Chegamos em João Pessoa. A cidade tem um jeito tranquilo e novamente o estresse de procurar pouso. A Ade fica esperta procurando, enquanto eu presto atenção no pilotar com segurança.
Depois de muito procurar, pedir informações para taxista, motoboy, porteiros de edifícios e recepcionistas de hotel, descobrimos um flat com a estrutura de um hotel. Esse tipo de negócio é muito bom para quem aluga mas é um mercado informal. Não se paga com cartão ou cheque, exigem pagamento em dinheiro.
Esta é Joao Pessoa vista de uma das praias de Cabedelo.
Ficamos na Praia de Tambaú, bem próximo de mercado de peixes, de frutas, de carne, farmácia, padaria, artesanato, lanchonetes, restaurantes e gente passeando. Na praça os alto falantes instalados nos postes tocam músicas regionais.
A Ade fez um jantar, como sempre excelente, agora já usando alimentos regionais em suas receitas.
A sensação de estar neste local com esta visão e indescritível. O sentimento de prazer é de tal forma que você não consegue deixar de sorrir por dentro e agradecer por este momento.
Este terraço é na cobertura do hotel e nosso apartamento é no mesmo andar. Esta é a visão do nosso quintal.
Na vida é preciso priorizar um estilo. Considerando que “o melhor lugar do mundo é aqui e agora” como diz o poeta Gil, a prioridade é o conforto logo depois da segurança. Estas são considerações que fazemos antes de alugar um local de pouso.
João Pessoa é o extremo oriental das Américas. Aqui é o lugar onde se vê o sol nascer primeiro em todo Continente. Acordei às 4:30 para fazer estas fotos. Vale a pena a sensação de saber que naquele dia você esta sendo o primeiro a ver o sol em toda a América.
Fomos ao mercado central da cidade por ruas e avenidas de boa qualidade, trânsito moderado.
Tem grande diversidade de grãos, verduras, legumes, carnes, frutas, queijos, feitos e colhido no nordeste, quase sempre dos estados vizinhos. Eles sempre dizem que seus produtos vem de fora, parece ser mais importante quando o produto vem de outro estado.
Estas amostra foi me dado por uma senhora, dona da banca de grãos. Eu pedi para ela deixar eu pegar um feijão de cada para fazer uma foto e ela me deu um punhado de cada cor.
Depois desta foto a Ade cozinhou e fez uma salada deliciosa com todos estes grãos.
Aqui no nordeste tem a parte seca que deveria ficar desabitada e o restante milionário em belezas naturais, boa colheita, águas abundando, acreditem, tem espaço suficiente para separar a miséria da seca, da vida com qualidade para as pessoas e animais.
Já ouvi muito falar do problema da seca e de soluções paliativas. Vivem atuando no efeito e a solução definitiva, sempre postergada com a desculpa que logo, logo vai chover e acabar o sofrimento.
A TV mostra deputados estaduais fazendo a caravana da seca percorrendo vários municípios para conhecer de perto o problema, para depois propor ações, fazer relatórios, negociar aprovação, carimbar, registrar, pedir recursos, revisar, adendos, reuniões, novas visitas no local, contratações e muita burocracia, certamente para inibir falcatruas, sem perceber que é justamente ali que ocorrem os desvios. Que falta faz a honestidade. Enquanto este trâmite todo acontece, a solução vai sendo adiada, os animais morrendo, a plantação secando e a magoa se concretando no peito do sertanejo nordestino, que jamais perde a esperança. Infelizmente, a seca é fonte de recursos para muita gente que deveria implementar soluções e preferem vender lenços quando todos choram.
A noite fomos pela bela calçada na orla da praia, ida e volta 6km andando rápido alternando com corridas. Sair para o exercício é difícil mas, a sensação que você sente depois que termina é uma delicia.
O calçadão é quase perfeito para exercícios, não fosse novamente a falta de virtude em fazer bem feito o que precisa ser feito.
Colocaram ladrilhos para piso de média circulação, que quebram com grande tráfego de pessoas e ainda a colocação não ficou perfeita e os ladrilhos se soltam, quebram, fica feio e oferece risco aos transeuntes. Quando arrumam, por falta de ladrilhos iguais, colocam outros parecidos e estão transformando o calcadão em uma colcha de retalhos, com pisos desiguais e coloridos, fora de um padrão. Faltou capricho e inteligência de engenharia e da mão de obra.
