Primeira parada para conhecer o Patrimônio da Humanidade foi em Puerto Madryn. Uma cidade às margens de uma da baias da Península Valdés.
Puerto Madryn é a cidade do polvo, mas em espanhol. Traduzido para o português é poeira. Tudo é empoeirado, as casas, os carros, as ruas, as paredes, o camping…
O pó está no ar o tempo todo, a cidade é esbranquiçada e as estradas ainda mais.
A poeira vem das montanhas brancas que circulam a cidade é na beira do mar. Quando venta muito e venta muito sempre, a montanha vai se dissolvendo e a poeira toma conta da cidade.
Nestas montanhas brancas, estão as ruínas dos refúgios que serviam de abrigo para os primeiros colonizadores, por volta dos anos de 1.860.
Os arredores deste local são considerados como lugar sagrado, pois, aqui foram encontrados restos mortais dos aborígenes, sepultados há 2.000 anos. Os defuntos eram enterrados na posição fetal com o rosto em direção ao leste, onde o sol nasce. Na entrada tem uma capela e algumas grutas ainda estão preservadas.
Saímos para nossa caminhada e chegamos até o centro de Puerto Madryn, por uma bela calçada cercada de bares e restaurantes para todos os bolsos. É uma cidade de porte médio, toda empoeirada.
A praia, com maré baixa, fica com mais de 50 metros, alguns pontos ficam recobertos de algas que se parecem com um gramado.
Puerto Madryn é muito visitada por turistas do mundo todo, que chegam para apreciar as belezas naturais da Península Valdés. Nós também fomos conhecer a intocável Península Valdés, classificada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.
Para chegar na Península passamos por um estreito de terra onde existe uma guarita e tem que pagar ingresso para entrar e pode ficar por dois dias.
No bom asfalto a velocidade deve ser bem moderada. Os guanacos, primos da lhama, estão por toda parte e as cercas de 1 metro de altura não os impede de invadir a estrada.
Os guanacos são grandes e um atropelamento, além da agressão de ferir ou matar o bicho em seu habitat, é certeza de grande estrago no veículo.
Paramos no centro de visitantes onde está escrita é ilustrada a história do local. A Península Valdés foi declarada Patrimônio da Humanidade em 1.999, onde a Argentina controla um Plano de Manejo Participativo, com participação de diversos setores nacionais e organismos internacionais.
Puerto Pirâmides é o principal povoado da Península. Hoje é parada de turistas, mas até o início do século passado desenvolvia importante papel na economia com a caça de lobos marinhos e extração de sal.
O principal mascote é a baleia e, pela cidade toda, encontramos monumentos, escavações arqueológicas e ossos espalhados nos quintais.
Neste belo local, enquanto eu conversava com um portenho que veio mergulhar na região, Ade ficou dentro da Caca e ficou apavorada com o vento. Quando voltei ela quase chorava dizendo que teve medo da Caca virar e sair rolando para dentro do mar. O vento era forte, mas não para tanto.
Dentro da Península os humanos foram quase todos retirados, restando algumas instâncias e lanchonetes nos pontos principais, Punta Delgada, Punta Pardelas e Punta Norte.
Os principais habitantes são os pássaros que possuem sua própria ilha, os lobos marinhos, os elefantes marinhos e os pinguins que possuem praias próprias.
Todos se parecem com focas, menos o pinguim, que não passam de 40 centímetros de altura, tem asas mas não voam. Quando eu falei para nossa neta Sophia que fomos ver pinguins, ela rapidamente perguntou se o Batman estava lá, pode?
Além dos turistas, arqueólogos e cientistas, a região recebe uns visitantes esporádicos que buscam alimentos e diversão. Quase sempre aparecem a baleia branca e a orca, a baleia assassina. Em terra a fauna é muito rica, mas poucas espécies são vistas pelos visitantes
A Galeta Valdés é uma formação geográfica de tamanha beleza, onde as poderosas baleias costumam frequentar.
O tempo todo tem um guarda observando a Galeta para registrar a presença de baleias. Segunda a vigia que estava de plantão naquele dia, vieram três orcas e ficaram por quase quatro horas na Galeta, se alimentando e se divertindo com os lobos e elefantes marinhos. Ela disse que a orca arremessa os lobos e elefantes com a calda há vários metros de altura.
Percorremos mais de 200 km dentro da Península, por chatas estradas de rípio, que apelidamos de “horrípio”, dormimos uma noite na também empoeirada Puerto Pirâmides e continuamos nosso trajeto rumo ao fim do mundo.
Vamo que vamo Maurício.
Parabéns pelo texto!!!
Um abraçãoooo