Apesar de termos elaborado um planejamento antes de sairmos para nossa terceira expedição, novas opções de passeios surgem durante o caminho e nós procuramos aproveitar tudo. Mudar a rota para conhecer um parque, parar numa vinícola, numa indústria de azeite, na banquinha de frutas, parar simplesmente para perguntar e visitar agências de turismo fazem parte do nosso plano em pleno andamento.
Por exemplo: Na estrada começamos a observar plantações de oliveiras e ficamos atendo para encontrar uma indústria que processa azeitonas e logo encontramos. Paramos, aprendemos, degustamos, fotografamos e compramos o néctar da culinária.
A indústria que visitamos produz azeite de oliva extra virgem, com conhecimento que vem de gerações e técnicas copiadas da Europa. A fazenda produtora fica no mesmo local da indústria, o que permite que o processo de extração do azeite, fique separado por algumas horas da colheita.
Depois de colhidos, os frutos são selecionados, lavados, moídos, espremidos, armazenados em tanques inoxidáveis com temperatura constante entre 12 e 15º C. Depois é envasado sem adição de qualquer elemento químico ou substancia tóxica.
Seguimos pela estrada afora e derrepente um enorme dinossauro nos fez parar. Era um Lessamsaurus Sauropoides, um dos maiores que viveram na América do Sul, há 215 milhões de anos.
O cara tinha 18 metros de longitude, pesava toneladas e só comia plantas. Devido ao peso, ele não aguentava ficar na mesma posição, alternado seu caminhar como bípede e quadrúpede.
Seguimos pela Ruta 150, entre San José de Jachál e Patquia, passando por dentro de um Parque Provincial. A estrada passa por montanhas assustadoras, não somente pelos precipícios e curvas fechadas, mas principalmente pelas pedras, pequenas e grandes, que a qualquer momento rolam da montanha
O dia estava nublado, as curvas eram tensas e sequer paramos para fazer uma boa foto.
Entramos para conhecer o Parque Provincial Ischigualasto, declarado Patrimônio Natural da Humanida pela Unesco, muito bonito, bem cuidado e conta uma parte da história do Planeta.
Chegamos na entrada, pagamos o ingresso e saímos em carreata para percorrer 40 km dentro do parque, durante 3 horas. No carro da frente vai o guia que orienta a rota e as paradas para explicar os detalhes em cada local.
Pelo caminho seguimos apreciando paisagens exclusivas, num pedaço do Planeta que exibe formações esculpidas pelo vento, pela água e pelas cores naturais, durante milhões de anos.
A natureza abusa da arte e da gravidade neste local. Pedras enormes se equilibram de uma forma que seria impossível o homem conseguir tal feito e formam figuras que até parecem conhecidas, basta usar um pouco da imaginação.
Uma das paradas mais interessante é na Cancha de Bocha. Ali estão pedras redondas, a maioria encontradas naquele local e outras recolhidas pelo Parque.
Segundo a teoria, as pedras se formaram em torno de um núcleo que atraiu sedimentos em sua volta, ficando com o formato esférico, processo parecido com a formação da pérolas nas ostras. Ali tem pedras até o tamanho de uma bola de basquete, mas pelo Parque existem bem maiores.
O Parque é também conhecido como Vale da Lua e até oferece um passeio noturno em noites de lua cheia. Cientistas, arqueólogos e paleontólogos costumam chamar o lugar de residência oficial dos dinossauros, ou cemitério de dinossauros.
Em 1.969 um norte americano chegou na região com sua equipe de paleontólogos e vasculhou a terra para encontrar preciosidades da arqueologia. William Sill foi o precursor das investigações em Ischgualasto. Viveu na Província, casou com uma argentina, teve 4 filhos e durante a ditadura militar foi expulso do País, mas conseguiu voltar no ano 2.000. Ficou muito doente, voltou para os Estados Unidos e morreu em 2008. Conforme era seu desejo,
seu coração está enterrado no Parque.
Sua maior descoberta foi o scaphonixz, antecessor de dinossauros e crocodilos, abundante nesta região. Seu crânio era a parte mais dura do esqueleto, por isso, são os fósseis melhores preservados até hoje.
Nestas terras já foram encontrados o maior dinossauro, o mais antigo e uma infinidade de outros seres que habitaram a Terra, há pelo menos 200 milhões de anos.
Por aqui já foram desenterradas várias espécies e o trabalho ainda não terminou. De tempos em tempos chegam novos especialistas para tentar novas descobertas e sempre encontram.
Deixamos o passado e seguimos em frente, rumo à San Miguel do Tucaman, uma das cidades com o maior número de habitantes por metro quadrado da Argentina.
Não gostamos da cidade, trânsito caótico, chovendo, muito lixo por todos os lados, um ônibus bateu de leve na traseira da Caca e quando chegamos no camping, o homem que cuida disse que eu poderia ficar mas ele preferia que eu não ficasse por que quase sempre os ladrões visitam o local.
Seguimos viagem.
Pela estrada afora, notei que haviam barraquinhas em vários lugares vendendo alguma coisa, até que parei em uma delas para conhecer.
Perguntei ao rapaz o que era e ele me disse: É tortilha parrilhada
Eu perguntei: É massa de pão?
Ele disse: Não! É de tortilha.
Eu insisti em saber: É massa de pizza?
E ele disse, me olhando de lado: Não! É de tortilha.
Entendi. Enquanto ele assava a minha tortilha, me ensinou como fazer. Me disse que vendia em torno de 100 por dia e comia duas todos os dias no café da manhã. Ela é do tamanho de um prato e perfurada com aquele rolo cheio de pontas que aparece na foto.
Ade provou e esclareceu: É massa de pão, mas eu acho que é de tortilha.