Chegamos em Natal o dono do flat que alugamos estava nos esperando no aeroporto. Ele aluga flat, faz translado, aluga carros e promove passeios.
Fomos conhecer a Praia do Pipa e a moto parou bem em frente do maior cajueiro do mundo. No dia anterior levei a moto para trocar bateria, óleo e calibrar pneus e agora deu defeito e não dá a partida no motor. Seguro, guincho Toyota velho, 20 km da oficina e lá fomos nós para mais uma manhã estacionado numa concessionária de motos. Qualquer meio de transporte é bom quando funciona, quando dá problema rouba nosso tempo até que tudo se resolva. Era um curto na fiação por motivo ignorado segundo o mecânico. Talvez fora a trepidação que precionou um fio e quase o decepou. A cada tentativa de partida mais o fio partia até que entrou em curto.
Saímos novamente, agora com a moto em perfeitas condições, para a Praia da Pipa, localizada na encosta de montanhas de areias coloridas, com piscinas naturais, com águas límpidas e tão quentes que pouco refrescam o ataque do sol.
Um apertado centrinho está tomado por bonitas lojas de artesanatos e roupas, mercados, bares e restaurantes numa rua de mão única.
Na estrada que leva até a Pipa encontramos muitas lagoas de criação do camarão que comem ração. A noite um belo bobó de camarão e fomos dormir cedo depois do dia todo na Pipa. A Praia da Pipa possui as mesmas características da praia do Porto de Galinhas, Itacaré, Morro de São Paulo, Praia do Frances, um pouco melhor ainda com relação aos banhos de mar.
Conheci um jovem de 23 anos que veio do Amapá aos 17 anos tentar a vida em outra cidade para fugir da pobreza em que vivia. Quando chegou em Natal um chinês dono de loja ofereceu um trabalho de forma insistente até que ele aceitou em trabalhar tempo integral, como fazem na China. Ficou por dois anos no emprego, conheceu uma menina com quem está casado, agora trabalha numa empresa maior e já tem até um negócio próprio, paralelo, junto com a esposa e tem sonhos de conquistar ainda mais.
No mesmo dia, conheci outro jovem casado que muito reclama da exploração do patrão que não paga horas extras, da quantidade de serviços, que o custo de vida esta caro, que quer morar no sul do Brasil e não falou nenhuma vez de planos para o futuro, só reclamou. Por aqui é coisa rara encontrar jovens que batalham para melhorar a vida. A maioria daqueles que conheci aqui no nordeste, ganha hoje para comer hoje e pouco se preocupam com o amanhã, sem muitas aspirações.
Voltamos para Genipabú, praias largas, com águas mansas e quentes, costeadas por montanhas de areias que muito lembram o deserto. Passeios de bugues, a cavalo e a pé levam a oásis, lagoas e vistas panorâmicas.
Apesar de organizados os guias bugueiros parecem que vivem sob tensão. Somente eles são autorizados a transportar pessoas com preços tabelados. Eles trabalham conforme uma fila organizada pela associação ou espalhados pela cidade fazendo ofertas no preço do passeio. De 400 reais inicial, eles baixam o preço até para menos da metade, mesmo sem você pedir descontos, tentando te convencer. Nosso povo não vive bem com associações o próprio associado não cumpre as regras e sempre fala mal daquela que se propõe a organizar aqueles que não querem que ela exista.
Ficamos o dia sentados sob o guarda sol, aos pés do Morro do Careca, dispensando dezenas de vendedores ambulantes que vendem comidas, bebidas, sorvetes, frutas, roupas, rendas, CDs piratas e artesanatos diversos.
O mar neste pedaço é especial, com águas quentes, limpas e quase sem ondas. A areia é fina e escorre para dentro do mar de forma suave, proporcionando um banho de mar prazeiroso.
Pela manhã de domingo se estendeu uma festa de jovens em um dos apartamentos do hotel e os vizinhos e hóspedes não reclamam por que a portaria liga para o apartamento em festa e diz quem e qual o apartamento que esta reclamando.
Por aqui toda denúncia tem que ter um nome e assim acontecem tanto o medo como a intimidação. Outro dia um senhor falou que teve um problema com um órgão do governo, foi multado e foi lá para saber quem era o fiscal para ameaça-lo. Muitas vezes dá certo.
Como ninguém reclamou e deixou o nome na portaria, a festa continuou com som alto até que os festeiros resolvessem parar com os gritos, cantorias e som alto, por volta das oito horas da manhã.
Domingo, partimos para Macau, passando por Touros, onde fica o calcanhar do Brasil.