No trem elétrico, novamente ficamos maravilhados com o conforto e a beleza da viagem. Chegamos em Edimburgo 50 minutos depois de embarcarmos. Trens partem a cada 30 minutos de Glasgow para Edimburgo.
Chegamos na bela estação de Edimburgo, pedimos informações no Centro de Turismo, pegamos um ônibus e fomos parar em frente ao hotel, nosso novo lar por uns dias.
O hotel fica em frente a um parque e, neste sábado, estava acontecendo uma festa com centenas de pessoas sentadas na grama, fazendo pic-nic, participando de um show com um animador, se divertindo nas barraquinhas que vendiam brinquedos, lembrancinhas, bebidas e comidas.
Apesar da grande quantidade de pessoas pelo parque, tudo estava extremamente limpo, sem um papel sequer no chão. E olha que chegamos no fim da festa.
No parque de diversão os brinquedos são radicais. Jovens, crianças e idosos brincam em aparelhos de grande altura, que giram ou balançam muito rápido e alcançam altas velocidades.
Também neste parque, como vimos em Glasgow, estavam barraquinhas fazendo prévias com a população para lutar pela separação administrativa da Inglaterra. Ao longo do tempo sempre houveram simpatizantes da separação mas agora estão dispostos a uma decisão final. Provavelmente em setembro haverá um plebiscito para afirmar a decisão, se a Rainha deixar, é claro.
Logo em seguida outro e daí realmente concluímos que em Edimburgo é o lugar onde os homens vestem saia.
Na festa, um rapaz que saiu fora do concebido, cometeu alguma irregularidade que nós não vimos, recebeu uma multa do policial, feita em uma maquininha no próprio local. Rapidamente ele deverá pagar a multa para não se complicar ainda mais. Assim é possível entender a total disciplina do povo.
No hotel quem fumar dentro do quarto, nos corredores ou no banheiro tem que pagar uma multa de 50 Libras. É o comportamento correto imposto pelo medo, ou melhor, pelo bolso.
Pegamos um dos belos e confortáveis ônibus, com mensagem do Brasil por conta da Copa, e paramos no centro nervoso da cidade, onde caminhamos pelas ruas sem destino, conhecendo mais uma cidade marrom, observando a beleza da arquitetura de pedras, ainda mais bela que Glasgow.
Em uma praça algo que não havíamos visto em outro lugar. Um cinema ao ar livre. O filme passa em um telão enorme, com uma excelente qualidade de imagem e som. Dezenas de pessoas assistem ao filme sentados na grama.
Não é rotina o cinema ao ar livre em Edimburgo, só acontecia por culpa de um festival de cinemas na cidade, mas a idéia é muito boa e de qualidade.
Entramos em um shopping que é a cara da riqueza. Tudo é muito caro. A camiseta mais barata estava em oferta a 60 Libras. No último andar um restaurante servia comida japonesa em uma esteira e dois suchis em um pratinho, 40,50 Libras. Logicamente saímos do shopping sem comer e sem comprar. Foi somente para sentir o gosto da riqueza.
Opa! Agora sim a coisa descambou. Veja quantos homens de saia nesta foto, menos a Ade e outras duas lá no fundo, claro.
Eles estavam em traje de gala para uma festa tradicional no Castelo da cidade. Passamos olhando, a Ade e Paula pediram para tirar uma foto e eles foram muito simpáticos. Vários se reuniram, fizeram pose e ficaram ainda mais solícitos quanto descobriram que somos do Brasil.
Repare no gordinho da foto do meio. Ele estava um pouco envergonhado e tratou logo de fazer uma pose de machão para sair na foto. Pena que não fomos convidados para a festa. Ficamos com vergonha de pedir.
Os escoceses não gostam que chamam de saia. São os kilts, que eles usam em períodos festivos. O costume vem do século 14, quando os caçadores usavam um tecido feito de lã escovada para protege-los do frio e da umidade. O kilts eram presos ao corpo como um manto. O xadrez, chamado de tartan, mudava de estampa de acordo com o clã daqueles que o usavam. Com a evolução, a moda se transformou e o manto aderiu o formato de saia e hoje é um símbolo da identidade nacional.