Conheci um jovem engenheiro que viaja alugando máquinas pesadas para grandes construtores e é impressionante ouvir de pessoas do ramo, como funciona a corrupção. Do mestre de obras, passando por órgãos oficiais, pelo gerente e pelo empresário, a tramitação somente ocorre mediante dinheiros à parte. Forma-se uma cadeia com o contratante superdimensionando, o contratado superfaturando e a eterna fiscalização cega. Todos ficam com um quinhão. Com certeza, muito de nossos custos poderiam sair pela metade, não fossem essa tal burocracia.
Neste processo, o trabalhador que menos ganha, executa sem o menor principio de proteção, ficando exposto a riscos de acidentes pessoais de gravíssimas proporções. Este homem está a 20 metros de altura, trabalhando sem a devida proteção. Se ele cair e morrer? Tanto faz. Ele nem é “importante” e fica muito caro protege-lo e se houver um acidente não haverá condenações. Muito do dinheiro desviado nas várias instancias, refletem na segurança e no conforto do trabalhador, além é claro, da economia no material das obras.
Caminhando por ruas e calçadas boas e largas, fomos até um supermercado, onde conhecemos uma promoção inteligente. Você faz um cartão e acumula milhas na compra de alguns produtos. As milhas servem para descontos nas próximas compras. Tudo haver. O fornecedor oferece as milhas, o cliente é atraído para a próxima compra por causa do desconto e o mercado faz seu papel de mercado, gerenciando o repasse na mais pura forma do “ganha ganha”. Este é sempre o melhor negócio, aquele que todos ganham.
Na volta trouxemos sacolas pesadas e fica algumas recomendações para carregar sacolas de compras por médias distâncias.
- Faça você mesmo o pacote no caixa e procure dividir o peso nas sacolas;
- Carregue a metade em cada mão;
- Durante o percurso é oportuno fazer exercício de fortalecimento para os músculos dos braços, peito e costa, erguendo e baixando as sacolas em séries repetidas.
- Se cansar pare um pouco e descanse.
Quando cansamos, paramos próximo de uma lanchonete, com músicas ao vivo, onde um rapaz cantava Djavan com maestria.
A noite passamos por uma Exposição de Artes com o nome de empreendorismo. Lá estão a venda trabalhos manuais, quase todos vendidos por quem faz, preços módicos e você conversa com os artistas.
A Ade prepara comida com uma facilidade e sempre muito saborosa. Esta salada por exemplo, é uma refeição nutritiva, muito dentro dos padrões da boa alimentação e uma delícia.
Uma salada com folhas verdes de duas ou três variedades e tomates, podem ser incrementadas por alguns destes ingredientes de sua preferência:
- crotons
- azeitonas
- atum
- queijos ralado ou em pedaço
- filetes de bacalhau, frango, salmão ou presunto
- bacon
- molhos prontos para salada
- ovo cozido
- tomate seco
- castanhas
- pepino
- palmito
- manga
- cebola
- azeite e uma pitada de sal
A base é verde e vermelho e outros ingredientes, misturados a gosto ou disponíveis no momento. A generosa mexida para apurar os diferentes sabores é fundamental. Pode ser com um talher, uma espátula ou com as próprias mãos.
Fomos conhecer as praias do sul da Paraíba, as belezas se repetem e ao mesmo tempo tem particularidades. Por uma Estrada de boa qualidade, fomos 70 km ao sul conhecendo todas as praias onde tinham estradas de asfalto para a beira do mar.
Chegamos em Tambaba onde tem uma praia de naturistas. Entrada somente para casais ou mulheres desacompanhadas.
Enquanto decidíamos se iríamos ou não entrar, ficamos na bela praia rochosa antes da guarita, conhecida como praia do elefante.
Se você ficar em um determinado lugar na areia, com um pouco de imaginação, consegue ver a silhueta de um elefante.
Na guarita da praia reservada aos naturistas, que tem uma associação que organiza, ficamos conversando com a moça da recepção, junto com outras duas senhoras que também não sabiam se iriam ou não entrar.
