Motocicleta pelo Brasil 2012 19 PORTO DE GALINHAS – PE

19 PORTO DE GALINHAS – PE


 

 
Café da manhã divertindo no último dia em Praia do Francês, com todos os novos amigos reunidos, com o casal de donos da pousada, cantineiras e cachorros. 

A pedido do Pedro, dono da pousada, beijei o rinoceronte que ele trouxe da Itália. Diz ele que dá sorte e curte com seus clientes. Ele é muito bem humorado.
 
 
Fomos por uma estrada remendada por amadores em quase toda a sua extensão. Foi a pior estrada que passamos de Maceió até Porto de Galinhas, apesar de belas paisagens. 
 
 
 
Paramos para comer no Rei da Coxinha. Por aqui, tem muitos reis. Reis dos móveis, rei do colchão, rei do camarão, rei dos caldinhos, rei do pastel, acho que a monarquia por aqui seria bem aceita, aliás, no Brasil e no mundo inteiro seriamos mais felizes se existisse um rei, impar, desnecessitado e de bom alvitre. Eu votei na monarquia naquele plebiscito que teve, lembram? 
 
 
Em Maragogi paramos para um descanso e tirar fotos. 

Os arrecifes a menos de 100 metros da areia, proporciona piscinas naturais, propícias para o banho de mar. Maragogi é famosa, todos recomendam uma visita.
 

Chegou um garoto guia e disse tudo emendado “o passeio para as piscinas naturais é tabelado todo mundo cobra 60 reais eu faço por 30 e se vocês forem mesmo eu faço por 20 e ainda pode levar uma criancinha de graça”. Até a história da criança, tudo bem decorado, mesmo ele vendo que estávamos de moto, em dois, ele ofereceu para levar uma criancinha de graça.
Chegando em Porto de Galinhas, parei a moto e fui procurar pousadas. Diárias acima de 150 reais que, algumas, não valiam 60. Quase todos cobram em torno de 160. Escolhemos um flat, sem café da manhã, bom, bem localizado e bem equipado.
 

 

 
Fomos de moto passear rumo ao norte até Muro Alto. Uma Praia com um piscinão verde, transparente, com águas mornas. 
 
É impressionante a temperatura das águas por aqui. No chuveiro, na piscina, nas torneiras e especialmente no mar. Chega quase na temperatura do nosso corpo e é muito agradável. Água gelada mesmo, só mineral e de côco. 
 
 
Passeio na rua principal é show de visual. Boas marcas e muito artesanato regional de boa qualidade. 

Tem muitas opções e beleza nas lojas, restaurantes, feiras, galerias, músicas ao vivo e muita gente bonita passeando. 

Tomamos um caldo de feijão para repor um pouco sua falta. Durante a nossa viagem poucas vezes comemos feijão. Tomamos caldo de feijão sempre que oportuno. 
 
 
No mar spa, conversei com um turista carioca que viaja sempre que sobra um tempo. Certamente uma pessoa de sucesso financeiro que usa alguns dias de folga para viajar a um paraíso da natureza. Quando menos se espera, se pega a conversar sobre o trabalho. Pouca gente consegue desligar do trabalho em férias de poucos dias. Outro carioca que conheci na pousada é a mesma coisa. Sobrou um tempo, viaja para um paraíso e se o papo se alongar, fala de trabalho. Mesmo que de pouca duração, a viagem faz bem por que quebra a rotina de todo ser humano. 
 
A conversa inicial com um estranho, requer alguns cuidados: 
  • A troca de olhares é por onde começa;
  • Se aproxime e cumprimente;
  • Elogie o local. É sempre bom elogiar para começar bem uma conversa; 
  • De onde você é, já veio aqui, até quando vai ficar, são perguntas que se seguem; 
  • Conte alguns detalhes de passeios e culinárias que você freqüentou  recentemente na região, como dicas;
  • Tudo isso sempre numa constante troca. Fale um pouco e espere a resposta de reação e aí o papo deslancha. 
Muito cuidado. É ruim quando um só fala e o outro só ouve. É bom administrar a conversa para que todos falem, assim será mais agradável e produtiva a troca de experiências. 
 
Pequenas jangadas levam turistas até a 100 metro mar adentro para as piscinas naturais que se formam com a maré baixa. 

Multidões se aglomeram para tirar a foto com os peixes na piscina com formato do mapa do Brasil.
 
 
Caminhamos 10,6 km pela praia para o lado direito. Passamos por um povoado e encontramos duas crianças e um adulto roubando cajú no quintal de uma casa sem os donos na hora. Quando chegamos o adulto que estava em baixo foi para os fundos e as crianças desceram rapidamente da árvore. Vejam a cara do meliante. O escurinho da direita é claro.
 

Já tinham colhido bastante e pedimos para comer alguns. As crianças nos deram o melhor de suas colheitas e o adulto pediu 2 reais por todo balde que havia colhido. Disse que o dinheiro era para tomar uma pinga mais tarde.

