Passamos por El Calafate, a cidade, jantamos uma desejada pizza regada a um bom vinho regional e dormimos no conforto de nosso lar, no posto da YPF que, como sempre, oferece uma bela estrutura para servir quem está na estrada.
Passamos por mais uma fronteira entre Argentina e Chile, desta vez, a moça da aduana fez uma geral na Caca e confiscou nosso mel, nossos limões e nossas castanhas, além de deixar a sujeira de suas botas em nossa casa.
Chegamos em Chile Chico e compramos tudo outra vez, o suficiente para comer antes de cruzarmos novamente outra fronteira.
Chile Chico é uma pequena cidade, porta de entrada para quem visita um dos importantes santuários da Patagônia, a Catedral de Mármore.
Da cidade começa a estrada mais assustadora que já passamos. Logo no início, uma montanha verde mostrou uma das emoções da estrada de “horripil”, que leva até Puerto Rio Tranquilo, onde fica o santuário natural.
É impossível escolher os buracos para transpor e a velocidade segura fica em torno de 20km/h, mesmo assim com dor na alma de tanto que trepida.
Mais a paisagem encanta a cada 100 metros.
Paramos algumas vezes para admirar tamanha beleza que a natureza foi capaz de gerar naquele pedaço abençoado pelo belo.
As montanhas gigantes com pedras soltas, causavam temor quando pensamos se uma se soltar e nos acertar. São muitas evidências de pedras pequenas e enormes que rolaram pelas encostas.
Nesta foto ficou a dúvida se a pedra quase esmagou a casa ou se o dono da casa aproveitou a proteção da pedra gigante que rolou da montanha.
As curvas, subidas e descidas são constantes desafios para a prática da Direção Segura. A velocidade é quase sempre muito baixa, às vezes se consegue alcançar 50km/h. O vento, tão forte, faz com a poeira com pedrinhas ultrapasse a Caca e sopra para frente.
Nunca vi isto na vida. Ser ultrapassado pela poeira.
Os penhascos causaram medo na Ade que a todo momento pedia para eu ir “mais pra lá”, até que que chegou um momento, numa parte muito crítica, que ela desabou a chorar. Apesar dos grandes riscos a todo momento, mantive a calma e a condução com muita atenção, usando marchas apropriadas e velocidade compatível.
Eu estava adorando a estrada mais radical da minha vida enquanto Ade desabava em choro.
Após mais de 100 km de muita emoção, chegamos na tão esperada Carretera Austral, uma das estradas mais famosas e belas de todo mundo.
Mas o rípio não acabou e os buracos também não. Agora com chuva a emoção só aumentou. Consegui acalmar Ade pedindo que fechasse os olhos nas partes mais radicais. Quando eu pedia ela tapava o rosto com o cachecol e parou de chorar.
O maior dos perigos nem é a estrada ou os precipícios. O maior perigo fica por conta dos veículos que cruzam, sem diminuir a velocidade, numa estrada estreita, com nenhuma área de escape.
Principalmente os moradores da região, trafegam em velocidade acima dos 70km/h com suas caminhonetes vermelhas e os enormes caminhões que fazem sinais com as luzes e tocam em cima, sem se importar se vai ou não te jogar para os desfiladeiros. Além de preocupado,
xinguei eles, várias vezes
Chegamos ao anoitecer na pequena vila de Puerto Rio Tranquilo, de onde partem os barcos para conhecer as Capillas de Mármol.
Fui me informar sobre os passeios e o cara da agência me atendeu de uma forma muito honesta, oferecendo seus serviços e me dando opções de outras agências que também fazem os passeios. Fui em mais duas agências e voltei para navegar com ele.
Jantamos em frente ao lago e lá se foi mais uma garrafa de vinho, que nunca falta na nossa pequena adega. Dormimos como pedra em frente ao lago para amenizar a tensão que sentimos na tão esperada Carretera Austral.
São quinze minutos de barco até as capelas de mármore que se deixaram esculpir pelo vento e pelas águas ao longo do tempo, formando mais uma inenarrável paisagem assinada pela mãe natureza.
Milhares de anos deixaram às descobertas, camadas de mármores coloridos pelo carbonato de cálcio, quartzo e limonita que, com o contraste dos tons azuis cristalinos do Lago General Carrera, o maior do Chile, encantam os olhos e a alma.
Os barcos são pequenos e só navegam em dias de pouco vento, assim eles podem entrar por dentro das cavernas de mármores, com nomes dignos para o Grande Escultor: Catedral de Mármore e Capelas de Mármore, além de diversos outros pequenos santuários que não foram batizados, mas que ficam de portas abertas para o barco entrar.
No interior das cavernas as águas se mostram transparente no tom verde esmeralda, deixando aparecer o piso e os troncos de árvores petrificadas pelo tempo.
São apenas alguns lugares que a montanha permitiu acesso aos olhos. Certamente por baixo das águas muitas outras obras de arte estão encobertas, esperando a vontade do tempo para expo-las aos simples mortais que visitam a Patagônia.
O dia estava lindo para o passeio de barco, era no meio do dia e as águas do lago estavam tranquilas.
Para quem visita a Patagônia, não pode deixar de visitar mais este santuário da natureza, no sul do Chile. Tanto a estrada como a esculturas naturais, valem cada centavo investido.
Uhullll
Boa Maurício.
Valeu a descrição.
Quando voltar pergunta pra Ade se ela gostaria de voltar a essas estrada….
A Ro fala todos os dias em voltar aí….