Viagem para Prado, na Bahia. Estrada tranqüila, quase sem movimento asfalto com alguns buracos bem grandes.
Tem que ficar atento o tempo todo e reparar alguns avisos de buracos:
- quando no asfalto começam aparecer pequenas imperfeições;
- quando a cor do asfalto fica diferente por onde normalmente passam os pneus;
- quando a areia se destaca no asfalto.
Ao perceber qualquer destes indícios, procuro trafegar por entre os rastros dos pneus dos carros que é onde tem menor probabilidade de buracos. Muitos deles são fundos e podem causar um acidente de proporções desastrosas. Cuidar o tempo todo é o verdadeiro prazer de pilotar uma motocicleta.
Paramos para um lanche e descansar um pouco num restaurante com várias pessoas sentadas, vendo a vida passar. Um deles me disse: não vá até a “cidade tal”, lá só tem preguiçoso, aposentado e viado. Não tem nada para fazer lá. O comércio fecha meio dia e todo mundo vai dormir.
Chegando no Prado fui procurando uma rua pra ir até a orla e passei da cidade. Procuramos pouso com ajuda de crianças que corriam atrás da moto indicando pousadas. Como recompensa, pedem aos donos das pousadas que deixam eles nadar na piscina.
Caminhamos pela cidade pacata com restaurantes típicos e de bom preço. Jantamos muqueca baiana, falamos com a Paula e fomos dormir.
No café da manhã conhecemos dois casais. Um mineiro e o um paulista. O papo se estendeu pela piscina e durou horas. Thiago e David, gêmeos de 4 anos ajudaram bastante na manhã agradável. Contei um fato que aconteceu comigo em uma viagem que fizemos por Minas Gerais, em maio. Eu e Ade, junto com o pai e a mãe dela, Rosa e Benedito.
Passamos por Teófilo Otoni compramos pedras semi-preciosas. O dono das pedras, ao embalar e colocar numa caixa para um transporte seguro, esqueceu de colocar um cristal lapidado. O Eduardo, do casal mineiro, de volta para Minas, passou pela loja e cobrou o dono das pedras. O dono disse que se lembrava do fato e que eu havia esquecido o cristal lá (? foi ele quem embalou). Resultado: entregou a pedra para o Eduardo que estará encaminhando pelo correio no nosso endereço em Curitiba. Fica aqui nosso agradecimento ao Eduardo pela presteza e gentileza por tirar uma pequena mágoa que havia ficado. Isto é amor.
Amor é o sentimento que faz as pessoas se sentirem felizes. Isto é o que estamos praticando e encontrando nesta viagem.
- Tratar as pessoas como gostaríamos de ser tratados é amor.
- Carregar compras, dar um pedaço do sanduíche, obedecer, levar chá para os vizinhos, convidar para o almoco, oferecer ajuda, emprestar o guarda chuva, ser preciso nas informacoes, um abraço, um sorriso, uma foto juntos, um churrasco com os vizinhos, escrever o nome da Sophia ou um Bom Dia escrito na areia é amor.
O amor é conspirador e tem um alcance poderoso. Quando mais você fabrica mais surgem matérias prima. O amor engloba vários outros valores como amizade, alegria, gratidão, cooperação, consideração, coragem companheirismo, cuidado, honestidade, paciência, bondade e justiça.
Depois caminhamos pela praia rumo ao sul, com imensas áreas de coqueiros, até o local onde o mar é separado de um enorme rio por uma duna de 30 metros de largura.
Na cidade, vimos uma passeata para o comício de uma candidata a prefeita com 23 anos, filha de um velho político que já foi duas vezes prefeito e, dizem, tem mais de 20 parentes deputados, prefeitos e vereadores na região. O povo apoiando. Todos saem nas calçadas com cadeiras, varias pessoas bem idosas, vários com defeito físico, sempre com requintes de simplicidade. Diferente da orla que ostenta riqueza.
Fomos no Cumida di Buteco, pedimos caldo de vaca atolada e porco na lama. O caldo é igual, muda só a carne. Muito bom.
O comício havia acabado e as ruas estavam novamente desertas. Voltamos, atualizamos os dados e sono muito bom naquele colchão.
No café da manhã havia um silencio até que eu perguntei se alguém já tinha ido na cachoeira que deságua no mar. Pronto. Começou uma conversa agradavel que se estendeu por mais de uma hora.
Saímos rumo a Porto Seguro com chuvas alternando com o sol. Paramos em um restaurante no posto e logo apareceram dois motociclistas dando dicas de boas coisas a fazer e caminhos a seguir. Na região existem vários MC e seus membros respeitam uma bandeira. Tem vários encontros com milhares de motos e um importante acontece no Prado em março, todos os anos.
Passamos pela BR. 101 avistamos o monte Pascoal. Onde tudo começou. Ele foi o “terra a vista”, apesar de ser baixo é o ponto mais alto da região.
Deu uma emoção passar tão perto de onde tudo começou e decidimos entrar até o pé do monte a 14 km da BR. Os índios cuidam do pedagio e são guias para quem quizer escalar o monte. A entrada e 5 e o guia e 40 reais. Meio estranho estar sozinhos entre índios. Ficaram olhando de longe, curiosos e desconfiados.