Apareceu um homem bem gordo, suando muito e queria entrar para conhecer. A moça explicou as regras e ele ficou indignado de ter vindo de Recife só para conhecer esta praia e agora não poderia entrar. Tentou convencer a moça, foi atrás do presidente da associação e até tentou encontrar uma parceira para entrar com ele. Ele estava determinado a entrar. Ninguém aceitou o convite e ninguém o deixou entrar.
Esta foto mostra a Ade na entrada. Com fitinha no cabelo e óculos pode entrar.
Passamos na colonia dos pescadores para comprar camarão e só tinha de cativeiro. O dono disse que camarão pescado no mar virou coqueluche de ricos. Desta vez mesmo sendo de cativeiro os camarões estavam saborosos.
Em Tambaú, fomos caminhar pela praia, lado esquerdo e já no começo fomos impedidos de passar, por culpa de uma estrutura enorme de um hotel, que foi construído no início da década de 70, na faixa de areia da praia.
Dizem por aqui que correu muito dinheiro por fora para conseguir as autorizações, já naquela época. Nada mudou.
Em 2.012, na cidade está em construção um enorme shopping em terreno da prefeitura. Ouvi dizer que em troca de autorizações, os investidores ofereceram uma reforma na associação dos funcionários públicos. Não aceitaram. Ofereceram mais uma chácara de lazer. Não aceitaram. Ofereceram urbanizar todo o entorno do shopping e talvez outras ofertas mais e o shopping está sendo construído a todo vapor, onde não deveria ter construções.
Fomos assistir o pôr sol no Rio Paraíba que, com uma bela apresentação artística, valoriza ainda mais o espetáculo.
Um homem com um Sax toca o Bolero de Ravel navegando em um barco em meio a catamarans e lanchonetes lotadas de turistas. Por volta das 17h, assistimos o 4.403ª espetáculo, que já está no livro dos recordes na modalidade de tocar Bolero de Ravel em um barco sobre o rio.
As 18h, uma simpática violinista toca Ave Maria, deixando todos emocionados. Depois dos shows eles tocam, dançam e vendem seus CDs, interagindo com os turistas. Um verdadeiro espetáculo apresentado todos os dias na Praia do Jacaré.
Visitamos a cidade enfeitada para o Natal e novamente tenho que elogiar o trânsito pelos motoristas pacientes, educados, não buzinam, velocidade compatível, respeitam o pedestre, asfalto é bom, um vento 24 horas, refrescante, diversidade no comércio, limpa e agradável.
Passei pela barraca de frutas e vi um preço que ontem paguei 10, hoje era cinco e achei até por 2 reais um quilo de graviola. Fui reclamar e percebi que eu também falhei na compra. Quando cheguei para comprar fiz perguntas sobre a fruta. Quando estava madura, onde colhia, qual era melhor, a grande ou a pequena, enfim, cena típica de turista que não conhece a fruta. O vendedor considerando tudo isso, explorou no valor. Eu na ignorância, paguei. Apesar de explicado ele continua errado. Aproveitou da situação de forma desonesta. A graviola estava boa e refrescante, ainda bem.
A noite festa na cidade por conta do Dia de Iemanjá. Centenas de pessoas, grande parte vestidos de branco vieram à praia, reverenciar a rainha do mar, considerada pelos umbandistas.
Chegam vários grupos em comboio, até uma enorme tenda montada na praia, onde fica o castelo da rainha do mar.
Cada grupo carrega a imagem da santa e a maioria das pessoas trazem presentes. Flores e objetos de todo valor são jogados no mar e em algumas ocasiões, até jóias são ofertadas.
O comércio de flores se espalha pela região e todos querem jogar um buque ou no mínimo uma rosa no mar. O mar devolve todas. Mesmo sabendo, as pessoas jogam as flores na arrebentação das ondas.
Os grupos organizados chegam ao seu estilo, fazem seu cerimonial, homens vestindo branco e mulheres bem pintadas e trajadas como se fossem baianas com turbantes, colares de miçanga no pescoço, saias longas, rodadas e coloridas.
Os grupos organizados levam suas oferendas até um barco em cerimonial, para jogar em alto mar, longe da arrebentação.
Soltavam fogos de artifícios a todo momento e de forma imprudente. O vento devolvia fagulhas sobre as pessoas.
