Fomos conhecer a cidade de Saint Èmilion, famosa pela sua arquitetura medieval e pelos vinhedos espalhados em toda a sua região. São os maiores vinhedos da Europa, com cerca de 60 mil produtores.
No caminho, impressionados com a quantidade de parreirais, paramos para algumas fotos.
Chegamos na charmosa e famosa Saint Èmilion. Andamos por suas ruas estreitas, com casas, igrejas, torres e calçadas construídos com pedras, por onde andavam cavalos e carruagens há milhares de anos e que, certamente, sobreviveu a muitas batalhas.
Subimos e descemos algumas vezes as ladeiras de pedras, mas era hora do almoço e algumas das atrações estavam fechadas.
Na igreja principal, se tem uma bela impressão do que era viver na era medieval. Pedras enormes já desgastada pelo tempo, colunas altas, pátios com pelourinhos e nichos nas paredes onde os restos mortais eram preservados em forma de múmias. Deve ter alguma ainda não descoberta naqueles becos.
Lojas e adegas estão por todos os lados e não pensem que o vinho por aqui é barato. São caros e em cada loja uma lição sobre a bebida. O forte comércio deles é a exportação. Algumas caixas estavam prontas para serem enviadas para o Brasil para alguns consumidores privilegiados, ou ricos mesmo.
Pensamos em conhecer os vinhedos à bordo de um trenzinho. Chegamos no local da partida um senhor francês, sem muita paciência, nos disse que o próximo sairia em pouco mais de uma hora.
Decidimos não esperar. Fui buscar a carrinha no estacionamento enquanto Ade se deliciava nas lojinhas, que já começavam abrir suas portas depois do almoço.
Andamos sem rumo, nos perdendo nas estradas rurais da região em busca dos vinhedos e da produção de vinhos, entramos em várias porteiras abertas que encontramos. Paramos em algumas fazendas mas o papo não era bom, ou melhor, não nos entendíamos.
As estradas deles são como se fossem nossos carreadores, que leva da estrada principal até as fazendas. A principal diferença é que por aqui, os carreadores são todos asfaltados, até na porta das fazendas. Passamos por várias pequenas e charmosas vilas, onde tudo gira em torno do vinho.
Vimos algumas pessoas cuidando das uvas manualmente, todos com muita calma, selecionando cada cacho, retirando uns para que os outros se desenvolvam melhor.
Usam tratores para a limpeza e podas das plantas. Uma máquina faz a poda por cima e lateral, enquanto as pessoas fazem a limpeza e seleção dos cachos, sentados em cadeiras com rodinhas.
Sentindo de perto o cheiro das vinhas. Paramos para conversar com um produtor, mas o papo não foi longe.
Seguimos adivinhando os rumos e, derrepende, entramos em uma vinícola e a dona da fazenda, falava espanhol e ainda era pura simpatia. Que grande sorte a nossa.
Nos mostrou toda a fazenda e contou-nos os detalhes, desde o cuidado com as vinhas, a produção, armazenamento e engarrafamento do vinho.
Os cachos ainda estão pequenos, ficarão maduros somente em setembro ou outubro, mas o cuidado é o tempo todo.
Seus vinhedos são cuidados com todo carinho para que produzam as melhores uvas, para elaboração dos melhores vinhos, que ela exporta grande parte.
Ela possui uma máquina, que parece um moinho com uma caldeira, para fazer circular o ar nos vinhedos, buscando a temperatura, umidade e velocidade do vento dentro de parâmetros para produção dos melhores frutos.
A fazenda era do avô, depois do pai e agora ela herdou a produção. A higiene do local é impecável tanto nos parreirais, quando na fermentação e na armazenagem do vinho.
Um pé de uva pode chegar a 80 anos produzindo frutos de boa qualidade. Ela nos mostrou um que tem aproximadamente 60 anos e, contou também, que as suas parreiras produzem em torno de 4 a 5 mil garrafas de vinho por hectare.
Conhecer os vinhedos com os detalhes que conhecemos, foi realmente além das nossas expectativas. Pela internet só recomendam visitas guiadas e nós até tentamos fazer isto. Por sorte desistimos e o nosso trajeto com a carrinha, foi fantástico. Paramos, entramos e conversamos com quem e onde tivemos vontade. Deu tudo certo e voltamos para casa encantados com os vinhedos mais famosos do mundo e agradecidos pela aula sobre a produção da bebida dos deuses.
Grande parte do povo francês é um pouco fechado na maioria das vezes, ou melhor, antipático mesmo. Raramente respondes um cumprimento e quase nunca tomam a iniciativa de um bom dia. Respondem de forma bem seca, fazem cara feia e não olham pra gente.
A Ade estava no pátio do hotel, passou um francês e disse “bon jour”. Ela toda sem jeito, disse “bon diu”. Desacostumada com o cumprimento, ela misturou o francês com o português e soltou um belo “Bom Diu”.