Deixamos o Novo México e entramos no Arizona e logo após a divisa, levamos um enorme susto quando de longe avistamos uma Explosão com uma enorme bola de fogo. Sem saber o que realmente estava acontecendo, diminui a velocidade e só quando nos aproximamos foi que percebemos se tratar de acidente ferroviário, acelerei para ficar o mais longe possível, pois desconfiei que poderia haver novas explosões.
Foi um terrível acidente com dois trens em sentido contrario, transportando vagões com combustível. Quando vimos a bola de fogo, estávamos a menos de 2 minutos do local.
Segui com cautela tentando saber o real perigo, enquanto Ade fazia fotos pela janela. Logo que passamos e fomos nos distanciando, encontramos muitas viaturas de polícia, bombeiros e ambulâncias seguindo para o local.
Depois vimos a noticia de que a estrada foi trancada nos dois sentidos, logo depois que passamos. O susto foi grande.
No Arizona a paisagem mudou novamente. Já não é mais o verde das matas e nem o marrom do cerrado. O predomínio das paisagens agora é o colorido das enormes montanhas.
No trajeto notamos placas informando que ali próximo tinha um Parque Nacional e lá fomos nós. Desviamos um pouco da rodovia e seguimos por uma estrada secundária para conhecer o Petrified Forest National Park, que guarda fósseis de animais, pinturas rupestres e as árvores que viraram pedras.
Pagamos o ingresso no centro de visitantes e percorremos quase 50 quilômetros por estradas asfaltadas e muitos pontos de visitação dentro do Parque.
As primeiras paisagens que avistamos eram enormes crateras com terras coloridas e algumas edificações feitas com taipa, que abrigam museus e lojas de conveniências.
No meio do Parque tem um calhambeque abandonado, como tantos outros espalhados por todo País, mas este é icônico por marcar a passagem da Rota 66, na sua primeira versão.
O colorido das montanhas é de uma beleza ainda maior do que uma obra pintada por um renomado artista. As montanhas são enormes e a variação das suas cores são perfeitamente combinadas e indicam o longo tempo que as camadas demoraram para se formar.
Ainda estão preservadas algumas pedras que serviam de fundação das moradias e em várias rochas estão gravadas as artes ou mensagens dos antepassados que viveram por aqui, agradecendo seus deuses, intimidando criancinhas ou só rabiscando mesmo. Difícil entender o que cada petróglifo representa. São muitas teorias.
Numa das rochas tem pássaro gigante carregando uma pessoa no bico. Contam os historiadores que era para amedrontar as crianças. Os pais diziam que se elas fossem más, o grande pássaro viria buscar-las, tal qual nossos pais no Brasil nos amedrontavam com o temível “homem do saco”.
Por todo o Parque estão espalhados pedaços de troncos de árvores de várias espécies. O grande feito da natureza, ao longo de 250 milhões de anos, foi transformar o vegetal em mineral. Exatamente! As árvores viraram pedras.
Pela segunda vez temos a oportunidade de observar de perto este fenômeno da natureza. A primeira foi nos Bosques Petrificados, no sul da Argentina, onde a vigilância era severa e sequer podíamos tocar nas árvores que viraram pedra. Aqui elas estão por todos os lados, você pode tocá-las, vendem como souvenir, estão na beira da estrada fora do parque e enfeitam lojas e hotéis nas pequenas cidades que ficam nas proximidades do Parque.
Na Argentina a história é que as árvores foram tombadas com a força dos ventos quando surgiu a Cordilheira do Antes e depois foram cobertas pelas lavas dos vulcões que eclodiram. Passados 90 milhões de anos, os ventos sopraram as cinzas e as árvores reapareceram, já como minerais.
Aqui contam que as águas do degelo arrancaram as árvores, que ficaram enterradas na lama e com o tempo a sílica foi se infiltrando nos troncos, substituindo o material orgânico por cristais de quartzo, petrificando a madeira. Depois de 250 milhões de anos, a erosão expos novamente os troncos e agora as árvores tombadas são de pedras, não mais de madeira.
Quando polidas, as pedras que já foram árvores ficam brilhantes, verdadeiras jóias. Com o material polido fazem brincos, colares, mesas de centro, e até uma cadeira nós vimos. Ade queria comprar uma tábua ou pedra de carne, mas não encontrou. Aida não tiveram esta ideia.
No parque existem várias lojas que vendem artigos ilustrados com tema do local, museus que guardam as peças de pedras mais importantes e ossadas de animais pré-históricos que foram encontrados na região.
As pedras que já foram árvores e as ossadas dos bichos contam histórias parecidas, que ocorreram há milhões de anos ao sul e ao norte do Continente Americano. As árvores eram parecidas, mas os bichos eram diferentes.
Fomos dormir em Flagstaff uma pequena cidade no Arizona que serve como porta de entradas dos principais parques dos Estados Unidos.