Na viagem do dia, foram 450 km bem agradáveis. Almoçamos numa churrascaria, onde foi preciso conter os olhos para não exagerar.
Chegamos na cidade de Chapada dos Guimarães, já pensando que todas as chapadas são bonitas e de passeios organizados, como vimos nas Chapadas Diamantina na Bahia, Das Mesas no sul do Maranhão, Dos Veadeiros em Goiás e no Jalapão em Tocantins.
Nos instalamos numa pousada e o dono chato, falava pouco e nunca começava uma conversa. O empregado também não falava, que chato não ter conversa na pousada.
Saímos de moto conhecer um mirante em paredões com mais de 250 metros de altura, encrostados em uma enorme boca de vulcão extinto.
É um vale, plano, que se perde no horizonte, cercado por montanhas coloridas, coberto por muito verde escuro do cerrado e pelo verde claro das matas amazônicas. A visão impressiona e emociona.
Seguindo as placas de rua descobrimos um resort que fica à beira do paredão. O local é deslumbrante. Uma construção voltada para o vale, construída com madeiras pesadas e decoração de requinte, digno dos nobres e dos que se proponham a ir conhecer.
Fomos recebidos no restaurante pelo garçom que esta concluindo um curso de guia e mantém um site no ar para orientar o turismo na região.
Ele nos contou das belezas dignas, como chegar, valor do ingresso e o que havia para conhecer. Acatamos as dicas e fomos conhecer o platô e as fendas à beira dos precipícios.
Até o platô fomos de moto por caminhos difíceis de terra, pedras soltas, buracos, valetas, subidas e descidas.
Pequeno dano no escapamento e o protetor de motor quebrou.
Voltamos para o restaurante e um belo almoço nos esperava, servido com todo o requinte do local.
O dono apareceu e contou-nos um pouco de sua história e dos seus planos para o futuro.
Quando jovem organizava os principais eventos musicais no Brasil, reunia os principais artistas em festivais nacionais, lembrados por fotos e recortes de jornais, em uma das paredes do restaurante.
Se formou em direito e veio advogar no Mato Grosso. Agora passando dos 60 anos, comprou este lugar e quer compartilhar belezas, requintes, boa gastronomia e qualidade musical. Oferece pouso e promove shows com artistas de renome, para público seleto, que pode pagar alto pela exclusividade.
Ele já viajou pelo Brasil de moto na década de 80, quando ainda era hippie. Sua moto fica exposta no hall de entrada.
Aqui não cobram ingresso e não está depredado. A desculpa que sempre ouvimos nos lugares que cobram a entrada, que tem que selecionar com o valor alto para evitar depredação, não é totalmente verdade. O parque mostra que é possível preservar e facilitar o acesso aos lugares bonitos, mesmo sem cobrar entrada.
Depois passamos por uma base da aeronáutica, parte do sistema de controle do espaço aéreo brasileiro, com uma enorme esfera, operada por soldados, guardada por enormes cercas de arame.
A mesma boa estrada que leva até a base aérea é caminho para um outro restaurante, à beira dos precipícios, ao estilo regional, ainda por terminar, de propriedade de outro paulista que abandonou tudo e veio viver o natural, de forma mística, como chamam por aqui. Neste espaço acontecem as rodas de viola, em volta de uma fogueira.
O dono paulista nos deu uma lanterna e ensinou o caminho. Disse várias vezes, “não saiam das trilhas”. Caminhamos trezentos metros por uma mata, até chegarmos a um platô à beira de um precipício, de onde se observa o pôr do sol por detrás de Cuiabá, vista ao longe, quando a cidade começa a ser iluminada pelas luzes da noite.
Foi emocionante nossa preocupação com cobras, onças e até com fantasmas dentro da mata. Eu seguia amedrontando a Ade.
Conseguimos chegar no restaurante, cansados mas agradecidos por tanta beleza e emoção.
Ainda bem que as chatices do primeiro dia foram ignoradas e ficamos para conhecer mais uma chapada de tamanha beleza.
Voltamos à noite para casa, um bom banho e passeamos na praça depois do jantar.
PARABÉNS. MUITO EMOCIONANTE UMA VIAGEM DESTAS!