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28. Tobermory na Península Bruce, o ponto de encontro de turistas no Lago Huron


 

 

Ficamos mais alguns dias em Toronto e saímos novamente em uma nova aventura, agora sem Paula, Igor e Dimas, infelizmente, pois foi ótimo viajar com eles.

Fomos conhecer a Península Bruce e a comunidade de Tobermory, no Lago Huron, importante centro turístico na Província de Ontário, pouco menos de 300 km de Toronto.

 

 

Trafegando pelas estradas com muitas fazendas, avistamos uma placa oferecendo morangos para vendas. Entramos e novamente começou a diversão de se comunicar com um local, que só entende seu idioma e ainda com sotaques regionais. Nas tentativas e muitos risos e gestos, conseguimos entender que era possível comprar morangos já na caixinha ou ir até a roça e colher nossos próprios morangos. Sem dúvidas, preferimos colher e saborear a deliciosa fruta direto da plantação.

 

 

 

Na saída mais momentos felizes no entendimento e na comunicação. Colhemos e compramos uma cesta de morangos, um doce de limão delicioso e um pacote de aspargos frescos. Pagamos e, na saída, tivemos que abanar várias vezes com as mãos para as três pessoas que nos receberam muito bem e ficaram dando tiaozinho até deixarmos a propriedade, levando produtos frescos e deliciosos. A cestinha foi um brinde.

 

 

A Península Bruce é uma ponta de terra que avança sobre o Lago Huron, na divisa do Canadá com os Estados Unidos, no território tradicional dos índios da Nação Saugeen Ojibway.

Os índios ocupavam cerca de dois milhões de acres na região, antes da chegada dos exploradores, ou invasores britânicos que tomaram conta de tudo. Felizmente, em 1.847 a Rainha Vitória emitiu uma Declaração Real devolvendo aos donos de fato, uma pequena parte onde fica a Península Bruce.  Não vi indícios de indígenas na região. Pode ser que eles perderam novamente suas terras para os ricos e exploradores do turismo.

 

 

O Lago Huron tem quase 60 mil km2, segundo maior lago dos cinco grandes lagos do Canadá e um dos maiores do mundo em extensão territorial. Sua superfície está a 176 metros de altitude e sua profundidade chega a 230 metro de na sua parte mais funda.

O Lago Huron mais parece um oceano, impossível ver o outro lado, com dezenas de ilhas e um litoral com praias e formações rochosas que encantam os olhos e as lentes dos fotógrafos, profissionais e amadores.

 

 

 

A sede da Península é Tobermory, uma pequena comunidade localizada no extremo norte, que já serviu de base para os colonizadores em meados do século XIX, mas tem indícios de vida humana há mais de 7.500 anos.

No centro de Tobermory tem algumas lojas, alguns restaurantes, alguns hotéis, poucas residências e muitas agências vendendo passeios de barco, principal atração da comunidade.

 

 

Tobermory é conhecida como a capital mundial do mergulho em água doce. A água é de uma beleza indescritível, na cor azul turquesa, com uma transparência e visibilidade de até alguns metros de profundidade.

 

 

 

Na comunidade tem o maior porto natural de água doce do Canadá, o Big Tub Harbor e um porto menor conhecido como Little Tub, duas das atrações turísticas da cidade.

 

 

A principal atração da Península é o passeio de barco até a Ilha Flowerpot, ou Ilha do Tesouro, onde os atrativos além das águas azul turquesa, são os penhascos, as formações rochosas e os 22 navios que afundaram próximo da Ilha.

Quando fui comprar o ingresso para o passeio perguntei ao atendente se não era imprudente ir de barco visitar o local onde tantos barcos afundaram. Ele sorriu e disse que hoje as embarcações são mais modernas e que não tem mais perigo, só que naquele dia o passeio não era recomendado por motivo dos fortes ventos, da chuva e da neblina.

Desta vez não embarcamos no barco para navegar onde tantos outros barcos já afundam. Eu estava meio receoso mesmo. Ainda bem que não deu certo. Mas com certeza, perdemos um belo passeio.

 

 

Na Ilha tem um farol branco e vermelho redondo, importante para a navegação na península, mas o farol mais charmoso é o farol hexagonal, construído em madeira, que fica em Little Tub, também branco e vermelho.

O Farol de Little Tub é a coqueluche da região. Ele está reproduzido em miniaturas vendidas nas lojas de souvenires e nas casas enfeitando jardins. O farol original atrai muitos visitantes.

