Voltamos para Belém depois de uma viagem dos sonhos em Manaus. Chegamos a noite e fomos para o mesmo hotel. O recepcionista vendo a gente chegar com as maletas da moto, sem a moto, deve ter estranhado e disse que não tinha vaga. Depois de muita conversa ele confessou que tinha vaga em um apartamento melhor ainda que o anterior e fez ainda um preço mais baixo.
Dormimos cansados de tanto passear. Saindo de Manaus, começamos a viagem de volta previsto no nosso projeto.
Acordamos domingo de manhã e logo cedo, da sacada do apartamento, eu tive que acordar toda a vizinhança com assobios altos e gritos, despertando hóspedes do hotel e os moradores dos prédios vizinhos.
Tive que fazer o escândalo para chamar a atenção para uma tragédia que poderia estar por acontecer. Uma criança, de no máximo dois aninhos, estava perigosamente tentando passar pelas grades do apartamento no terceiro andar do edifício. O vizinho de cima apareceu na sacada, eu mostrei a ele o perigo e ele imediatamente foi até o apartamento avisar o pai, que pegou a criança e depois me agradeceu.
No café da manhã pedi desculpas aos hóspedes que acordei e eles entenderam e elogiaram o motivo do escândalo logo pela manhã. Se iria ou não ocorrer não sei, só sei que terminou tudo bem.
Saímos para passear na feira de domingo na Praça da Republica, onde vendem artesanatos, bebidas, comidas e principalmente roupas. Vimos muita gente circulando, poucos comprando, modos estranhos e cenas de violências.
Vimos um briga violenta onde um adolescente sem camisa chegou a desmaiar depois de um chute no rosto, vimos um homem xingando sua mulher com palavras horríveis e vimos um homem que estaciona sua Ferrari na praça para vender cerveja.
O mais estranho que vimos, foi uma mulher andando no meio da multidão completamente nua. Era mais uma das várias mulheres desorientadas que circulam pelo centro de Belém.
O que chamou a atenção também foi a falta de atenção das pessoas que agiam naturalmente com a naturalista urbana. Depois fiquei sabendo que a peladona já é antiga na praça e só coloca a roupa quando alguém lhe dá um real. Ela coloca a roupa e logo depois tira novamente para ganhar um real. Apesar dos apelos dos freqüentadores e ambulantes da praça o poder municipal não busca a solução do inusitado que ocorre todo domingo durante a feira de artesanatos na Praça da República.
Perguntamos a um taxista para que lado ficava um dos pontos turísticos de Belém e ele nos mandou para o lado contrário. Achamos que foi de propósito. Disse que era muito longe e teria que pegar um ônibus ou taxi. Como nos estávamos fazendo nossa caminhada, fomos a pé mesmo pelo caminho errado. Andamos um pouco, consultei o Google e mudamos para o rumo certo até a nova orla construída às margens do rio.
Voltamos caminhando passamos no shopping onde tomamos tacacá. Uma sopa temperada com folhas de jambú, muito estranha quando mastigada. A comida tem água e goma de macaxeira, camarão e a folha que adormece a boca. É muito saborosa e bastante forte.
Pela cidade muitos ônibus, quase sempre lotados, param fora dos pontos, no meio da rua e com aspectos de velhos e mal cuidados. Os taxistas ficam como se fossem urubús, insistindo para pegar o passageiro a todo custo. Também existe as vans que passam pescando passageiros, com um cobrador pendurado na porta e gritando o tempo todo chamando passageiros.
Voltamos cansados depois de uma caminhada de 14,2 km pelas ruas da cidade.
Saímos para serviços de banco, andamos pela cidade velha superpovoada de camelôs que vendem todo tipo de bugigangas. É aqui também o real sinal da falta de qualificação e de colocação para tantos desempregados.
Fomos a um restaurante almoçar manissóba, comida típica do Pará, que é uma comida feita com os ingredientes da feijoada, misturados com a folha de mandioca brava. Este prato demora sete dias para ficar pronto. A folha fica cozinhando o tempo todo para soltar o veneno. O restaurante faz quase uma tonelada por semana, congela em partes para serem usadas por dia e enquanto se consome uma panelada outra vai cozinhando. Apesar da aparência, mais parece uma borra do chimarrão, o gosto é bom muito parecido com a feijoada.
Fomos para o hotel descansar durante a rotineira chuva da tarde depois fomos a um shopping próximo ao hotel. Muito bonito, com gente bonita, belas lojas e ótima praça de alimentação.
Comemos comida japonesa que é muito comum pela cidade. O Estado do Pará é o terceiro estado em número de imigrantes e descendentes de japoneses ficando atrás apenas do Paraná e de São Paulo.
Depois fomos a uma confeitaria comer uma torta muito saborosa e tomar um café gourmet.
O café somado aos incômodos do carapanam, que é o nome do pernilongo por aqui, fez da nossa noite um tormento de insônia e caça aos mosquitos chupa sangue e barulhentos. Depois de eliminá-los conseguimos dormir e acordar as 5 horas da manhã para pegar a barca que leva até a Ilha de Marajó.
Deixamos uma mala no hotel, pegamos um taxi e fomos até o Porto comprar passagem e ficar na fila para embarcar. Tem opção de passagem comum e VIP a 18 e 30 reais respectivamente.