Eles usam o kilt com alegria de quem está em festa e ironizam a evolução da veste com este desenho estampado nos souvenirs. Dizem que o costume é usar sem nada por baixo. Isto eu não ví.
Tudo bem que eles não querem ser comparados com hábitos femininos, mas a precisava usar até a bolsinha? Brincadeira, faz parte do traje. Nas lojas estão à venda modelos completos para homens, mulheres e crianças, sempre com estampa xadrez, tartan.
É bonito e parece confortável, eu usaria se a moda chegasse no Brasil.
Graças ao talento do Matheus, filho do meu amigo Marcelo Roika, eu me senti um escocês nesta montagem.
Andamos pela rua da Rose e lembramos da Rose, nossa amiga holandesa, onde vários pubs, serviam bebidas e petiscos, mais bebidas do que petiscos. Alguns copos pareciam uma jarra, eram enormes.
Encontramos um grupo de rapazes que ao perceberem que eu estava com a máquina, pediram para que eu tirasse uma foto deles. Logo em seguida um derrubou e quebrou seu copo. O outro começou a rir e deixou seu copo cair e quebrar também. Como os copos quebraram perto do meu pé eles, mesmo bêbados, se desculparam várias vezes, arrependidos e com vergonha do papelão.
Depois outro e mais outros bêbados iniciavam ainda de dia, a noitada de sábado na rua da noite mais movimentada de Edimburgo.
No café da manhã ficamos impressionados com a frieza dos escoses. A senhora que nos atendia estava de cara fechada, o dono do hotel sequer respondeu bom dia e o filho estava com cara de quem tinha comido e não gostado. Foi chato, mas tudo bem.
Fomos a pé caminhando até o centro, passando por lojas, shoppings e muitos restaurantes que priorizam a beleza nas fachadas.
Com o mapa na mão, chegamos até o Palácio Real Holyroodhouse, onde fica a Rainha quando visita Edimburgo. Na loja de conveniências, vendem souvenires e louças, das mesmas que são fabricadas para a família real. A renda é revertida para entidades beneficentes. A Ade, com sua paixão por xícaras, adquiriu uma original fabricada para a Rainha.
Subimos um morro que oferece uma visão fantástica de todos os lados da cidade. A subida é íngreme, mas nós conseguimos.
Foi naquele morro ao fundo que nós subimos.
Andamos pela avenida, que liga o palácio ao castelo, paramos em lojas, comemos doces, tomamos café e tirámos fotos na escada onde todo turista tira, não sei por que, mas estava escrito nos encartes. Depois outras fotos numa rua que mais parece um corredor, onde os turistas fazem filas para registrar.
Entramos na Catedral de Santo Egídio, de uma arquitetura fabulosa e móveis fantásticos. Durante nossa visita um coral cantava e encantava ainda mais o local.
Paramos para eu provar whisky. Suave, forte, licoroso e alguns nem parecem whisky, tem sabores de frutas ou de madeira. O preço é um espanto. Whisky da mesma marca é bem mais barato no Brasil. No alto valor está o imposto cobrado para inibir o consumo. Na loja tem um whisky que a garrafa custa 18.500 Libras.
A prova é só um pouquinho de cada. Dois ou cinco pouquinhos e pronto, a alegria ressalta.
Muitos artistas de rua fazem seus espetáculos e pessoas estranhas circulam pelas ruas. Enquanto eu provava o whisky, passou um grupo de ciclistas pelados, gritando pelas ruas, com os corpos pintados, acompanhados por policiais, também de bicicletas, só que vestidos. Não deu tempo de tirar uma foto.
Um senhor e uma garota estavam na rua com suas aves de rapina e eu segurei uma por uma. Foi emocionante fazer algo que só tinha visto em filmes ou em fotos.
No começo o falcão estava acanhado, depois de um carinho, que só pode ser feito no peito senão ele ataca, nos entendemos e ao final fizemos até pose para a foto.
Entramos no Castelo de Edimburgo, construído sobre rocha vulcânica. Sua história é registrada desde o século um, mais existem indícios de tempos anteriores há dois mil anos.
Paula ficou emocionada ao entrar no Castelo. Apesar dela ser nossa eterna princesa, ainda não havia entrado em sua residência tradicional.
