Deixamos as águas termais de Caldas Novas e seguimos pelo cerrado goiano, seco e árido, um dos ecossistemas mais antigos do planeta que abriga uma variedade de flora e fauna.
Entramos em Brasília por suas largas avenidas e muitos veículos circulando. Com ajuda indispensável do GPS, chegamos no camping do CTG, no Setor de Clubes da cidade.
Para exercitar, caminhamos por uma ciclovia desde a Ponte JK até os setores comerciais passando pela Praça dos Três Poderes. Ao todo foram 12,8 km caminhando sob o sol, numa cidade que não chove a mais de dois meses.
A Ponte JK possui três arcos assimétricos que cruzam diagonalmente, um dos ícone arquitetônico de Brasilia. Ela atravessa o Lago Paranoá, local de beleza, esportes, lazer e diversão.
Brasilia tem o formato de um avião que abriga em suas asas, áreas divididas por setores de negócios, lazer e moradias. O Eixo Monumental, que é o corpo do avião, facilita o fluxo de veículos, não de pedestres. Para o estacionar existem bolsões gratuitos distribuídos pela cidade.
Mesmo sem privilegiar os pedestres, o conjunto arquitetônico de Brasilia foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO.
Passando pelo Palácio do Planalto encontramos a Bandeira Presidencial hasteada. Ela é ainda inspiração do tempo do Império, com fundo verde e com o Brasão de Armas cercado por um ramo de café frutificado e outro de fumo florido, sinais de riqueza da terra.
A Bandeira deve ser hasteada onde o Presidente da Republica estiver, tanto nos palácios, nas residências oficiais e em qualquer outro local onde o Chefe de Estado Maior comparecer dentro do território nacional.
Neste dia, o Presidente estava trabalhando.
Bem ao lado da rampa, que o público não pode mais subir, estava um soldado do exército, todo solicito, que nos contou um pouco de como é dentro do Palácio. Apesar de estar a muito tempo prestando serviço ali, não sabe informar onde fica a sala do presidente. Ele disse que tem acessos restritos em vários locais dentro do palácio. Existem túneis e salas secretas em todas as sedes dos três poderes. É lógico que se mantenham segredos por questões de segurança, tanto de documentos como da integridade física do alto comando.
Depois que perguntei ele começou a falar sobre o fatídico 8 de janeiro, onde na tentativa de um suposto golpe de estado foram depredados os símbolos da Nação. Segundo ele somente a polícia militar estava no controle da manifestação e somente após o presidente decretar a intervenção, foi que o exército de forma muito competente eliminou as ameaças e prendeu quase todos. Segundo ele a estratégia foi primeiro identificar e prender os líderes da bagunça para inibir os demais.
Ele trabalhou no dia e nos contou detalhes da forte tensão que sentiram no campo de ação. Disse que somente os oficiais portavam armas letais e os demais somente com gás lacrimogêneo, esprey de pimenta e cacetete.
Foi interessante ouvir os fatos narrados por quem participou ativamente no dia que se tornou inesquecível.
Depois da depredação desnecessária, as casas da administração federal ficaram cercadas por grades, sem permissão de acesso ao público. Grande prejuízo aos turistas que chegam de todos os lugares e são impedidos de entrar. Agora somente nos finais de semana com visitas agendadas.
Até mesmo para caminhar por entre os prédios ficou difícil. Tem grades por todo lado. Depois de uma tentativa que fiz para entrar no congresso, sem sucesso, uma senhora que trabalha como vigilante, nos chamou e deixou a gente passar por um caminho proibido para tentar entrar pelo outro lado. Também sem sucesso, fomos barrados novamente e a alegação foi porque estávamos de calças curtas.
Tudo bem, deixa o Congresso para quem trabalha. Visitante que se contentem com fotos à distância.
Pela simpatia e presteza da vigilante que nos deixou passar pelo caminho proibido, pedi para fazer uma foto com ela e nem isso foi permitido, mas ela concordou em pousar de costas para a foto.
Até a Catedral Metropolitana já havíamos caminhado 9 km e paramos para visitar e descansar na igreja, bem na hora que estava começando uma missa. Aproveitamos para ficar, participar da missa, descansar e agradecer nossas aventuras.
Depois da missa, paramos para admirar a obra arquitetônica, com vitrais e colunas de concreto que embelezam o conjunto. Parei para admirar a Pietá da Catedral de Brasilia, um réplica de Michelangelo, micromilimetricamente igual a original. A escultura foi autorizada pelo Vaticano, feita com pó de mármore e resina. Apesar de ser uma réplica, a obra de arte tem reconhecimento mundial e foi doada por fiéis.
Seguimos olhando prédios sob um forte calor numa cidade sem árvores e com calçadas em não muito boas condições, quando elas existem. Nossa capital federal bem que poderia ser melhor cuidada e privilegiar um pouco mais os pedestres.
Entramos num shopping para almoçar, se refrescar e tirar fotos para renovação do visto norte americano que viemos para solicitar junto a Embaixada dos Estados Unidos. Infelizmente a exploração do comércio não tem limites. Pagamos 130 reais pelas fotos, depois descobrimos em outro comércio que o valor seria 50 reais e, pior ainda, que no consulado a foto é gratuita, tirada no próprio guichê.
Voltamos de UBER para casa.
No dia seguinte saímos com nossa casa rodante pela cidade, quase sempre tranquilo mas tem impedimentos também. Neste supermercado a Caca não passava pelo portal de entrada. Tive que esperar fora do estacionamento enquanto Ade fazia compras.
À bordo, passeamos por alguns dos pontos mais visitados e fomos almoçar no Park da Cidade, gigante pela própria natureza.
Na volta para casa passamos novamente pelos principais símbolos do poder brasileiro, só para registrar que a Caca esteve lá.
Numa cafeteria, descobrimos que havia mais uma opção de ficar acampados com motorhome. Bem em frente ao Lago Paranoá, encontramos a Concha Acústica, onde motorromeiros de toda America do Sul, ficam acampados com direito a água e eletricidade, tudo gratuito. Tem aventureiros que ficam por meses acampados de forma 0800, como costumamos chamar os locais gratuitos.
Agora vamos aguardar a entrega dos passaportes visitando a Chapada dos Veadeiros, a 200 km da Capital Federal. Quando os passaportes ficarem prontos, voltaremos a Brasilia.