 

 

 

No final da tarde a neblina aumentou ainda mais e voltamos para o hotel, na esperança de que no dia seguinte o tempo seria mais agradável para os passeios. No primeiro dia amanheceu com sol e no meio da tarde o tempo fechou. No segundo dia amanheceu nublado e com garoa forte e no finalzinho da tarde o sol até brilhou, mas foram por alguns momentos.

Por mais que o turista se prepara, faz seu planejamento de viagem na esperança de ver tudo lindo, com a presença do sol, tem que considerar que a natureza pode causar surpresas e impedir os planos.  Mesmo assim, sem podermos controlar o tempo, precisamos aceitar e visitar o que for possível, aproveitando todas as oportunidades.

 

 

Esta região já foi muito rica quando abrigavam raras e valiosas árvores de cedro nas florestas. Os exploradores acabaram com tudo e a região ficou pobre. Depois voltaram a ficar ricos quando começaram a explorar a pesca, mas foram predadores e ficaram pobres novamente. Agora estão explorando o turismo e estão ricos novamente, mas já estão preocupados com a exploração dos que querem ter casas no litoral do lago.  O turismo cresceu 200% nos primeiros anos de exploração e agora é o setor imobiliário que aproveita o bom momento, rasgando as florestas, abrindo grandes espaços para construir casas enormes para os poucos endinheirados.

Já acabaram com a madeira, depois com os peixes e agora estão preocupados em não acabar também com o turismo. Em alguns lugares tem controle do número de visitantes e, se não fizer reserva antecipada e pagar caro pelo ingresso e pelo estacionamento, não entra.

Tem mais uma: por aqui coexistia a Massasauga Oriental, uma cobra cascavel que já foi muito comum na região. Agora foi declarada como uma espécie em extinção. Aqui não tem meio termo. Eles exploram ao máximo.

 

 

 

A exploração imobiliária já tomou conta de quase tudo. As praias abertas ao público ocupam pequenos espaços, com cercas e placas nas laterais indicando propriedade particular.

O Estado, temendo nova derrota na região, criou o Parque Marinho Nacional Fathom Five, a primeira área nacional de conservação da marinha do Canadá, que também se tornou uma atração turística da Península. Tem controle de entrada e só entra quem fizer reserva pela internet e pagar antecipadamente pela entrada. Tentei entrar mas fomos barrados na portaria. Por aqui não tem o “jeitinho brasileiro”.

 

 

 

Algumas praias são de pedras grandes, outras de pedregulhos, outras de areias escuras e poucas com areia clara e espaços para os banhistas.

 

 

 

Fomos conhecer com grande expectativa, as cachoeiras da Península. Acho que a expectativa nossa foi muito grande e até rimos quando chegamos. É apenas uma correnteza, com pequenas quedas d’água, provocadas por pedras jogadas e barreiras de concretos dentro do rio. Por aqui o nome é fall.

 

 

 

Visitamos várias praias nas encostas laterais da Península e numa delas ficamos esperando o pôr do sol, numa praça em frente ao lago, com bancos confortáveis para ficar olhando a imensidão de água doce, que mais parece um mar.

O cenário estava perfeito para um belo pôr do sol, até que uma enorme nuvem sacaneou nosso expectativa novamente e tapou o astro rei pouco antes dele sumir na imensidão de água doce, que mais parece um mar.

 

 

 

Deixamos a  Península Bruce sem conhecer todos os pontos turísticos que a região abriga, mas trafegar pelas estradas com muitas fazendas, passear em Tobermory, visitar as praias e outras pequenas cidades da região, valeu todo nosso empenho e investimento.

Infelizmente também não vimos os ursos negros, os guaxinins, os veados de cauda branca, os porcos-espinhos e os esquilos, que ainda coexistem nesta região. Pode ser que fiquem escondidos com medo dos humanos predadores da região.

Espero que se organizem muito bem e não deixem que o próximo motivo da região ficar pobre, venha ser o Overturismo.

 

 

Quem sabe um dia a gente volte a Tobermory para conhecer o que faltou visitar e, quem sabe, fazer a Trilha Bruce, mais uma das atrações da região. A Trilha Bruce é uma caminhando 700 km, que sai de Tobermory e vai até as Cataratas do Niágara. Será que vai dar tempo?

 

 

 

 

 

 

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