Posts Recentes 3 Na Rota dos Queijos e das Águas que Curam

3 Na Rota dos Queijos e das Águas que Curam


 

 

Dormimos em um posto 24 horas, fora da cidade por ser mais seguro e foi mais uma noite tranquila. Pela manhã depois de abastecer, como sempre o fazemos no posto que dormimos, fui calibrar os pneus e encontrei um borracheiro meio de mal com a vida. Ele estava com uma cara de poucos amigos, mas concordou em calibrar. Pedi a ele para colocar 70 libras, mas não gostei como ele fez o trabalho.

 

 

Já na estrada, após alguns quilômetros, um dos pneus murchou de imediato. Foi um bico que explodiu. Tive que parar num local não muito seguro, sinalizei e troquei o pneu. Quando fui dar a partida, o motor não pegou por conta das luzes, alerta, gps e rádio que ficaram ligados. Aí começou uma nova saga. Tentei com um aparelho que comprei para dar partida de emergência e não consegui. Tentei várias vezes parar um carro para fazer uma “chupeta” e ninguém parou. Não tinha sinal de internet e não foi possível acionar o seguro.

Havia um posto e um hotel nas proximidades, Ade foi até lá mas não conseguiu ajuda. A região toda estava sem sinal de internet e ninguém se mostrou disposto a nos socorrer.

Quase tudo estava perdido quando ao longe avistei um telefone da concessionária do pedagio. Caminhei até lá, liguei e me prometeram socorro. Passaram-se quase duas horas e ninguém apareceu. Continuei tentando parar um carro até que finalmente um parou. Devo considerar que o local era perigoso e quase todos os veículos passavam em alta velocidade, mas alguns até poderiam ter parado, mas não o fizeram.

 

 

Com a parada daquele carro, quando já estávamos sem saída uma incrível coincidência se desvendou. Meu sobrinho que mora no Mato Grosso do Sul, estava voltando com a família de uma visita a Basílica de Aparecida, passou pela estrada, me reconheceu, fez o retorno e acabou com nossa angústia. Foi emocionante rever a família, ainda mais numa situação inusitada como aquela.

Fizemos a “chupeta” o motor funcionou e seguimos até o posto, local mais seguro onde tinha uma borracharia e onde gente matou a saudade da família que surgiu como um milagre. Todos nós ficarmos emocionados.

O borracheiro arrumou o pneu, trocou pelo estepe e eu pedi para ele conferir os outros pneus e descobrimos que aquele borracheiro desqualificado que calibrou os pneus pela manhã, colocou 80 e até 85 libras. Talvez por isso o bico tenha explodido. Mesmo que com um pouco de raiva dele, ainda desejo que fique feliz e com saúde, mas ainda acho que ele sacaneou ou é um desqualificado mesmo.

Ade fez um café e em seguida nossos familiares seguiram o caminho de volta pra casa e nós seguimos o nosso em busca da Rota do Queijo.

 

 

Vida que segue. Como já era nosso plano, chegamos na  cidade de Pardinho, onde produzem queijos artesanais que já foram premiados em concursos nacionais e até em nível mundial. A pequena cidade faz parte da Rota do Queijo de São Paulo que ainda está sendo organizada e divulgada.

Fomos até uma queijaria pensando em visitar o laticínio, mas eles só liberam um dia por mês para visitas e não era no dia que lá estávamos. Mesmo assim, provamos os queijos, compramos um deles e aproveitamos para conhecer o “Gigante Adormecido”, um conjunto de montanhas que, com um pouco de imaginação, até parece um homem deitado.

 

 

 

Sem mais informações para encontrar outros laticínios de queijos, seguimos para o Caminho das águas, mais conhecido e bem divulgado.

A primeira parada foi na menor cidade do Estado de São Paulo, Águas de São Pedro, que explora o turismo com suas águas medicinais, culinária, natureza e cultura.

Como não tem camping, dormimos na praça em frente um módulo policial. Foi mais uma noite tranquila.

 

 

Dia seguinte passeamos a pé pela cidade e bem no centro, paramos para admirar o Escadão das Águas, o Fontanário Municipal, o Spa Thermal, a Boulevard e o comércio em geral. Provamos a coalhada típica da cidade, a venda em vários bares.

