A Rota 66 é uma lendária rodovia que liga Chicago ao Oceano Pacífico. Ela foi idealizada e aberta por jovens que queriam ver o mar e realizar um dos sonhos comuns entre os americanos: Chegar até o mar com uma garota bonita e um belo carro, se possível Cadillac.
Nosso ponto de partida foi exatamente onde começa a Rota 66, no centro de Chicago. Na verdade esta placa foi colocada num ponto estratégico para os turistas, não se sabe ao certo onde mesmo ela começa, mas é em Chicago.
O local fica sempre cheio de turista para fotografar a “estrada mãe” dos Estados Unidos.
A estrada começa em Chicago e termina em Santa Mônica, às margens do Pacífico, percorrendo 3.940 quilômetros em 8 estados: Illinois, Missouri, Kansas, Oklahoma, Texas, Novo México, Arizona e California.
Saindo de Chicago, já com o pé na Rota 66, paramos num pequeno bar na beira da estrada para tomar um café e começar a sentir um pouco, como era a vida naqueles tempos de viajantes sonhadores e aventureiros.
Neste bar, Joe e Victor, acreditando no movimento da nova rota que surgia, abriram um refeitório com um pequeno posto de combustíveis e o chamaram de “Log Cabin Inn”. Eles construíram o prédio com postes de cedro, descartados pelas companhias de telefonia. No local poderiam atender até 45 pessoas de uma vez.
Enquanto Victor enchia os tanques de combustível, Joe atraia os clientes com o aroma de suas receitas secretas feitas com carne de porco.
O empreendimento cresceu e para melhorar ainda mais, Joe ganhou um corvo de presente e o ensinou a falar. Os clientes vinham de todos os cantos para conhecer o corvo falador e dar cerveja pra ele beber. Dizem que o espirito do corvo vive ate hoje na “Log Cabin Inn”.
Paramos na pequena cidade de Atlanta, onde tem algumas estátuas esquisitas, gigantes. Um deles é o Bunyon, com quase 6 metros de altura, segurando um cachorro quente. O gigante, construído em fibra de vidro, foi idealizado para atrair motorista trafegavam pela Rota 66.
O objetivo era vender cachorro quente e até hoje ele está lá, atraindo pessoas que chegam para fotografar. Esta estátua do Bunyon se tornou um dos ícones da Rota 66. O gigante está lá segurando uma salsicha também gigante, só não vendem mais cachorro quente no local.
Passeamos também por Springfield, famosa por ser o local onde nasceu a Rota 66. Foi aqui numa reunião de agentes rodoviários em 1.926, que foi criado o nome da “estrada mãe”, ligando Chicago a Los Angeles.
Seguindo a estrada, ora pela via original, ora por novas e modernas rodovias, fomos parando sempre onde ainda existem pedaços ou lembranças da Rota 66.
Esta é uma ponte de ferro construída na Rota, que foi retirada de sobre Rio, ainda permanece inteira, mas sem água em baixo. A outra metade ainda esta no local de origem.
Perto da ponte estão várias esculturas de bronze retratando detalhes das aventuras dos jovens sonhadores que queriam chegar no mar do Pacífico.
Quilômetros rodando e sempre atentos aos ícones da estrada, como este carro de policia, erguido num pedestal, ao lado de um posto de gasolina. Todos os carros que ainda estão no antigo posto faziam parte da vida cotidiana dos viajantes da Rota 66.
Foram estes carros que inspiraram a Walt Disney Pictures a produzir o filme “Carros”, em 2006.
Em Oklahoma fomos visitar um parque dedicado a Rota 66. O parque é muito bonito, bem cuidado, mas da Rota mesmo, quase nada, somente esta placa já detonada pelos visitantes.
Muitos trechos da rota original já não existe mais. É preciso estar atendo para sair da rodovia moderna e seguir pelos trechos que a rota que ainda está preservada.
Se não sair da rodovia moderna quando possível, deixamos de ver as particularidades da rota que ainda estão em pé. São postos de gasolina, cafés, hotéis e muitos museus.
O “Conoco Tower Station & U-Drop Inn Café” é uma dos postos de combustíveis mais icônicos da Rota. Quando ele foi construído era o ponto de parada mais luxuoso de toda a Rota. Para a época, era um exemplo incomum de arquitetura para abrigar um posto de gasolina e uma cafeteria.
O negócio entrou em declínio após a construções de novas rodovias na região e voltou a ter reconhecimento depois que fez parte do filme “Carros” e também passou a ser destaque como atrativo turístico da Rota 66.
Nos caminhos de Oklahoma encontramos mais um pequeno museu, muito bem conservado, com pouco acervo histórico, gerenciado por aficcionados pela lendária estrada.
A cada pequena cidade no caminho tem um museu ou alguma peça que lembra a antiga Rota. Em quase todos os lugares vendem lembrancinhas e cobram ingressos para mostrar o que guardaram da história da famosa estrada.
Para representar mais um dos vários “sonhos americanos”, um artista plástico criou uma obra de arte no meio do nada, que se tornou um dos mais famosos pontos da Rota 66. Ele enterrou 10 Cadillacs na areia. Foi talvez uma espécie de pirraça ao povo, que endeusava o Cadillac, um carro que todos queriam.
