Carro pela Europa 2014 81 – ALCOBAÇA – PORTUGAL

81 – ALCOBAÇA – PORTUGAL


 

 

Domingo de manhã, eu, Ade, Isa, Victor e Neuza fomos almoçar e passear pela região de Alcobaça e Tomar, cidade natal do Victor.  


Fomos até a casa onde seus pais moravam e onde ele nasceu, para colher frutas e pegar o azeite produzido ali mesmo na propriedade. 

Ade e Victor subiam para colher, Neuza e Isa segurava em baixo e eu tirava fotos e fazia degustação.


O casarão está desocupado, mas mobiliado com muitas relíquias antigas. Ade até ganhou um xícara de porcelana para sua coleção. A água era puxada por bombas com a força manual.

 

Almoçamos em um restaurante tradicional da região e fomos descansar da comilança, andando pela praça em frente ao imponente Mosteiro de Alcobaça.

 

 

Alcobaça fica na região central de Portugal, banhada pelos rios Alcoa e Baça, cuja aglutinação e tradição, provavelmente, fizeram derivar o nome da cidade. 

A cidade cresceu em torno das muralhas do antigo Castelo de Alcobaça, construído por volta do século III, pelos visigodos, povo germânico que governou grande parte da Península Ibérica, depois da queda do Império Romano.

Depois os mouros invadiram a fortaleza e somente no século 13 passou para o domínio dos portugueses. 

Parte do castelo permaneceu, mas as muralhas foram destruídas e suas pedras foram utilizadas para construção de casas para os nobres.

D. Afonso Henrique, primeiro rei de Portugal, assinou uma carta de doação do terreno para a construção do mosteiro, onde os próprios monges trabalharam na reforma.

 

O Mosteiro foi aumentando aos pouco ao longo dos anos, até chegar aos 40 mil metros quadrados que hoje lá estão. 

O Mosteiro foi abandonado em 1833, após um saque que durou onze dias, feito pela população do lado dos constitucionalistas, que ambicionavam o término do domínio político exercido pelo Mosteiro e os privilégios da igreja, que na época tinha autonomia inclusive sobre as ordem do Rei. Hoje, o Mosteiro é considerado uma das sete maravilhas de Portugal.

 

 

 

 

 

O mosteiro sobreviveu a três grandes catástrofes:

  • 1348 – a grande peste que em três meses matou 150 monges;
  • 1755 – o grande terremoto seguido de um tsunami;
  • 1810 – a grande Guerra Peninsular, quando as tropas do bandido Napoleão, saquearam e destruíram várias áreas do mosteiro e da igreja. 

Hoje, quase que totalmente preservado, o Mosteiro guarda túmulos de ilustres do passado nas paredes, no centro das salas e até no chão. 

 
Os mais famosos são os sarcófagos de D. Pedro I (não é aquele que viveu no Brasil) e de sua esposa Dona Inês de Castro.

Pedro mandou construir dois, depois que sua esposa Dona Inês, foi assassinada a mando do sogro, D. Afonso IV. Ele mandou matar Inês, alegando alta traição, por que Pedro se uniu a ela e tiveram três filhos sem casamento e ele não queria herdeiros bastardos.

Os belos túmulos foram esculpido por uma das mais famosas esculturas da Idade Média e conta a história do mundo em seus pequenos e precisos entalhes.

 

Após subir ao trono, D. Pedro I afirmou que havia sim casado com Inês. Ele fez desenterrar o corpo da amada, coroando-a como rainha de Portugal, obrigando os nobres a beijar a mão do cadáver, sob pena de morte a quem desobedece.


O novo rei mandou caçar os dois carrascos que executaram sua amada e ordenou que o coração deles fossem retirados dos corpos com requinte de crueldade, o de um pelo peito e o do outro pelas costas. Pedro assistiu as execuções.

 

Contam que D. Pedro I ordenou antes de sua morte que os dois sarcófagos ficassem um de frente para o outro, para que no juízo final eles se olhassem nos olhos, quando todos os mortos ressuscitarem. Já pensou, todos os mortos ressuscitados, acho que não vai caber, mas tudo bem, ele achava assim.

 

 

A paixão de Pedro e Inês ainda hoje inspiram recéns casados, que visitam os túmulos no dia do casamento, para fazerem juras de amor eterno e de fidelidade, talvez até para recordarem alguns alertas sobre os cuidados com o sogro.

 

Dentre estas e outras, o Mosteiro de Alcobaça guarda histórias centenárias da religião e da política de Portugal.

 

Em uma das paredes do refeitório, existe uma fenda, como se fosse uma porta com 2 metros de altura e 32 centímetros de largura. Uma vez por mês todos os monges eram obrigados a passar de lada na fenda e aqueles que não conseguissem, eram obrigados a fazer um severo regime.

 


Apesar de que os objetivos de um mosteiro é para a prática da modéstia, da humildade, do isolamento e ficar a serviço de Deus, a arquitetura do local esbanja ostentação no tamanho, nos entalhes, nas esculturas, no requinte, nas pedras e madeiras nobres e nas louças utilizadas.

 

 

 

 

Muito ainda pode estar guardado fora da visão dos visitantes, atrás das paredes, nos quartos lacrados e embaixo do chão.

 

 

Nossa bela visita só foi permitida até onde o sol consegue tocar, sem acesso aos mistérios ocultos do Mosteiro que ainda está sendo recuperado para apresentar ao público.

 

 

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