O Castelo está bem preservado e no local acontecem as visitas de turistas e festas de particulares, que se vestem a caráter para viver o clima medieval.
São várias salas com exposição de armas, brasões, objetos da época, túmulos, igrejas, quartos e salões de festas e recepções. No pátio, várias edificações, como uma pequena vila e em toda volta, canhões para eliminar qualquer inimigo que se aproximasse com segundas intenções, tanto por mar quanto por terra.
As prisões do Castelo, construídas no sub solo, quase sem luz solar, frio, onde os presos dormiam em redes e comiam no chão. Não existiam banheiros e cada sela ficava superlotada. Certamente muitos morreram naquele local.
A prisão dos militares era um pouco menos ruim. Em uma das selas está escrito o motivo que um soldado ficou preso por dois meses e ainda teve que pagar mais dois meses de trabalho voluntário. Ele foi pego bêbado no trabalho.
Em várias salas não é permitido fotografar e, na sala da coroa, um homem gordo e alto ficava observando com olhos atentos a todos, a todo instante. Eu levei uma bronca dele por que ele pensou que eu estava tirando fotos e não estava. Depois da bronca que levei, inocente, tirei uma foto sem ele ver. Não ficou boa, mas eu tirei. Gordo Bobo.
A visita no Castelo foi cansativa mas ainda visitamos uma antiga fábrica de tecidos de lã de carneiros. Os tecidos são caríssimos. Um simples cachecol, por exemplo, chega a custar 180 Libras.
Fomos procurar o cachorrinho mais famoso da cidade. Ele tem uma estátua construída em sua homenagem. Conta a lenda que ele ficou por 14 anos ao lado do túmulo de seu dono, até que morreu. É um modelo de fidelidade, muito visitado e fotografado pelos turistas.
Paramos para descansar e jantar no The Elephant House, decorado com vários elefantes e com uma vista parcial para o Castelo.
Foi neste restaurante que J. K. Rowling, uma escritora britânica, deu sua grande contribuição para a cultura mundial. Ela conseguiu o mérito de fazer centenas de milhares de crianças e jovens a lerem seus livros, alguns com mais de 500 páginas. Seus livros foram traduzidos para 64 idiomas e venderam mais de 450 milhões de cópias pelo mundo todo, que a tornou uma das pessoas mais ricas do Reino Unido e do mundo todo.
Foi uma emoção sentarmos nas mesmas mesas onde foram iniciadas as escritas da série Harry Potter.
Voltamos para casa reclamando de dores nas pernas por culpa daquele morro com mais de 500 metros de altura, mas foi legal, nós três gostamos.
Levantamos cedo, sem bom dia no café da manhã dos donos de cara fechada, arrumamos as malas e saímos no horário para não ganhar multas.
Rodamos de mala e cuia pelo centro, enquanto um esperava cuidando das malas os outros dois passeavam.
Além da alegria e do prazer que estávamos com Paula junto com a gente, ela foi muito útil no quesito transporte. Brincadeira, ela não fez tudo sozinha. Enquanto Ade ficava cuidando eu tirava as fotos.
Enquanto eu esperava a Paula e a Ade, em uma praça, ouvi uns gritos a 50 metros de onde eu estava, olhei e deu tempo de ver ao longe um casal de indianos brigando em plena rua. O homem desferiu dois tapas fortes na mulher que a jogou no chão. Imediatamente um homem e uma mulher que passavam pelo local, interviram, afastaram o homem covarde e consolaram a mulher. A população solidária é mais uma boa característica deste povo.
Fomos para o aeroporto em um belo ônibus, com mesas entre bancos e wi-fi grátis, três horas antes do vôo e foi bom. A mala da Paula ficou presa no raio x e teve que ser revistada. Foi tudo muito engraçado, eu e Ade brincando com ela por que a polícia pegou.
Tudo resolvido fomos passear no enorme DutyFree. O whisky estava bem mais barato. Em oferta duas garrafas por 35 Libras, só que… somente para quem for embarcar para fora da Europa. Para os demais os preços praticamente dobram.
Até breve, quem sabe um dia voltaremos para a bela e formosa Escócia, das cidades com muitas torres, Glasgow e Edimburgo.
De volta para Holanda seguir viagem, já no finalzinho das férias com Paula.