Jujuy é uma província ao norte da Argentina, considerada um lugar único, muito diferente das demais regiões por onde passamos. Suas estradas percorrem relevos montanhosos, altitudes assustadoras, grandes contrastes térmicos diários, caminhos em caracóis, lagoas de sal e coloridos naturais.
A altitude aumenta progressivamente do Leste para o Oeste, rumo à Cordilheira dos Andes. Em pouco tempo alcançamos mais de 4 mil metros de altitude e sentimos os efeitos das alturas.
Jujuy, que os argentinos chamam de “rrurrui”, preserva um pouco da cultura espanica, mais prevalecem as origens do povo andino, de costumes seculares, nas roupas, comidas e crenças.
Paramos, numa festa à beira da estrada, visitamos todas as barraquinhas e saboreamos um belo cabrito assado, acompanhado com batatas, queijo de cabra e uma espiga com milhos gigantes. Fiquei imaginando o tamanho da pipoca.
Na XX Feria de La Papa Andina, além das comidas e danças típicas, vendem artesanatos, iguarias e os produtores participam do concurso das melhores batatas.
Ade pediu para tirar uma foto com uma típica Andina, ela disse: já tiraram e nem deu bola para minha lente.
Um dos principais pontos turísticos de “rrurrui” é a Quebrada de Humauaca, Patrimônio da Humanidade, considerado pela Unesco por preservar a cultura do Povo Andino e reunir belas paisagens, especialmente uma montanha com 14 cores, a mais colorida do planeta.
Para chegarmos até a montanha colorida, para não errar o caminho, pagamos um guia seguimos por estradas de terra, com muitas curvas, até chegarmos no mirador de frente à montanha.
Não foi uma boa decisão.
O guia convincente me enganou para ganhar 600 pesos. O horário não era apropriado e ele não sabia informar nada direito, não contou história nenhuma e ainda chegamos no mirador quando o sol já estava quase desaparecendo no horizonte. Verdade. O guia foi convincente e eu inocente ao aceitar.
Mas a montanha é bonita, só foi ofuscada um pouco pelo entardecer e pela qualidade da minha lente, que tirou um pouco o destaque das 14 cores, que dizem que tem.
Paramos para admirar outras montanhas com menos cores, visíveis da estrada. Os tons variados entre o laranja, violeta, vermelho e verde, se formaram há mais de 600 milhões de anos, por conta dos movimentos tectônicos, sedimentos, ventos e correntes de água.
Impressionante como a natureza se preserva.
Cada uma das camadas de cores foram formadas em períodos diferentes. As mais recentes, camadas com as cores avermelhadas, surgiram a 1 ou 2 milhões de anos. As mais antigas, camadas nos tons esverdeados, formaram ao longo de 600 milhões de anos.
Em Pumamarca, outra atração de “rrurrui”, encontramos a mais bela das montanhas coloridas. O pequeno vilarejo vive em função do turismo por conta da montanha de 7 cores, que fica no seu quintal exibindo tons de amarelo, vermelho, laranja, verde, marrom, lilás e violeta. Parece um arco-iris de pedras.
No centro da pequena cidade tem uma feira permanente de artesanatos regionais, com muito colorido
Seguindo para o Oeste por estradas em boas condições, que mais parecem uma serpente em meio às montanhas, andamos acima das nuvens.
Existem poucas casas visíveis da estrada, mas encontramos vários animais soltos, alguns identificados com fitas coloridas amarradas nas orelhas ou no pescoço. Quer dizer que tem donos, mas não moram por ali.
Encontramos lagos de sal que nos impressionaram. Como pode o sal brotar da terra em olhos d’água e ficar tão duro e espesso como a própria terra.
Ficamos encantados com o piso branco, convidativo para brincar com fotos ilusórias, com efeito 3D. Tentamos muitas fotos, mas não conseguimos tudo que pode ser feito no local.
Seguimos nosso caminho rumo ao deserto de Atacama, entrando mais uma vez no Chile.