Hoje a obra de arte é altamente turística e se divide em dois lugares. No primeiro tem uma loja de conveniência, três Cadillacs e um daqueles gigantes de fibra pra chamar a atenção.
No Cadillac Ranch, a loja de conveniencia, você compra uma lata de spray para interagir com a obra de arte principal que esta a poucos quilômetros, num campo vazio, onde você usa o spray para pintar os carros e deixar tua marca, por pouco tempo, pois logo vem outro turista e pinta por cima.
Tem tanta tinta, pintada por gente de todos os lugares do mundo que, em alguns carros, a camada mais grossa se desprende e escorre pela lata do Cadillac.
São tantos visitante e tantas latas de spray que não se contentam em pintar somente os Cadillacs. Saem pintando as latas de lixo, cercas, postes e até a estrada que passa em frente, a Rota 66, já quase toda pintada.
Aqui é uma parada obrigatória para quem se aventura em conhecer a Rota 66 por completo ou apenas um trecho. Muitos turistas alugam motocicletas na California e seguem até Amarillo para ver de perto um dos sonhos americanos enterrados na areia.
Esta é mais uma carcaça que serve de enfeite ao longo da estrada. Ele está estacionado há muito tempo, dentro do Parque de Árvores Petrificados, por onde um dia já passou a lendária Rota 66.
Depois fomos conhecer e fotografar um dos hotéis mais comentados da Rota, onde os quartos imitam cabanas de índios e tem um carro antigo em frente de cada tenda. Até tentei dormir no hotel para guardar na lembrança, mas estava lotado. Me pareceu que tem gente que mora lá o tempo todo, usam como residência fixa.
Interessante destacar que foi aqui na Rota 66 que surgiram os primeiros moteis, que nada tem haver com o tipo de comércio deste nome no Brasil. Motel por aqui é sinônimo de hotel de quem viaja de carro, por isso “Mo”, de motor e “tel” de hotel pra completar o nome do local de dormir dos viajantes.
Em San Bernardino visitamos o primeiro McDonald, idealizado para atender os viajantes que passavam pela Rota 66. Tudo começou em em 1.940, quando os irmãos Richard e Maurice McDonald`s, decidiram vender hambúrgueres e batatas fritas.
A primeira grande ideia dos irmãos foi colocar garçonetes atraentes para servir os adolescente que lotavam o lugar, atraídos também pelo baixo valor e rapidez na elaboração dos lanches, que podiam ser servidos no carro do cliente e música alta.
Hoje, o restaurante se tornou mundial e no local do primeiro não servem mais comidas, passou a ser um museu, onde os visitantes conhecem a história de sucesso dos irmãos e trazem brinquedos do Mc dos mais diversos países para doar para o acervo.
O Brasil é um dos países que mais tem doadores. São tantos brasileiros que visitam o museu que o curador aprendeu a falar português e traduziu a história do restaurante para o português num panfleto. No dia que visitamos tinha pelo menos mais quatro famílias do Brasil.
Finalmente, depois de 32 dias pesquisando e caçando pedaços da rodovia mais famosas do mundo, chegamos onde ela terminou, nas margens do Oceano Pacifico.
Tantos outros conseguiram esta façanha e tantos outros querem realizar este sonho. Mesmo que somente uma pequena parte da rota famosa ainda exista, muitos ainda querem percorrer a lendária estrada.
Com o progresso, a Rota 66 que foi um grande palco do jovens aventureiros, quase ficou no esquecimento, não fosse Robert Waldemire ilustrar aquele antigo sonho americano em um mapa estilizado. Waldemire era um preservacionista e ambientalista que teve dificuldade em compreender o progresso e lutou com sua arte tentando preservar o passado. Ele seguiu e detalhou toda Rota e fez renascer a estrada mãe dos Estados Unidos com sua arte.
No Pier de Santa Monica tem um painel como tributo a memória de Robert Waldemire, na sua tentativa de sucesso para imortalizar a Rota 66.
Graças ao Waldemire, nós também realizamos este passeio, um dos destinos de turismo mais famosos do planeta. Durante 32 dias fomos zigzagando em torno do caminho idealizado pelos jovens aventureiros que queriam conhecer o mar do Pacífico e seguiram desbravando terras, enfrentado conflitos, se aventurando, sem saber que seus feitos trariam o progresso para tantas terras no meio oeste e no oeste do País e sem pensar que a rota seria a mais amada da nação, reconhecida em todo mundo.
Depois da missão cumprida, podemos dizer que a Rota 66, não pelo caminho, mas pela história que ela continua contando, valeu a pena. Muitos aventureiros já realizaram esta façanha e muitos sonham em realizar um dia. Pelo caminho vimos a emoção estampada em muitas pessoas nos pontos mais icônicos da rota. Vimos todo esforço dos moradores e comerciantes para manter o caminho, preservando o que restou e vendendo o sonho dos antepassados nos museus e lojas de conveniências espalhados no entorno de toda estrada.
Rota 66