 

 

 

No Fontanário Municipal, provamos as três águas medicinais que brotam das fontes da região, onde os moradores costumam beber no local ou enchem garrafas e garrafões e levam para tomar em casa.

 

 

O Fontanário tem torneiras com água da Fonte Gioconda, indicada para doenças no fígado, vesícula biliar e intestinos. Tem água da Fonte Almeida Sales, indicada para tratar azia, gastrite, diabetes e cálculos renais e tem a água da Fonte da Juventude, indicada para tratar reumatismo, diabete, alergia, asma, colite, moléstias de pele, intoxicação e inflamação.

A mais consumida é a Água da Juventude. Na cidade as pessoas dizem que tem bem mais idade do que aparentam, só pra mostrar que a Fonte é mesmo boa. Um senhor me disse sorrindo que já tinha 95 anos, mas aparentava no máximo 60 anos.

 

 

No Spa municipal tem recortes de jornais e gráficos informando as propriedades da águas e as experiencias com curas que foram registradas.

 

 

 

Tomamos um banho com as águas da Juventude no Spa. Foram 20 minutos de relaxamento numa banheira individual, sentindo as águas macias e deslizantes. Com apenas um banho acho que ficamos uns três dias mais jovem.

 

 

Na estrada novamente, desviamos um pouco o caminho para comprar uma orquídea, em Holambra a cidade das flores, paixão da Ade.

Viajar como nômades é mesmo assim. Sempre antes de cada viagem fazemos um plano da rota com os destinos que escolhemos. No entanto, durante o caminho, se descortinam atrações que não estavam programadas, mas que vale a pena conhecer, mesmo que tenhamos que desviar. Assim foi com Holambra. Na estrada uma placa indicava para a cidade das flores e lá fomos nós para Ade comprar uma orquídea.

 

 

Depois seguimos para Águas de Lindóia, mais uma cidade do Circuito das Águas. Rodando pela cidade encontramos uma feira de rua com produtos diretos do produtor, tudo de boa qualidade. Fizemos a feira comprando frutas e verduras, depois provamos um quibe, famoso na cidade.

Como o espaço da feira é bastante amplo, conversei com um policial, que nos garantiu ser ali um lugar seguro para passar a noite. Disse que fazem ronda naquela região e lá ficamos para mais uma noite tranquila.

 

 

Dia seguinte subimos o morro do Cristo, a 1.200 metros de altitude, de onde se tem uma bela visão panorâmica da cidade que também serve como base de apelo espiritual.

 

 

 

 

O principal atrativo da cidade são as águas minerais. É referencia mundial em termalismo, considerada uma das águas mais oxigenogasosas, utilizada de forma metódica e científica no tratamento de cálculos renais, eczemas, artrite, ácido úrico, dor de cabeça crônica, fibromialgia, problemas circulatórios e na pele, alergias, diabetes, prevenção de varizes e muito mais.

Saindo de uma profundidade entre 2.850 e 5.600 metros, as águas guardadas na profundezas oscilam de 110º a 135º graus centígrados, que escorrem através de fendas na rocha e chegam a superfície com 28º graus, numa produção de até 60 mil litros por hora.

Chegamos no Balneário Municipal às 12:30h e tinha acabado de fechar. Ficamos sem rejuvenescer mais três dias.

 

 

Nas torneiras do lado externo do Balneário, muitos carros param o tempo todo para pegar água mineral, direto da fonte, para levar para casa. Conversei com alguns deles e percebi que eles tomam da água por ser potável, sem se importar com suas qualidades medicinais.

 

 

Tudo começou quando começavam a chegar pessoas de toda redondeza para beber e banhar-se com as águas da fonte. Logo as notícias se espalharam e cada vez mais vinham turistas em busca da cura pelas águas. Em 1.900 o Dr. Francisco Tozzi reconheceu e publicou as propriedades medicinais das águas radiativas com ação terapêutica e até construiu um hotel para abrigar os visitantes.

No primeiro plano da foto é onde estão as minas que abastecem o balneário, toda protegida sem acesso aos visitantes.