No meio da multidão é possível avaliar, analisar e observar costumes e trejeitos. Muitas meninas sem namorados e muitos meninos afeminados. São muitos e bem notórios. Fazem questão de se fazer perceber, com os movimentos do corpo e na forma de falar. O novo e jovem afeminado já se tornou normal. É o terceiro sexo escancarado, enfiando a sua cara. Não tem volta, apesar do masculino e do feminino serem o suficiente, precisamos entender que o amor não se resume em sexo e muitos são felizes com suas opções de convívio mútuo. Pessoas de mais idade ficam horrorizados e impassíveis.
Para um bom convívio, o comportamento de cada uma das partes deve praticar e conquistar o respeito e a fraternidade. Que isso também ocorra quando o quarto sexo, o ser cibernético, estiver no nosso convívio.
Pessoas abandonadas ao próprio destino estão por toda parte, dormindo nas calçadas. São velhos, jovens e crianças que, mesmo com as mãos sujas, cultivam a ternura infantil de dormir com o dedo na boca.
Hoje vi na TV a Rainha da Inglaterra, fazendo novamente uma pergunta que já fez há algum tempo atrás: Por que países estão em crise, se existem riquezas para comprar os recursos?. Como ninguém deu a resposta, ela mesma respondeu, com uma bela sacada. Deu uma entrevista ao lado de milhares de barras de ouro, mostrando a riqueza e dizendo que a crise era por pura incompetência na gerência de recursos.
A declaração da Rainha, ao lado da riqueza, foi uma tentativa de envergonhar os gestores públicos. Espero que ela tenha conseguido sensibilizar tais incompetentes no mundo todo.
Enquanto crianças chupam o dedo na rua, a riqueza esbanja nas grandes obras consumistas com empreendimentos faraônicos e com os políticos reeleitos mesmo com fama de ladrões.
A dança de capoeira esta por toda parte, camelôs vendem seus produtos com um microfone próprio, fazem artes exclusiva nas praças e feiras de artesanatos.
Um artista cobra 90 reais para esculpir seu busto na argila. Outro usando um compressor, joga tinta em camisetas e vestidos brancos, formando estampas exclusivas.
Artistas de rua, quase sempre, criam com movimentos rápidos. Seria para esconder a técnica ou ele incorpora os sentimentos da arte?. É sempre bonito de ver.
Hoje tentei ajudar um senhor de 51 anos com jeito de 60, piscineiro há 25 anos, trabalhando quase todos os dias. Tem em torno de 30 clientes e cobra mensalmente o valor de 250 a 500 reais por piscina que cuida. Disse que o sonho dele é montar uma empresa. Falei para ele ir no sebrae buscar informações, montar sua própria empresa e tirar férias. Ele tem dinheiro e nunca teve férias que não fosse passear na casa de parentes aqui mesmo na região. No dia seguinte disse que foi no sebrae e fez inscrição para participar de um curso na semana que vem.
Caminhando pela praia passamos por uma moça chorando, andando para todos os lados, com olhos de apavorada. Em Volta tinha bastante gente mais ela estava sozinha em meio a multidão. Paramos, a Ade perguntou e ela tinha perdido uma menina, sua prima, que veio com ela até a praia. Falei para se acalmar e nos oferecemos para ajudar a encontrá-la.
Fizemos algumas perguntas básicas:
- a cor da roupa que estava vestindo;
- o tamanho da criança;
- a cor e tamanho do cabelo;
- altura;
- nome da pessoa que está perdida.
Assim que Ela respondeu pedi para que permanecesse naquele local onde sua prima sumiu, para ficar um ponto de referencia, que eu e Ade iríamos um para cada lado procurar. Quando estávamos saindo um para cada lado, a menina apareceu. Foi uma alegria nossa e principalmente dela. Nos despedimos e continuamos a caminhada pela praia.
Lá em Balneário Camboriú, no Estado de Santa Catarina, considerado o melhor do Brasil no “Prêmio O Melhor de Viagem e Turismo”, por 7 anos consecutivos, tem um exemplo a ser seguido. Quando uma criança se perde, todos colaboram batendo palmas por onde quem perdeu passa. Assim é possível que todos saibam que tem alguém perdido e ajudam na busca. Aqui quem perdeu chora sozinha na multidão ninguém oferece ajuda e não tem guarda vidas.
Até o próximo Trecho.
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