Deixamos Curitiba depois de passarmos alguns dias agradáveis com nossos amados e pegamos a estrada rumo ao norte. Escolhemos passar pela Rota da Serpente, saindo de Curitiba e seguindo para o Estado de São Paulo.
Dizem que a Rota da Serpente tem 1.600 curvas, mas acho que não é verdade, tem muito mais. Pela estrada afora uma curva atrás da outra, caminho perfeito para os amantes de motocicletas, aliás, muitas delas passaram por nós.
Saímos do asfalto e por uma estrada de terra, não muito bem conservada, cheia de buracos, entre as montanhas e a beira de precipícios, até chegarmos no PETAR.
PETAR é a sigla do Parque Estadual Turistico do Alto Ribeira, criado em 1.958 para garantir a preservação do patrimônio espeleológico, palentoeológico e arqueológico da Mata Atlântica, já quase instinta no Estado de São Paulo.
O rico patrimonio natural é formado por cavernas, grutas, rios e cachoeiras, tudo entre as altas montanhas. A população local é formada por quilombolas, ribeirinhas e pequenos agricultores. O Parque abriga 400 cavernas, dezenas de sítios arqueológicos e rios que formam dezenas de cachoeiras e corredeiras, propícias para esportes de aventura.
Visitamos algumas cavernas onde ainda existem vestígios de garimpagem e de ocupação pelo homem primitivo. Cada caverna tem uma diversidade de espeleotemas, estalactites, enormes salões, passagens estreitas e rios subterrâneos.
Entrar numa caverna é sempre uma forte emoção e requer muita atenção quanto aos detalhes de segurança. Antes de entrar é preciso conhecer as regras observando rigorosamente a obrigatoriedade do uso de roupas adequadas, calçados apropriados, capacetes com lanterna e as ordens dos guias cadastrados.
Na portaria das cavernas tem um controle de entrada e o pagamento de ingressos. É obrigatório estar sempre acompanhado por guias, que cobram um valor por pessoa. Guias cadastrados autônomos geralmente cobram mais barato do que as agências. Cada guia pode conduzir até 8 pessoas para entrar nas cavernas, trilhas ou nas cachoeiras.
O bom guia sempre tem histórias para contar e demonstra conhecimento da natureza por onde a gente passa. Normalmente para chegar numa caverna é preciso caminhar por trilhas demarcadas e no caminho o bom guia também conta tudo que sabe sobre a fauna e a flora da região.
Cada visitante carrega uma lanterna acoplada ao capacete e caminha tomando seus próprios cuidados. Nos pontos mais difíceis existem cordas e corrimões para apoio e escadas improvisadas para alcançar níveis diferentes. Existem pontos de muito risco quando precisamos passar segurando nas paredes de rocha à beira de pequenos precipícios. Se escorregar ou desequilibrar, pode causar uma queda com graves consequências.
A cada passo dá vontade de parar para admirar as diferentes formações, imaginando o poder arquitetônico da natureza, que vem construindo verdadeiras obras de arte durante milhares de anos.
Muitas das cavernas da região foram descobertas durante a exploração de riquezas minerais, principalmente ouro e prata. Com a preocupação do Estado em preservar a natureza, o garimpo foi extinto restando apenas buracos escavados nos buracos que foram formados pelos movimentos geográficos.
Na mata vivem várias especies de pássaros, macacos, cobras, porcos do mato e até onças pintadas, que circulam livremente pelas matas, que tem abundância de águas e alimentos naturais.
Avistamos e ouvimos diferentes tipos de cantos e rugidos e até uma borboleta veio pousar nos cabelos da Ade. Também tem as serpentes que a cada passo pode nos surpreender.
Os rios e cachoeira são também uma grande riqueza na região. Pequenos riachos e rios mais caudalosos proporcionam banhos agradáveis, momentos de inspiração e palcos de esportes radicais como boia cross, rafting e rapel.
As águas escorrem pelas montanhas protegidas por pedras pequenas e pedras gigantes que se acomodaram proporcionando belas paisagens.
Em dias de muitas chuvas é preciso estar atentos as famosas “trombas d`águas”, que podem causar acidente com graves consequências. Estando nos rios ou cachoeiras e começou a chover, o melhor a fazer é se afastar do leito do rio e procurar lugares mais altos.
Ade não resiste a uma cachoeira. Sempre está preparada para banhar-se e revigorar a alma, como ela diz.
Nos dias que visitamos o PETAR, coincidiu com um feriado prolongado e haviam muitos turistas do Paraná e principalmente das várias cidades de São Paulo que ficam na região. Por esse overturismo, muitas das atrações foram limitadas permitindo apenas a entrada de pessoas que já haviam adquirido seus ingressos pela internet. Muito gente ficou frustrada por ser barrado na porta da caverna ou nas trilhas das cachoeiras mais famosas.
As trilhas são de dificuldade média, passando por estradas e caminhos que cortam as matas. Por onde passamos ainda existem vários riscos que poderiam ser mitigados com remoção de pedras soltas, cordas de apoio e escadas.
No caminho sempre aparecem curiosidades com plantas, pedras e pequenos animais que cruzam nosso caminho. Encontramos uma das curiosidade numa árvore que gera esta folha gigante. O nome dela é João Henrique, todos a conhecem mas ninguém soube me dizer a origem deste nome tão singular para uma folha.
No caminho descobri outra curiosidade. Quando perguntei por que não asfaltam a estrada de acesso até o PETAR, descobri que a estrada já é asfaltada (?), sim, no passado foi aprovado verba para o asfalto e o dinheiro sumiu, sem ninguém fazer o asfalto. Mesmo com a asfalto invisível, venha conhecer o PETAR, aqui você vai explorar cavernas, fazer trilhas, observar a fauna e flora e se refrescar nas cachoeiras. Para que gosta de esporte radicais, existem diferentes opções de aventuras.
Ainda dentro do turismos pela mata atlântica no Estado de São Paulo, ainda ficou para conhecermos o complexo da Caverna do Diabo, que vamos fazer em outra oportunidade.
Bem próximo das principais atrações existem muitas opções de pernoite em pousadas e campings, que também oferecem cardápios exclusivos, como palmito assado, uma delicia.