 

 

Em 1.903, uma cientista da Europa, ganhadora do Prêmio Nobel de Química, veio ao Brasil para conhecer a novidade da região. Ela estudou, analisou e após comprovada a propriedade das águas, a Madame Marie Curi se tornou uma grande divulgadora das águas de Lindóia e hoje é a principal homenageada da cidade. Foi por conta de suas conclusões que a fama da cidade cresceu e hoje é uma dos principais destinos turísticos do Brasil.

Também por conta das respeitadas pesquisas de Madame Curi, a NASA escolheu as águas de Lindóia para abastecer a Apolo 11, primeira nave a pousar na Lua.  A NASA comprou 100 dúzias de garrafas com 500 ml, por conta da sua baixa acidez e rápida absorção pelo organismo.Tem até a nota fiscal para comprovar.

Tem uma estátua, pinturas, jogos interativos, recortes de jornais e muitas fotos da madame Curi, em agradecimento ao parecer dela, que mudou a história da cidade.

 

 

Depois da exploração do turismo por conta das curas das águas medicinais, empreendedores começaram a engarrafar as águas, primeiramente vendendo-as para turistas na cidade, depois no estado, em todo território nacional e hoje até exportam para alguns países.

 

 

Seguindo pelo Caminhos das Águas, paramos em Poços de Caldas, já em Minas Gerais,  mais uma cidade turística que explora as propriedades das águas medicinais.

 

 

 

Na Praça do Macaco tem bicas que jorram o tempo todo, onde as pessoas podem beber a água santa direto da fonte ou engarrafar e levar para casa .

 

 

Das fontes daqui brotam águas com propriedades relaxante, descongestionante, analgésica, anti-inflamatória, hidratante e vasodilatadora. O poder de cura das águas são para uso tópico, doenças reumatológicas, doenças dermatológicas, lesões cirúrgicas, ortopédicas traumáticas e recuperação de ferimentos.

Observei um senhor com a perna em baixo da torneira e ele me disse que estava com dores no joelho e vinha ali todos os dias para fazer o tratamento. Como ele garantiu que estava melhorando, eu que também estava com um pouco de dores no joelho, aproveitei e lá fiquei uns 15 minutos com a perna de molho. Confesso que a dor passou.

 

 

Poços tem dois balneários que oferecem banhos de imersão em banheiras individuais. O primeiro que visitamos, feito para atender turistas que se hospedam nos hotéis de luxo da cidade, cobrou 50 reais por um banho de 20 minutos. No cardápio deles tem banhos com ervas e massagens que chegam a custar até 450 reais.

No outro balneário, mais popular, o banho de imersão de 20 minutos, com as mesmas águas, sai por 20 reais. Tomamos o banho de imersão de 20 minutos no balneário mais barato e de lá saímos com pelo menos três dias mais jovens. Só nesta viagem acho que já ficamos 6 dias mais jovens.

 

 

Passamos no Mercado Municipal, local que sempre visitamos nas cidades que passamos. Afinal, entramos em Minas Gerais. Lá compramos queijo e comemos torresmo num bar com muitos desocupados tomando cachaça e comendo torresmo por volta das dez horas da manhã.

Como nós também somos desocupados, aproveitamos, mas ficamos só no torresmo.

 

 

 

Visitamos algumas lojas de pedras e de cristais, produtos típicos da cidade com vários artesãos, fábricas e comércio da arte de esculpir vidros coloridos.

 

 

Subimos com o teleférico até o Cristo, que fica numa montanha a 1.683 metros de altitude. Quando chegamos o tempo fechou e choveu forte durante uma hora. O teleférico parou e ficamos presos no alto da montanha.

Aos pés do Cristo tem uma bela estrutura com comidas, artesanatos e produtos regionais. Enquanto chovia, passamos o tempo visitando as lojinhas,  fizemos um lanche até que a chuva passou e deu pra gente descer com segurança.

 

 

 

 

Neste roteiro saímos abastecido com bons queijo e um pouco mais jovens pelos banhos que tomamos e agradecidos pelos belos passeios e pelas pessoas que encontramos.

 

 

 

 

 

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Related Post