Sul da América do Sul 2016 44 – SALTA, LA BELA

44 – SALTA, LA BELA


Salta é uma cidade ao norte da Argentina, conhecida como “La Bela”, mas acho que nem tanto. A cidade conta histórias de 10 mil anos Antes de Cristo, com sucessivas migrações de povos. Antes dos espanhóis, aqui viveram os Íncas e os Calchaquíes, que habitavam diversas pequenas comunidades. Os habitantes atuais, ainda preservam resquícios das antigas civilizações, do povo andino, de cultura milenar, com características próprias, diferenciados dos sulamericanos descendentes dos europeus.

Salta tem mais de um milhão de habitantes e começou a se desenvolver como cidade a partir de 1.692, quando um grande terremoto destruiu quase tudo e acabou com a disputa entre os povos nômades originários da região, que fugiram. Os novatos colonizadores espanhóis tomaram conta.

Encontramos um camping municipal com toda infraestrutura e segurança que buscamos e ali fizemos novos amigos, churrascos e muito vinho.

Fomos a pé até o centro para conhecer a vida urbana como ela é. De longe se nota as torres das igrejas, que mostra que o povo ainda guarda os preceitos da fé, preservando os mesmos hábitos coloridos.

A praça central, tomada de gente, ainda guarda a arquitetura espanhola e abriga turistas, vendedores ambulantes, bares, restaurantes, lojas de artesanatos e museus.

Caminhamos pelas ruas, entramos em algumas lojas, jantamos um bom prato da comida típica à base de carne de cabrito, milho, batatas e legumes, acompanhado por uma famosa cerveja fabricada na cidade.

Entramos no Museo de Arqueologia de Alta Montanha, para conhecer um pouco mais da cultura do povo andino, especialmente para ver de perto uma múmia, resquícios de ritual Ínca.

Los Niños del Llullaillaco.

Os arqueólogos encontram, desenterraram e preservam três crianças mortas em oferendas aos deuses. Uma menina com 6 anos, um menino com 7 anos e uma adolescente com 15 anos. Elas foram encontrados próximas a um vulcão, há 6.700 metros de altitude, acompanhados de adornos em cerâmica, penas, couro e ouro.

Apenas uma das crianças fica exposta num ambiente apropriado e as fotos são proibidas. Mas na foto da foto dá para vocês conhecerem a La Doncella, a garota de 15 anos, tal qual ela foi encontrada.

Na rotina da cidade. passeando pelas ruas, os cambistas e guias de turismo não dão trégua, oferecendo seus serviços a cada passo. O povo não esta muito satisfeito com o governo atual. Encontramos estudantes fazendo protesto em pleno horário de aula, contra medidas impostas pelo governo.

Ade adora comer mamão todos os dias quando está no Brasil. Ao sul da América do Sul não se encontram tantas variedades e o mamão, durante nossa viagem, só vimos este pé, plantado na rua, com os frutos ainda verdes. Não tem muito, mas este é o maior pé de mamão que já vimos.

O Brasil é um grande privilegiado em muitas outras coisas diante dos países da América do Sul, todos sabem. As frutas nossas merecem destaque.

Entramos no Mercado Central, muita gente circulando por entre os artesanatos, roupas, carnes, peixes, restaurantes e verduras.

Compramos uma coisa e a mulher perguntou para a outra quando era para cobrar. Achamos estranho, como pode quem vende não saber o preço. Compramos outra coisa e aconteceu o mesmo. Pensamos:

Estão cobrando pela nossa cara.

Decidimos comprar produtos com o preço exposto. Ade pediu tomates, a mulher pesou, pagamos e, ficou uma dúvida. Será que ela pesou certo? Pesamos em outra balança e o peso era bem inferior ao que ela nos cobrou. Voltamos e eu disse a ela que não estava certo e ela nos olhou com olhos de víbora, ou melhor, de ladrona arrependida. Imediatamente ela devolveu o dinheiro, com cara de brava, víbora ou de envergonhada, não sei. Que Deus a guarde, numa boa cela.

Desistimos de passear pela cidade, que naquele dia estava suja, sentimos desonestidade nas pessoas e total falta de respeito dos motoristas no trânsito.

No camping, fizemos nosso churrasco e tomamos nosso vinho, depois de uma boa conversa com um casal de médicos alemães, aposentados, que estão na estrada há dois anos. Uma foto na despedida.

Chegou um Argentino reclamando muito do banco do carona do motorhome dele que havia quebrado. Ofereci ajuda e ele aceitou, pois, não tinha qualquer ferramenta. Depois de quase duas horas e muita conversa e trabalho, conseguimos consertar o banco. No dia anterior, minhas ferramentas e empenho serviram para abrir o motorhome de outro argentino que esqueceu a chave dentro.

Mesmo que não saiba mexer, tenha ferramentas.

Outra amizade no camping, foi com um casal de brasileiros que estão realizando um trabalho muito bonito, com apoio da Lei Rouanet, de incentivo para cultura. A Carla e o Rodrigo fazem pesquisas e ilustram os lugares históricos da América do Sul, com realidade virtual, à bordo de um caminhão adquirido junto ao Exército Brasileiro.

Deixamos Salta, que cultiva laranjas na praça, azeda é claro, que na minha opinião, não merece o codinome “La Bela” e seguimos, aí sim, por uma bela estrada na Ruta del Vino.

 

 

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