Nosso ponto de partida foi Curitiba, onde moramos há mais de 30 anos. Nossa cidade é conhecida como a capital do frio, a capital da cultura, cidade sorriso e considerada de grande influencia na cultura política do Brasil.
Curitiba é moderna e tem uma rica história de qualidade de vida, projetada por bons urbanistas que trabalharam na Prefeitura por muitos anos e alguns chegaram a ser prefeitos. Creio que o sucesso e reconhecimento da cidade como modelo de urbanização é por conta desta continuidade das mesmas pessoas trabalhando na administração da cidade.
A capital do Paraná é mundializada, abrigando colônias de moradores, onde o árabe conversa ao seu lado, o italiano tem um bairro próprio, o japonês tem praça, o português, o latino americano, coreano, chinês, negros e brancos, ricos e pobres interagem num ambiente propício para a qualidade de vida.
Curitiba é um palco. O ponto popular das discussões é na Boca Maldita, localizada na menor avenida do Brasil. Neste espaço sempre teve uma cafeteria. A desculpa é o café mas a intenção mesmo é a liberdade de passar um tempo e provar da lenda que a Boca Maldita oportuniza a todos a liberdade de discutir e dar sua opinião, sem se interessar com as consequências. Pode ser falado de tudo e quem não gosta do papo, vai embora.
Na Boca pode discutir futebol, religião, política, contar piadas, falar dos outros e, principalmente, fazer e encontrar amigos. O local é especialmente machista, apesar de não ser proibido a presença e participação das mulheres. Ali se encontram aposentados, profissionais liberais, políticos, artistas, ricos, pobres, malandros, mendigos, desocupados, dentre outros e eu, que sempre gosto de frequentar.
Outro local bom para um bom café e frutas da melhor qualidade é o Mercado Municipal, bem próximo de casa, ponto de visita obrigatória para turistas. Aos sábados e domingos pela manhã fica lotado de gente que vai para conhecer ou comprar os mais diversificados produtos alimentícios, além dos bons restaurantes com sabores variados.
Falando em café, outro lugar que também é nosso hábito frequentar nos sábados pela manhã é o Moka Clube Assinatura de Cafés Especiais. Lá se reúnem adoradores do “ouro negro”, para uma agradável conversa e degustação dos melhores cafés do Brasil, preparado pelos melhores baristas.
Além do Jardim Botânico, da Boca Maldita, do Mercado Municipal e do Moka, Curitiba conta com dezenas de museus, teatros, memoriais, bosques e praças, que fazem da cidade, uma das que mais oferecem atrativos para a população, a grande maioria gratuitos. A cidade alimenta uma lenda, ou fato, de que um show para fazer sucesso tem que estrear em Curitiba.
A foto abaixo é do teatro Guaíra, principal palco da Cidade. Mas tem também o Teatro Paiol, o Opera de Arame, o Positivo e dezenas de pequenas salas de exibição espalhadas pela cidade. Uma vez por ano a cidade se torna a Capital do Teatro, com um festival internacional da arte.
A noite é badalada com dezenas de bares que apresentam os mais variados estilos musicais. Os shoppings são bonitos e as feiras de rua é atração, com belas opções de frutas, verduras, comidas e artesanatos. A mais tradicional de artesanato acontece todo domingo pela manhã no Largo da Ordem.
Nas feiras do dia-a-adia, que acontece nos bairros todos os dias, vale muito ir para tomar um caldo de cana e saborear aquele pastel especial, frito na hora.
A culinária curitibana é bem diversifica e oferece sabores variados e tradicionais em restaurantes clássicos, que persistem no tempo, dentre os mais antigos estão:
⇒ Stuart Bar (114 anos) serve a Carne de Onça
⇒ Mignon Bar (93 anos) serve Pernil cm Verde
⇒ Casa Velha (91 anos) serve Porção de Bolinho de Carne com Provolone
⇒ Bar Palácio (88anos) serve Churrasco Paranaense
⇒ Confeitaria das Famílias (73 anos) serve Rosquinha Espanhola com um belo café
⇒ Restaurante Cascatinha (69 anos) serve Rodízio com Polenta, Risoto, Massas Frango e Salada
⇒ Churrascaria Ervin (68 anos) serve Filé Mignon com Maionese, Pão e Salada
E vinte tem o Ile de France (65 anos), o Velho Madalosso (55 anos), o Restaurante Veneza (53 anos), o Imperial Bar e Restaurante (52 anos) e dezenas de outros com menos de 50 anos, com variadas opções de sabores regionais, nacionais e internacionais.
A região em torno da cidade, também oferece uma quantidade enorme de atrativos, como o Canion Guartela, as formações rochosas de Vila Velha, a lendária cidade da Lapa, as históricas cidades de Antonina e Morretes, a Estrada da Graciosa, o passeio de trem, enfim…
…vale muito conhecer Curitiba e região.
Foi desta cidade maravilhosa, que escolhemos e que nos acolheu, que agora estamos deixando para mais uma temporada de vida nômade, na nossa terceira expedição, agora pelas Américas.
