Sul da América do Sul 2016 37 – SANTIAGO DO CHILE – ANTIGA, MODERNA, LIMPA E SUPER POVOADA

37 – SANTIAGO DO CHILE – ANTIGA, MODERNA, LIMPA E SUPER POVOADA


Deixamos a Argentina e cruzamos mais uma vez a Cordilheira dos Andes. Na fronteira novamente a fiscalização feita pelos fiscais chilenos em busca de alimentos proibidos. Dois deles entraram na Caca, mais para conhecer do que para fiscalizar. Deixamos duas metades de limão para eles tomarem. Um deles perguntou se tínhamos queijo, dissemos que sim e Ade mostrou. Eu disse que era nossa comida e ele deixou passar e fomos liberados.

Começamos a subir a Cordilheira até mais de 3.500 metros de altura, passando por paisagens lindas por estrada perigosa, cercadas por montanhas com enormes pedras soltas, que podem rolar a qualquer momento.

Paramos em alguns miradouros mas já era tarde e queríamos sair da estrada perigosa ainda de dia.  Depois que passamos por Los Andes, uma pequena cidade aos pés da Cordilheira, seguimos por estradas padrão Chile, de muito boa qualidade.

Paramos em um posto para jantar e lá encontramos um argentino com seu motorhome sem bateria. Ofereci ajuda e liguei meu cabo na bateria dele, solucionamos o problema e começamos uma nova amizade. Depois de muitas histórias, resolvemos

dormir no pátio do posto.

É sempre tenso dormir no posto mas, viajando com motorhome, às vezes é a única e mais segura opção que encontramos, quando não existem camping por perto.

Quando já estávamos recolhidos ele bateu na porta e nos ofereceu um delicioso vinho orgânico que tomamos naquela mesma noite. Dia seguinte ele seguiu para Los Andes e nos demos carona para sua mulher, que resolveu voltar a Santiago fazer compras.

Entramos em Santiago e a impressão não foi tão boa. Cidade grande com mais de 6 milhões de habitantes, muitos carros nas ruas e gente pra todo lado, vendendo de tudo.

Depois de muito rodar, sem encontrar um estacionamento seguro que coubesse a Caca, encontrei uma vaga na rua e logo chegou o guardador e me cobrou adiantado 6 mil pesos para deixar a Caca.

Achei um roubo e fiquei desconfiado.

Fui conversar com um policial e contei a ele. Ele ficou furioso. Fez uma ligação e logo chegaram dois responsáveis pela empresa que cuida das cobranças. Um supervisor e o gerente geral. O policial dizia que isso não estava certo é que eles estavam extorquindo e espantando os turistas.

Eles se calaram diante do furioso do policial.

Foram conversar com o guardador, refizeram as contas e me devolveram a diferença que ele havia cobrado a mais. O policial queria que ele devolvesse tudo, mas eu disse que estava tudo bem.

Seguimos pelas ruas, passeando sem compromisso, rumo ao Shopping Costaneira Center, que ocupa seis andares do maior edifício da América Latina.

Almoçamos no shopping e entramos em várias lojas. Ali estão as lojas com as marcas mais famosas do mundo, com preços para todos os bolsos. Grifes de marca com preços nas alturas, com poucos clientes e lojas com preços populares super lotadas.

Não importa os valores das compras, o que importa é sorriso de quem compra.

O arranha-céus onde fica o shopping, tem 300 metros de altura e foi construído em 6 anos. O custo estimado foi de 600 milhões de dólares, recompensados com ganhos que chegam a 150 milhões de dólares por ano. O mito arquitetônico de Santiago tem 600 mil metros quadrados e foi projetado e calculado por engenheiros que tiveram participação na construção dos maiores arranha-céus do mundo.

O Costanera possui 200 locais comerciais, dois supermercados, praça de alimentação para 2 mil pessoas, centro de diversões, 14 cinemas, dois hotéis de luxo e um estacionamento com 5 andares para 4.500 veículos, mas não cabe a Caca, que está com 2,75 metros de altura.

Fomos conhecer o Parque Metropolitano de Santiago, que abriga 40% da área verde da cidade e oferece várias atrações ao público. Tem trilhas para percorrer a pé ou de bicicletas, um zoológico, espaços para picnic, jardins, piscinas, teleférico, funicular e muitos mirantes, que bem daria para avistar toda a cidade não fosse a alta poluição.

Com um bondinho ou com o funicular, chega-se no alto de um morro onde fica a Virgen Inmaculada Concepción, uma estátua de concreto com 35 mil quilos e 15 metros de altura.

La Plaza de Armas de Santiago é o coração da cidade, o quilometro zero de onde começa a medir as distâncias das cidades em todo Chile.

Rodeadas por edifícios emblemáticos, no puro estilo da arquitetura europeia, abriga um coleção de estátuas, artistas de rua, vendedores de passeios e muita gente desocupada.

