Bratislava, que agora já sabemos onde fica, ficou para trás. Tomara que aquela simpática cidade deixe de ser quintal de Viena e passe definitivamente para o roteiro turístico da Europa central.
Entramos na Áustria com destino a Viena, reparando a notória melhoria na paisagem, no campo e nas pequenas cidades por onde passamos. Tudo é mais bonito neste País.
O campo com uma área agrícola muito bem organizada, toda alinhada, encanta quem passa. A plantação vai variando nas pequenas fazendas, com muita organização.
Paramos algumas vezes nos postos de paradas e nas pequenas cidades para visitar lojas, supermercados ou somente para apreciar a paisagem.
Antes da Autoban, paramos para comprar o Viguinete, que é um pedágio para circular nas Autobans.
Dentro da cidade de Viena, foi mais tranquilo com GPS funcionando novamente. Encontramos facilmente o hotel, que nos surpreendeu positivamente pela localização, limpeza e conforto do apartamento.
Fomos ao mercado abastecer nossa nova casa, os preços não assustaram e voltamos para fazer nossa refeição caseira, saboreando com um delicioso vinho branco, especialidade da região.
Dia seguinte saímos a pé rumo ao centro das atrações, caminhando por ruas limpas, calçadas amplas, lojas bonitas e gente muito bem vestidas, todos muito bem agasalhados por que a temperatura estava em 9 graus, mas com o vento parecia menos de zero. Pelo caminho, algumas fotos para não perder o rumo na volta.
Passamos ao lado de um dos braços do rio Danúbio que invade a cidade, muito limpo em suas margens, com águas verdes e uma bela estrutura de exercícios.
Nas margens do rio também existem várias obras de artes.
Andamos admirando o belo conjunto arquitetônico, com edifícios baixos e fachadas finamente decoradas.
Entramos para conhecer uma igreja que não conseguimos descobrir o nome, mas toda imponente com duas altas torres, um interior muito rico com belos vitrais, lustres enormes e um belo altar dourado.
Dentro da igreja, uma pequena exposição de belas peças de madeira, que também estão a venda, que muito nos encantou com tanta delicadeza.
Na praça, em frente à igreja, vimos um carrinho para duas crianças bem diferente, com duas crianças lindas. Pedi para fazer uma foto do carrinho e a mãe rapidamente e muito desconfiada, respondeu que não.
Seguimos observando tudo e quando ao longe avistamos um pedaço de outro monumento, foi pra lá que fomos.
Era uma das torres do “Rathaus”, antigo palácio que serve como sede da prefeitura. O monumental edifício foi concluído em 1883 e toma uma quadra toda, com mais de 110 mil metros quadrados.
No edifício tem uma torre com 103 metros de altura, que sustenta o “Rathausmann”, uma escultura de 650 quilos com mais de 5 metros de altura e que calça uma bota número 63. A escultura foi feita de forma que pode se movimentar até 25 centímetros durante fortes tormentas e possui um contrapeso de 800 quilos de concreto.
O interior do palácio pode ser visitado em horários determinados para conhecer a sala do Conselho Municipal, a Sala dos Escudos e Armas, a Sala do Senado Municipal, todas com um requinte admirável, com luxuosos lustres, portas, móveis, pisos e grande acervo de artes nas paredes.
Estas são as escadas dos cerimoniais, onde passam pomposos convidados em seus 50 metros de comprimento. Em torno da escada e nos descanso do meio e no final dela, existem 1700 ganchos para que os pomposos pendurem seus agasalhos, chapéus, luvas e bolsas.
Na frente do palácio tem uma praça com estátuas de homenagens aos grande nomes da história da cidade e um jardim com 40 mil metros quadrados com arbustos de flores bem aparados e enormes árvores antigas.
A praça estava quase toda ocupada com uma encantadora feira de produtos regionais da mais alta qualidade e beleza, tanto as peças como as comidas e as bebidas.
Apesar do sol brilhar em poucos instantes, o frio dominava e um vinho quente fez muito bem naquela hora. Você compra o vinho quente e leva a caneca.
Passamos por um protesto, reivindicando um mundo mais verde e limpo, coordenado pelo Greenpeace, com mascarado desfilando com um “cavalo de Tróia”. Era também um protesto político, contra recentes decisões do governo para com o meio ambiente.
Nos fundos do palácio está uma praça menor, a “Friedrich-Schmidt” , de onde se tem mais uma bela visão da fachada dos fundos do palácio, cercada por belos edifícios.
Passamos por dentro do palácio e saímos em frente ao “Burgtheater”, o Teatro Imperial, um dos mais importantes do mundo, criado em 1741, destruído pela guerra e por incêndios misteriosos, foi reconstruído e hoje é um dos principais símbolo da arte e orgulho do povo austríaco.
O antigo e o moderno circulam pelo Teatro Imperial.