Ofereci 10 reais para que eles repartissem o dinheiro e deixassem a gente escolher as frutas. Toparam na hora. 

Logo a frente um rapaz lavando o carro emprestou a água, a Ade lavou e fomos chupando cajú e levamos um pouco para casa. 

Na nossa caminhada, sem saber direito onde iria o caminho que estávamos seguindo, levando cajús frescos, comprados diretamente dos ladrões de frutas do quintal alheio. 
 
 
Chegamos num mangue onde os bugs levam turistas para andar de jangadinhas e conhecer um habitat natural dos cavalos marinhos.  
 

Lado esquerdo da cidade 8,6 km. Pousadas, hotéis e resorts, estão em grande quantidade na orla norte. Alguns luxuosos e caros mas, tem café da manhã. Esta foi uma brincadeira que fizemos quando um hotel nos pediu 650 reais a diária e a recepcionista disse “é com café da manhã”.
 
 
As piscinas naturais deste lugar são as melhores que já vimos. 

O horário de ir para as piscinas é conforme a lua. Ela propulsiona as mares e depende se ela é nova, crescente, minguante ou cheia, assim me disse um pescador. 
 

Tem um dia que dá pra ir a pé. Eu fui andando, nadando, boiando, puxando pelas corda e cheguei até onde se pode caminhar pelas pedras com água até o joelho. 

Lá é possível nadar com os peixes, centenas deles, com riscas amarelas, de 10 a 15 centímetros. Eles vivem ali por que nos passeios de jangadinha está incluído a ração para os peixes. Com alimentação farta, lá eles ficam e tornam o turismo ainda mais agradável. 
 
 
Aqui tem muita jangadinha que os pioneiros não gostam que chamam de jangada. Dizem que a jangada e a de pau roliço e que depois que o Ibama proibiu jangadas de pau, surgiu o isopor para fazer jangadinha, não jangada. 

O bom jangadeiro é aquele que não precisa remar, navega a maior parte do tempo usando a força dos ventos. 
 

 

 
Antes cada jangadeiro escolhia seus clientes. Agora a associação organizou tudo, me disse um jangadeiro há 45 anos.  “O turista tem que ficar na fila e o jangadeiro preguiçoso ganha o mesmo  tanto em dinheiro do que o jangadeiro trabalhador. Resultado: insatisfação do turista e do trabalhador, tudo organizado pela associação”, diz ele ironizando. 
 
É difícil a comunicação com os moradores local. Falam muito rápido e usam um dialeto que altera o português, gírias, palavrões e cacoetes de palavras. 
 
Uma parte da história que ouvi, era mais ou menos assim: “o pai tinha uma kombi véia quano nóis era criança e ele tirou os banco prá levá tudu nóis. Nóis era in sete irmão”. Tentei outras conversas com os nativos e ouvi a conversa deles nas ruas e nem eu e nem Ade conseguíamos decifrar tudo.
Encontrei numa loja um pouco das diferenças das pronúncias por aqui.
 
Enquanto chovia pela manhã, tomei um banho na cultura regional conversando com três nativos trabalhadores de praia.
 
 
Eles são muito tranqüilos. A ambição não é um valor preservado por estas bandas. As pessoas não se interessam em evoluir, não importam se hoje foi igual a ontem, amanhã também vai ser igual. 
 
Esse tipo de conformismo desacelera a vontade de pensar e a própria mente enfraquece. Talvez por isso que muitas das coisas que precisam ser feitas aqui, não saem da melhor forma, falta carinho na qualidade de sobrevivência deles.  
Galinhas tem por todos os lugares. 

Galinha nascendo.
 

Galinha sensual, galinha de orelhão.
 

Galinha oriental.
 

Galinhas nas vitrines.
 

Galinha de time de futebol do Paraná.
 
Galinha enfeitando a cidade.

Pequenas, grandes, de resina, de barro, metal, tronco de coqueiro, tecido, vidro, barro, só não vimos galinhas de verdade. 

Em Key West, no extremo sul dos Estados Unidos, no Estado da Florida, onde a galinha também é símbolo da cidade, elas andam pelas ruas e é uma das atracões turísticas. 

Nesta foto, aparece a Paulinha em primeiro plano (óbvio) e as galinhas de Key West ao fundo, soltas na rua, onde vivem e todos a preservam.

Porto de Galinhas também  poderia soltar galinhas pelas ruas da cidade. As primeiras certamente seriam devoradas pelos moradores, depois com o tempo começariam a venerar e cuidar dos bichos soltos.
 
Por aqui quando você reclama de um preço, dizem: mas você está em Porto de Galinhas, mundialmente conhecida. Por ser famosa, paga-se mais em tudo por aqui. 

Assim surgiu o nome de Porto de Galinhas.

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Esta região tem uma história incrível de recuperação econômica.

Até o próximo Trecho.

 



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