Paramos para almoçar na pequena e encantadora Villa La Angostura, típica para turístas, com loja de marcas famosas e muitas agências oferecendo passeios pela região, desde seguros passeios com vans até perigosos como escalada nas montanhas, trekking no gelo, cavalgadas, rafting e outros radicais.
Passeamos pela cidade e resolvemos ficar por uma noite. Pesquisamos no site IOverlander e encontramos um camping mantido por uma universidade, com um boa infraestrutura, na beira do lago.
Ali no camping fizemos mais uma das muitas amizades do caminho, com um casal vindo do Uruguai, que viajam o tempo todo entre seu País, Argentina e Chile. Ainda não tiveram coragem para ir ao Brasil. Ele é aposentado do exercito, comandou forças de guerra, acostumado a correr perigo. Ela, uma dona de casa que fica assustada por qualquer vento um pouco mais forte. Como Ade, ela também tem
medo do rípio, da montanha, do precipício, da selva e da neve.
Seguimos parando nos poucos miradores. Na verdade a quantidade até que está bom, o que não é bom e seguir pela estrada, sabendo que a menos de 50 metros tem belezas a cada quilômetro e as matas impedem a visão. Claro que não sou contra as matas, mas na região tem bastante. Seria muito bom se nos trechos em que a rodovia segue paralela aos lagos, as matas fossem cortadas para tornar ainda mais belo o caminho.
A visão só é boa em alguns miradores. Muitas vezes é preciso encontrar brechas na mata para ver os lagos, rios, cachoeiras, geleiras e montanhas.
A estrada é linda e parar nos miradores é praticamente uma obrigação. Paramos em todos, alguns perigosos devido às curvas fechadas e a alta velocidade de alguns apressadinhos.
Não vou colocar todas as fotos que tiramos dos miradores e da estrada, são tantas e tão belas as paisagens que se descortinam a cada quilômetro que só mesmo estando aqui para viver tudo que esta parte do mundo oferece.
Os 7 lagos, que uns dizem que são 8, outros alegam que são 11 e eu acho que vi muito mais. A maioria deles são de origem glaciar e ficam aos pés da Cordilheira dos Andes, na Ruta 40, entre a Villa La Angostura e San Martin de Los Andes.
Os 7 registrados na Ruta são: Lácar, Machónico, Falkner, Villarino, Escondido, Correntoso e Espejo. Mas no caminho tem também o Nahuel Huapi, Meliquina, Hermoso, Trafuly e Espejo Chico. Existem outros menores que não são citados para o turismo, mas existem.
A região dos lagos está habitada por famílias vindas do Chile, para viver na exploração agropastoril. Semeiam trigo, aveia, batatas e verduras, além de criar vacas, cabras e animais de granja pra consumo e venda para comunidades vizinhas.
EL HUILLIN
É um pequeno lobo ou gato de rio, que na verdade é uma lontra. Diz a lenda, que “o lobito do rio” sempre existiu na região, como se fosse eterno, um navegante de todos os tempos. Mas é uma pena. A Lenda do Eterno Lobito do Rio, que vive só para comer caranguejos e beber água do lago, está em extinção, devido a destruição do seu habitat e à caça ilegal para usar sua pele como adorno feminino.
EL PADÚ
Também vive na região e também está em extinção. É o menor cervo do mundo, com apenas 40 centímetro, carinhosamente chamado de “el timido cervito”, que vive sempre escondido no bosque e se alimenta de folhas e toma água do lago.
Paramos também para esperar o gado passar e Ade descansar no tronco feito para deitar, até chegarmos na formosa San Martins de Los Andes.
Em San Martin encontramos um belo camping, ao lado de um riacho relaxante, onde já em seguida, assamos um belo carneiro, acompanhado por um obrigatório vinho.
San Martin é mais uma das cidade de fronteira entre Chile e Argentina que vez ou outra, vira discussão sobre a soberania. Até que decidam-se é da Argentina ou do Chile, a cidade é um encanto para turistas.
Esta é uma cidade para turista nenhum achar defeito. Tem variados restaurantes, lojas de marcas, vários passeios pela região, ruas charmosas coloridas por árvores de várias cores, roseiras floridas nas praças, jardins, ruas e nos quintais das casas.
No camping conhecemos Felipe e sua esposa Martha, colombianos que decidiram conhecer a América enquanto ainda estão com saúde. Ele empresário e ela dentista, viajam com alegria e simplicidade, registrando suas aventuras no site viajandoencarro.com, com os mesmos objetivos do depoisdotrabalho.com.br, registrar a história e compartilhar para inspirar pessoas.
Foi uma boa conversa entre pessoas com sonhos parecidos.
Falando em San Martin, notei que na maior parte das cidades na Argentina, o nome da rua principal é San Martin. Dai veio a curiosidade, quem foi esse cara. A principio pensei que era um santo mas na verdade foi um soldado e político, vencedor de muitas batalhas.
Ele mudou para Europa com seus pais quando tinha 3 anos, aos 11 entrou para o exercito e ajudou a libertar a Espanha de invasores, lutou contra a França, Portugal e Marrocos, se aliou a Napoleão Bonaparte, combateu na Inglaterra e voltou para Argentina com apenas 34 anos.
O cara era bom.
Chegou e começou a desbancar a Espanha, que passou de aliada para inimiga. Suas campanhas revolucionárias foram decisivas para libertar a Argentina, o Chile e o Perú. O cara é venerado praticamente em toda America latina, só não se meteu com o Brasil.
Mais um passeio pela cidade e seguimos para Junín de los Andes, que fica às margens de um belo rio de águas transparentes.
Em Junín, aos pés da Cordilheira, encontramos um belo camping numa ilha do rio e pensamos ficar uma tarde
pescando trutas.
A dona do camping disse que não era permitido pescar sem autorização e que se fossemos pegos, perderíamos nossa traia e teríamos que pagar multa. Fomos até a Secretária do Turismo pegar a autorização e a moça me disse que custava 650 pesos por um dia e o pior, não garantia os peixes.
Achei muito caro, sem a garantia.
Seguimos por nova rota em respeito aos temores de Ade, que procedem, a final na região pode nevar, pode ventar, tem vulcões com alerta laranja, sem contar as estradas que assustam cruzando montanhas gigantes, precipícios, pontes, passando por pedras soltas, no solo e nas montanhas.
Assustam mas emocionam
Decidimos seguir uma nova rota, rumo ao leste, onde a natureza é mais normal do que nas Cordilheiras.