e também deixei meu nome gravado no templo do rock. Isso não serve para nada mas foi emocionante na hora.
O local fica em um porão, literalmente uma caverna, onde, desde há muitos anos, o som começa a rolar a partir do meio dia e fica até o início da madrugada.
A cada hora uma banda, dupla ou cantor solo faz sua apresentação. Nem pense que o primeiro é o melhor. A cada novo show, outra grande atração. Os “caras” são bons e quase todos tocam e cantam Beatles de forma exclusiva, que emociona.
Era dia do meu aniversário e o de minha querida, cúmplice, esposa, amante, amiga e companheira Ade. Juntos com nossa filha Paula e alguns amigos que fizemos no bar, nos divertimos muito, cantamos, dançamos, rimos, contamos histórias, trocamos endereços e tiramos fotos. Como eu ainda estava tomando remédios, não tomei sequer uma cerveja.
Por arranjos da Paula e dos novos amigos, fomos até homenageados e uma das duplas que se apresentavam, citaram nossos nomes, tudo errado, nos deram parabéns e cantaram um música oferecida para nós, dos Beatles é claro.
Foi emoção pura.Depois fizemos esta foto no palco consagrado do The Cavern, um lugar para voltar todos os dias.
Fomos ao Museu que conta a encantadora história dos Beatles, mostrando como tudo começou ainda na adolescência de Paul e John, que nasceram durante a guerra, numa cidade que muito foi bombardeada.
Amantes da musica, se reuniam para tocar e cantar até que, de banda em banda e de “canja” em “canja”, formaram o quarteto que encantou e ainda encanta o mundo.
O grupo era formado por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, cada um com suas qualidades musicais e pessoais.
Em 1.969 foi a última apresentação da Banda em agosto e, em setembro, John comunicou que iria sair da Banda. Em 1.970, Paul apresentou oficialmente a dissolução dos Beatles.
Em 1.980 John foi assassinado e, em 2001, Harrison sucumbiu com um câncer no pulmão. Ringo continua com uma banda de pouca expressão e Paul na carreira solo continua um sucesso, encantando a todos.
Restaram as lembranças de uma bela história e as músicas imortais que ainda tocam nas rádios do mundo todo.
Paul McCartney mantém uma escola de músicas na cidade e a cada formatura ele vem para entregar o diploma. Apesar de simples, sem qualquer atração as casas onde moravam estão preservadas. Não são abertas para visitas.
Este rapaz ficou bravo na rua dizendo que todos tiravam fotos dos Beatles e não dele. Pedi para ele fazer uma pose e atendi seu pedido.
Antes de chegarmos na estação de trem, a Paula foi parada por uma repórter de sorte. Ela fazia uma reportagem sobre a Copa do Mundo de Futebol no Brasil e encontrou uma brasileira para dar sua opinião. Quando Paula falou que era do Brasil a repórter ficou encantada e muito feliz. Depois pousou para uma foto.