Eu, Ade e as irmãs Isabel, Neuci e Neuli, fomos para Sintra conhecer o Palácio da Pena. Uma gigantesca obra construída no alto de uma montanha, pertinho do céu, com uma visão privilegiada dos campos da região.
Para chegarmos no alto da montanha, passamos pela bela e pequena Sintra, com ruas estreitas, construções que lembram o império com pequenos castelos cravados nos morros por todos os lados.
Subimos de carro até um estacionamento na metade da montanha e depois um pequeno ônibus, até a porta do grande Palácio. É possível subir a pé e deixar de pagar os 3 Euros da passagem.
A Serra de Sintra, onde se localiza o Palácio e o Parque da Pena, foi considerado como Paisagem Cultural e Patrimônio Mundial pela UNESCO.
Na época medieval, no local havia apenas uma Capela dedicada a Nossa Senhora da Pena, que mais tarde se transformou em um mosteiro, doado por D. Manuel I à Ordem de São Jerónimo, em 1.503. Em 1.755, após um terremoto, o Mosteiro sofreu graves danos e entrou em decadência.
Em 1.838, D. Fernando II, comprou e recuperou a construção e a transformou em Castelo para moradia da família real. Vários monarcas que o sucederam habitaram o Palácio ou o usaram como residência de veraneio. Após a implantação da República em 1.910, foi adquirido pelo Estado e convertido em museu, aberto para visitação pública, a um valor hoje, de 14 Euros o ingresso por pessoa. O suntuoso Palácio constantemente está em reformas.
A riqueza dos detalhes na construção estão por todas as partes, em paredes enormes, nos pequenos cantos, no teto, no piso, esculpido em pedras, no mármore ou na própria coluna de concreto.
Prata em talheres, ouro em estátuas, cristal em lustres, mármore nas paredes, madeiras entalhadas, bronze nos castiçais, pedra calcária negra no piso, louças, telas e retratos pintados por artista de destaque na Europa da época, estampam a riqueza com uma boa dose de ostentação na vida dos monarcas.
Este não é o único Palácio imperial de Portugal. As riquezas acumuladas pela família real eram tantas, que até no Brasil, no museu em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, é possível observar o valioso e requintado patrimônio que os nobres portugueses acumulavam. São materiais de várias partes da Europa e, após o ano de 1.500, muitos do solo brasileiro.
Os cômodos são pequenos com pé direito que chegam a seis metros de altura, todos com muita decoração. Em volta do Palácio, em ambiente natural de rara beleza, diversos jardins históricos ocupam cerca de 85 hectares como o miradouro preferido da rainha Amélia com seu trono cravado na rocha, o picadeiro de equitação do príncipe, a horta do mosteiro, a gruta do monge, o tanque dos frades, o chalet da condessa e tantos outros espaços e monumentos dedicados aos nobres mais importantes.
Do alto, vigiado por guardas em cada uma das torres, a família real descansava sob os olhos ameaçadores dos inimigos.
Os Mouros, povos nômades que saiam da África para habitar a Europa, como dizem as lendas, vagavam para guardar e acumular seus tesouros no alto das montanhas em castelos não tão suntuosos como os das famílias imperiais, mas quase sempre próximos, como uma espécie de ameaças ao poder e, especialmente, à religião.
Esta é a imagem do Castelo dos Mouros, vista de uma das torres do Palácio da Pena.
Ainda hoje no Palácio, as rainhas se encantam e, a clara evidência da satisfação, fica estampada nos sorrisos e na emoção de quem tem a oportunidade de avistar ao longe, abrigados nas torres finamente detalhadas do Palácio.
Na volta do Palácio, o ônibus já havia encerrado suas atividades e voltamos a pé, caminhando por entre as árvores centenárias, por caminhos onde os nobres circulavam em suas potentes carruagens, qua ainda hoje encantam turistas pelas ruas da pequena Sintra.
Pelas ruas de Sintra, erramos um caminho e entramos em uma viela muito estreita que sobrava apenas um centímetro de cada lateral do carro, com os retrovisores recolhidos. Passamos pelos lugares mais apertados e ao final da ladeira uma surpresa: a rua era sem saída. Tivemos que fazer meia volta em um quintal e voltamos ainda mais tensos por que agora era o apertado na subida. Eu dirigia, a Isa orientava de fora do carro enquanto a Ade, a Neuci e a Neuli, rezavam para que o carro passasse.
Conseguimos sair sem estragos na terra da Nossa Senhora da Pena, que certamente teve pena e nos ajudou e, foi uma pena que não lembramos de registrar uma foto.
Em Sintra, fomos em um beco apertado comer uma Piriquita, depois voltamos pelo caminho de Bucelas, até chegarmos em Lisboa. Obs: Piriquita é um doce tradicional de Sintra e Bucelas e um povoado que, quando na placa de orientação ao tráfego o “L” está com um pequeno traço em cima, dizem os portugueses, “um brasileiro passou por aqui”.
De volta à Lisboa, fomos visitar o Mercado Municipal. No mercado é possível conhecer um pouco da cultura do local, detalhes da culinária, dos preços, dos costumes e a diversidade de produtos da região.
Uma velha senhora vendendo alhos, oferecendo a cada pessoa, passando por nós disse: são turistas e nunca compram nada. Certamente os alhos dela não são atrativos para turistas.
Na saída do mercado dois homens discutiam calorosamente, quase brigando. Ao passarmos por eles, um nos disse: ele bebe e imbirra comigo. Rimos e seguimos em frente para não ficar perto da confusão.
Andando um pouco mais pela cidade, sempre orientados pelo GPS no celular, chegamos a um enorme shopping, El Corte Inglês, com vários andares de lojas das principais marcas do planeta. O turista pode fazer um cadastro e obter descontos de 10% nas compras.
No supermercado, dentro do shopping, com uma variedade enorme de produtos de qualidade, várias gôndolas para degustação de vinhos, queijos, presuntos, bolachas, patês e torradas. Um chef gourmet de renome no País, fazia divulgação de uma marca de bacalhau e preparou três receitas deliciosas. Como a Ade adora bacalhau, só saímos após provar todas. Na verdade não é somente um pedacinho para provar. É quase um prato servido em restaurante.
Amamos a tarde no El Corte Inglês. Vamos voltar.
Belo passeio, belo registro, abs Alceu