A recepção não valeu um sexto, as refeições não valeram um quinto, o aposento não valeu um quarto, os passeios não valeram um terço, mesmo assim, um meio estava bom.
Pela organização e atendimento, mais uma vez nos sentimos enganados pelos donos do turismo. Ainda bem que as riquezas da natureza compensam a incapacidade e/ou ganância dos humanos.
Os passeios são curtos, mas mesmo assim é possível observar centenas de pássaros, cada um de uma beleza exclusiva.
Pescamos piranhas e mais uma vez a Ade pegou o primeiro peixe e a maior quantidade. Ela costuma abaixar o nível do rio de tantos peixes que tira da água. Mas o maior foi eu que pesquei. Claro, contando com um pequeno truque fotográfico.
No passeio pela floresta, caminhando pelas passarelas de madeira. Importante estar bem protegidos com calça jeans, camisa de mangas longas, calçado fechado, boné, capa de chuvas, protetor solar e repelente. Os mosquitos não tem piedade.
A noite fomos fazer focagem de animais silvestres de hábitos noturnos.
Levantamos cedo, tomamos um café fraco, faltando alimentos, poucas pessoas para atender mas com uma iguaria regional, alimento matinal do pantaneiro, chamado “quebra torto”.
Saímos para mais um passeio pela fazenda e deu para perceber ainda mais a devastação do Pantanal com a plantação de arroz. Animais vivem em terra aradas, correndo de tratores, dividindo grãos de forma solidária.
Apesar de pouca floresta, os animais circulam em grande quantidade atraídos pelos grãos e pela cadeia alimentar que ainda esta preservada em parte.
Ficamos chocados com o descaso para com a devastação e com a higiene, nesta fazenda. Derrubaram a maior parte da mata, fizeram canais de irrigação para plantar arroz, abatem animais para o almoço às vistas dos turistas e ainda dizem que preservam o ambiente e tem fama na região por preservar animais em extinção.
No passado foram desenvolvidos na fazenda dois projetos de preservação, famosos em todo Brasil: Arara-azul e Papagaio-verdadeiro, ambos com ameaças de extinção. Após milhões investidos, os bichos continuam vivos e encantando os turistas.
Por causa da plantação, a quantidade de pássaros impressionam. A beleza dos pássaros, servos, jacarés, antas, capivaras e de tantos outros bichos que avistamos, apesar de parecerem domesticados, nos proporcionaram um passeio inesquecível. Por aqui todos os bichos são cadastrados, alguns ainda selvagens, outros atendem até pelo nome.
Revistaram as bagagens e conferiram a documentação do motorista e do veículo, sempre muito educados. Importante a seriedade e a eficácia da fiscalização, feita pelos soldados.
A bordo de uma caminhonete com bancos na carroceria, saímos pela estrada observando bichos a todo momento.
A cada bicho diferente o veículo pára e espera para que a gente observe e fotografe. Quando avistamos um tatu, o guia e o motorista saíram pelo mato adentro tentando pegar o animal para gente conhecer. O guia saiu todo arranhado pelo tatu que entrou em um buraco e não saiu de forma alguma.
A tarde saímos para um safari que só terminou a noite. Com o vento no rosto, na carroceria da caminhonete safari, bilhões de insetos batem em nosso rosto e entram no nosso nariz, boca e nos olhos. Apesar de eu estar usando óculos, um deles entrou no meu olho e ardeu muito, até o dia seguinte.
No passeio de barco subimos contra as correntezas calmas do Rio Miranda até um pouco depois de uma bela bifurcação de rios.
No trajeto observamos muitos animais e cada nova espécie o Bugre parava, voltava e esperava a gente fotografar. Por três horas ficamos navegando por águas límpidas e milionárias em vegetação e espécies diferentes de animais. Os únicos incomodados eram os pescadores que balançavam com as ondas de nosso barco quando passava.
Por várias vezes o Bugre desligou o motor e deixou o barco navegar de rodada, num silêncio maravilhoso com o fundo musical do canto dos pássaros.
Almoçamos e fomos passear por uma passarela de madeira, nos arredores da fazenda.
No final do dia voltamos pegar nossa moto que ficou próximo ao posto da policia florestal.
O gerente da fazenda nos arrumou 5 litros de gasolina por que naquela região quase não existe postos de abastecimento.
Paramos para abastecer na cidade de Miranda e encontramos dois senhores motociclistas de São Paulo, enlameados pelas estradas de terra que passaram nos lugares mais longínquos do Pantanal. Conversamos por um bom tempo enquanto descansávamos um pouco da viagem. Seguimos por rumos diferentes dos nossos companheiros motociclistas, eles para pernoitar em Aquidauana e nós para Bonito.