Na praça também fica a Catedral Metropolitana de Santiago, principal centro religioso do País, dedicada à Santíssima Virgem.

Passeamos pelas ruas coloridas depois fomos tomar um café em uma numa cafeteria, com um chamativo diferente para atrair clientes.

A idéia de atendimento diferenciado na cafeteira, foi criada por um imigrante há mais de 30 anos, exclusivamente para atrair homens. Nas cafeterias sequer tem banheiros femininos e os balcões são vazados para facilitar a visão dos clientes.

As garçonetes trabalham com decote grande e com saias pequenas. A que nós fomos é um pouco mais discreta do que outras que seguiram a moda e as garçonetes servem com trajes íntimos, em cafeterias com cortinas.

A estratégia de marketing deu certo, existem várias pela cidade.

Passamos pelo Mercado Central, onde a atração principal nas bancas são os frutos do mar e nos restaurantes, o cordeiro assado.

Outra atração da cidade é o  Palácio La Moneda, originalmente construído para abrigar a fábrica de moedas do Chile. Por conta de sua forte estrutura, com paredes de até um metro de largura, calculadas por conta dos frequentes abalos sísmicos em Santiago e os conflitos armados no período de colonização, o governo federal tomou conta do prédio mais seguro da cidade e fez dele a sede presidencial.

A cidade parece pequena diante de tantos habitantes, mas é limpa, com calçadas largas e bem cuidadas, jardins por toda parte e um metrô que atende praticamente toda cidade, por linhas subterrâneas e aéreas.

O Chile é de fama mundial pela qualidade dos vinhos produzidos aos pés da Cordilheira dos Andes, com clima propicio para o cultivo de seletas uvas. Quem muito contribuiu para o mercado de vinhos de qualidade produzidos no Chile, foi Don Melchor Concha y Toro, que em 1883, fundou uma das principais vinícola do Chile.

Don Melchor foi até a Europa, aprendeu como produzir um bom vinho, trouxe a tecnologia francesa, mudas de parreiras selecionadas e começou o processo de produção na fazenda da família.

Mesmo sem reserva antecipada, fomos fazer o passeio mais desejado por muitos turistas que visitam Santiago, a lendária Vinícola Concha y Toro.

O interesse dos turistas em visitar a vinícola é tamanho, que o turismo se transformou em outro grande negócio do grupo que comanda a marca Concha y Toro. Em média recebem mil visitantes por dia na alta temporada, mas o ano todo, todos os dias chegam curiosos e amantes da bebida dos deuses para conhecer a lenda e pagar 16 mil pesos para entrar.

A visita começa pela sede da fazenda, fechada ao público, aberta somente para profissionais do vinho, sequer os empregados tem acesso permitido. A velha casa foi residência de verão da família Concha y Toro e preserva um belo jardim com árvores de variadas partes do mundo. Os Concha y Toro eram caçadores e colecionadores da espécies da natureza.

Durante o trajeto passamos por uma plantação de uvas, com as 26 espécies utilizadas na produção da vinícola. É permitido colher e degustar as uvas miudinhas, mas muito saborosas. Aprendemos que as uvas são pequenas por que não interessa a água acumulada nos frutos. Por isso são pouco e metodicamente regadas.

Nas paradas para degustação o guia explica sobre cada vinho, fazemos a prova e seguimos cada vez mais alegres rumo ao ponto principal da visita, onde ficam as adegas.

Cada adega tem controle de umidade e temperatura e, numa delas, há 4 metros abaixo do nível do solo, fica a adega original da família, construída com tijolos fixados com areia, cal e clara de ovos. Ali descansam os melhores vinhos da marca, batizada como Casillero del Diablo.

O Casillero del Diablo é uma das lendas mais conhecidas no Chile e começou por conta de roubos de garrafas, que eram subtraídas com frequência da adega. Don Melchor teve uma idéia brilhante. Mandou fazer a silhueta do diabo em madeira, colocou no fundo da adega e deixava uma vela acesa durante noite, atrás da silhueta e fez correr o boato de que

o diabo morava ali.

Quando os ladrões chegaram, abriram a porta, o vento entrou e a chama da vela parecia dar vida à silhueta, o boato passou a ser verdade e nunca mais sumiram garrafas da adega. A silhueta esta lá até hoje.

Hoje a vinícola trabalha com uma enorme variedade de vinhos em cinco linhas comerciais diferentes. Estes são os vinhos mais caro e os mais baratos, vendidos na butique da vinícola.

Tentei chegar até o Cajón del Maipo, um cânion com um belo lago, uma bela vista do vale, de onde um vulcão pode ser avistado, mas, o caminho é feito por estradas sinuosas, entre paredões de pedras, precipícios e um bom trecho de estradas sem asfalto.

Ade não se sentiu segura diante das imponentes montanhas e voltamos sem conhecer o Cajón, passando pelas mesmas Vias de Evacuação, indicada para fugir do vulcão, um dos perigos naturais aos pés da Cordilheira dos Andes.

 

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