Viajamos por estradas de boa qualidade saindo do Ceará rumo ao Piauí com chuvas fracas, muito calor e com o forte sol na maior parte do percurso.
Chegamos em Parnaiba visitamos as praias da região em busca de um local para pouso, não encontramos e voltamos para a cidade.
As pousadas que visitamos pertencem a famílias que cuidam e os hóspedes convivem com a família do dono. Preferimos um hotel na cidade que apesar de ser o melhor da cidade peca no atendimento e na limpeza.
Jantamos no centro histórico da cidade, às margens do Rio Parnaíba, com casarões antigos e lojas de artesanato.
Aqui começa o Delta do Parnaiba que é formado por vários braços de rios que deságuam no mar. O turismo é muito caro, em torno de 300 reais para um passeio de 4 horas pelas ilhas da região. Como é caro a população local nunca vai aos passeios e não sabem falar sobre as atrações. Na agência de turismo a atendente se limita a entregar um folder com os passeios e os valores.
Dependendo do horário é possível o transporte com barcos de linha que transporta moradores para as ilhas, a um valor baixo. Alguns barcos vão num dia e voltam no outro. Sempre lotados com pessoas, compras e animais.
O litoral do Piauí tem 66 km e ainda está em fase de crescimento com a construção de casas de veraneios, hotéis, shoppings e infra-estruturas na beira mar.
A cidade é limpa, algumas ruas com pistas exclusivas para bicicletas e as calçadas são boas para pedestres.
Onde o rio deságua no mar tem uma praia com águas escuras e muita sujeira vinda pelo rio.
Na praia, algumas barracas servem caranguejo mas, a maioria fecha nas baixas temporadas. Muitas cercadas de areia por todos os lados, dando aquela impressão de cidade do velho oeste nos filmes de bang bang, não fosse a moto ali estacionada.
Fomos até o Porto Tatus de onde saem os barcos e lanchas para passeio no Delta do Parnaíba, a preços pela metade do que cobram as agências de turismo na cidade.
Para várias pessoas que perguntamos como era o passeio, disseram que nunca foram e falam pouco sobre os pontos positivos. Pesquisando na web, confirmamos que não são tantas as opções de lazer e passeios e decidimos encurtar nossa estadia. Não vamos ficar conforme o planejado.
Vamos conhecer a capital e um pouco do sertão do Piauí.
Saímos para 370 km rumo a Teresina por uma estrada boa. É preciso estar atento, o tempo todo concentrado também nos animais soltos na beira da rodovia. Cavalos, vacas, cachorros, porcos, jegues, urubus, bodes e galinhas, usam o asfalto como quintal. Por várias vezes tive que praticamente parar a moto e esperar que eles saíssem do caminho ou terminassem de atravessar em bandos.
Os urubus são perigosos. Passamos por vários animais mortos na rodovia e os urubus fazem suas refeições coletivas e deixam para voar quando estamos bem próximos. É uma ave grande e um choque pode causar uma queda e ferimentos na ave, piloto e passageiro, certamente.
Paramos em Cariri para almoçar e conhecer o processo de transformação da carne de sol. O animal e abatido no fundo do açougue, esquartejado e algumas partes são preparadas com sal, água e vinagre. A carne é amarrada para que fique bem aberta e, exposta ao sol, ficam a venda bem ali ao lado da rodovia. A higiene é mínima, mas as vendas são boas.
Fazem carne de sol do boi, do bode, do carneiro, do peixe e até de aves e animais proibidos para a caça. Essa prática é coibida pelo IBAMA que fiscaliza com um forte poder bélico, prende pessoas, estipula altas multas de fiança e deixa livre os infratores.
Passamos por Campo Maior, onde ocorreu a Batalha do Jenipapo, entre partidários da independência brasileira e a resistência portuguesa, ocorrida no dia 13 de março de 1.823. Ela é considerada fundamental no processo de independência e consolidação do território brasileiro.
Portugueses com tropas bem armadas e experientes contra brasileiros sem treinamento militar, utilizando paus, pedras e outros materiais de pouco poder ofensivo. Devido a superioridade bélica, o que se viu à beira do Jenipapo foi um massacre, comandado por um major português. Nesta batalha morreram cerca de 300 pessoas. Infelizmente não encontrei na web fotos dos heróis brasileiros que perderam a vida na batalha, somente a do Major que comandou o massacre.
Mesmo com a derrota do movimento popular, a Batalha do Jenipapo tornou-se decisiva para consolidar a independência e a unidade territorial do Brasil.
Esta data tornou-se tão importante que hoje é uma das poucas bandeiras no mundo que tem a inscrição de um dia. A inscrição na bandeira foi para despertar a curiosidade das pessoas, para que busquem mais informações sobre o ocorrido e tenham consciência da vitalidade da Batalha do Jenipapo na independência do Brasil.
Chegamos em Teresina com chuvas, raios e trovoadas.