A triste hora alegre da partida
Uma festa de despedida com amigos, uma não três, com muito choro, abraços e felicitações. Engraçado, todos apoiam nossas aventuras, mas choram quando partimos. Não se preocupem…
…é certo que nós voltaremos
Por várias vezes adiamos o dia da partida, por diversos motivos, nenhum relevante. Foi somente para ficar mais um pouco com a família, curtindo a caca com muitos passeios, também para os testes iniciais nos equipamentos, nosso novo lar-doce-lar.
Fomos visitar parentes em Maringá, no Mato Grosso do Sul, viajamos até o interior de São Paulo, descemos a Serra da Graciosa algumas vezes e acampamos várias vezes nos campings da região de Curitiba, sempre levando convidados.
A decisão de partir em busca dos sonhos, foi especialmente por conta de nossa idade para realização de grandes aventuras. Eu com 60 anos e Ade com um pouco menos, não podemos esperar. Ou partimos ou desistimos dos sonhos.
Partimos
Tudo pronto com documentos, acessórios, equipamentos e utensílios, marcamos a saída para o dia 22 de dezembro de 2017, com vontade de levar alguns amigos e parente, mas como só cabem 2, prometemos compartilhar fatos e fotos da viagem toda.
A primeira parada, conforme planejado, foi Balneário Camboriú onde passamos o Natal com parte da família que estavam em veraneio.
Balneário Camboriú é o glamour do sul do Brasil. Ali se reúnem quem vem de várias cidades de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e dos países vizinhos Paraguai, Uruguai e Argentina, iluminados pelo foco colorido do Cristo Luz, praia mansa e muita agitação diuturnamente.
Na verdade a expedição começou mesmo no dia 26, quando deixamos os parentes, novamente, com muito choro na despedida. Não entendo! Todos apoiam e na hora da partida choram como se estivessem tristes. Não fiquem, é certo que voltaremos. Ainda tem os meios de comunicação que irá amenizar quase todas as saudades.
Passado o Natal, partimos para a segunda parada: a bela praia de Garopaba. Ficamos dois dias em um belo camping, com toda infra-estrutura, lotado de veranistas exibindo seus mais variados estilos de acampar.
A praia, de água gelada, fica cheia com pessoas brincando na areia, fixando um bronze e poucos brincando na água.
Garopaba é tipicamente uma cidade de pescadores e conta história de antepassados índios Carijós, os primeiros habitantes, invadidos por navegadores espanhóis que aportaram fugindo de uma tempestade, em 1.525. Ainda hoje pescadores tentam sobreviver com a pesca que ainda continua artesanal.
Em suas belas praias, turistas aparecem para surfar ou para observar o mar na esperança de avistar alguma baleia ou simplesmente para se encantar com a natureza.
Os açorianos, que diversificaram a população de índios, deixaram seus estilos na arquitetura da igreja, de alguns poucos casarões e na Gruta Nossa Senhora de Lourdes. Tem diversas praias, algumas cachoeiras e as dunas do Siriú.
Quando cheguei na gruta um senhor estava fazendo manutenção mal e porcamente quando eu lhe perguntei se era um voluntário na obra de reparo. Ele disse:
– eu não faço nada de graça, tenho que comer. É o padre que me contratou.
Certamente o padre ocupado com os fiéis não fiscaliza a obra, se não, teria dispensado aquele pedreiro de meia colher, meia mesmo.
Saindo de Garopaba seguimos até a praia do Cassino, confirmada pelo Guinness Book, como a maior praia em extensão do mundo, com 254 km de comprimento.
Na maior praia do mundo tem espaço até para os carros, que podem estacionar na areia, bem próximo ao mar.
Foi lá que perdemos meio dia tentando cancelar nosso plano pôs pago de telefone celular. Quando a atendente perguntou o motivo do cancelamento, eu disse que estávamos iniciando uma viagem por varias meses para fora do Brasil e a ligação em seguida caia. Depois da quinta tentativa, eu disse que entrei numa fria e não teria mais dinheiro para pagar as contas. Fiz uma voz de choro e ela concluiu o cancelamento. Certamente ela considerou: esse cara não tem dinheiro e vai dar trabalho. Deixou de insistir em me manter como cliente. Uma falta de respeito, mesmo assim não me tiraram o sossego, afinal, eu e Ade estamos iniciando um grande sonho e não permitimos que uma telefônica nos tirasse do sério, mas quase.
Deixa pra lá
Mais de boas estradas, passando pela reserva do Taim, onde grandes retas requerem atenção especial também com animais que podem cruzar a pista, até que chegamos na divisa internacional de Brasil e Uruguai. Nossa aventura intencional começa no próximo post.
A tristeza que ficamos é a mistura de saudade com vontade de ir, vão, voltem, sempre!
Aguarde que voltaremos com muitas história pra contar, preparem os ouvidos. Um beijo meu e da mamãe.
Boa sorte.. Vou acompanhar tudo..
Legal Cristina, vamas caprichar sempre. Um abraço