O Parlamento fica em um edifício que vale muito uma ou várias fotografias. É enorme, todo bem decorado com belas estátuas, onde funciona o poder legislativo da Áustria. Lá se reúnem os 183 membros eleitos para o Conselho Nacional e os 62 membros do conselho Federal, também eleitos. Acho que parecido com nossos deputados e senadores.
Passamos pela enorme praça, onde fica o parque “Volksgarten”, em frente ao Parlamento, construído sobre as fortificações da cidade que foram destruídas por Napoleão em 1809.
No centro do parque está o “Theseus Temple”, concluída em 1.821, réplica pequena do “Templo de Hefesto”, em Atenas, para abrigar a escultura “Theseus”, de Antônio Canova, que hoje está abrigada no Museu de Belas Artes.
Do outro lado da praça está o Palácio Imperial de Hofburg, de origens medieval, com quase três mil salas onde, por muitos anos, foi a sede do Império Austro-Húngaro.
Hoje guarda grande parte das relíquias austríacas, museus, bibliotecas, capelas, diversas residências oficiais, inclusive a do Presidente da Áustria, e onde se apresentam todos os domingos os famosos Pequenos Cantores de Viena.
No complexo do “Hofburg”, também fica o museu Sissi, que guarda lembranças da bela Imperatriz Elisabeth, obcecada por sua aparência, dedicava três horas por dia a pentear seus longos cabelos, obcecada por sua aparência, vaidosa a ponto de se tornar anoréxica. Sissi foi assassinada por um anarquista italiano, quando visitava Genebra em 1898.
Uma estátua em sua homenagem fica no lado norte do Volksgartem, foi esculpida a partir de um bloco de mármore com 8 toneladas, com 2,5 metros de altura, certamente com a pompa que ela exigiria se estivesse viva.
Ao lado da “Volksgarten”, uma outra bela praça abriga a estátua da também famosa Imperatriz “Maria Theresien”. A praça fica entre dois prédio idênticos, cada um com 8.700 metros quadrados.
“Maria Theresien” fez parte da poderosa família Habsburg, que governou a Áustria por sete séculos. A dinastia Habsburg governaram também a Hungria, a Boêmia, Nápoles, Sicília e Sardenha, durante algumas épocas. Em 1740, o Imperador Carlos VI morreu sem filho varão. Como somente homens tinham direitos à sucessão, sua filha “Maria Theresien” foi condecorada e contestada, dando início a Guerra da Sucessão. Os Habsburg continuaram no reinado, até a morte de “Maria Theresien”, em 1780.
Nos edifícios gêmeos estão instalados o Museu da História Natural e o Museu de História da Arte. Eles diferem apenas na estatuária de suas fachadas. Um abriga estátuas personificando a África, Ásia, Europa e Américas e o outro personifica artistas europeus de grande representatividade.
Passamos pelo “MuseuQuartier”, o quarteirão com imensos museus e instituições públicas, cada prédio com arquitetura singular. No local se reúnem jovens e idosos que passam horas esperando o tempo passar ou jogando ou assistindo partidas de “boccia”, bem parecido com a bocha muito praticado no interior do Brasil.
Continuamos andando sem pressa e a cada nova esquina uma surpresa da arquitetura ou de monumentos, todos muito bem cuidados.
Dia seguinte saímos de casa e logo em seguida, Ade falou Bom Dia para um rapaz e ele respondeu em Português bem claro, parou e perguntou se éramos brasileiros. Paramos para conversar e ele nos deu várias dicas sobre a cidade, sobre os cuidados de andar e estacionar a carrinha ( a multa pode chegar 2.100 Euros) e como utilizar o transporte, bem mais tranquilo do que o carro.
Voltamos para o centro, agora de metrô, alias, fantásticos metrôs, dos melhores que já vimos até agora, até revista tem para o passageiro.
Desembarcamos no meio do “Naschmarkt”, um mercado que funciona desde 1780, no mesmo local, onde os fazendeiros traziam seus produtos para vender e trocar com outros produtores e com os moradores da cidade.
Saindo da estação, vimos uma parte de velharias, de produtos usados, depois passamos para antiguidades, depois por roupas novas e usadas e finalmente pela fantástica ala dos comes e bebes. Muitos restaurante e quitutes de toda tradição austríaca e outros sabores de todas as partes do mundo. Difícil escolher o que comer, eu e Ade preferimos provar um pouco de várias iguarias. Os preços são altos mas os sabores compensam. Além dos que compramos, muitos deles provamos por degustação, oferecidas com insistências pelos vendedores.
Seguimos andando rumo à “Stephanplats”, passando por mais belos edifícios, mais monumentos e muitas lojas das melhores marcas. Entramos em várias e, olhando as lojas, as ruas, o trânsito, as calçadas, as opções de alimentos e diversão, notamos que é possível cidade grande com qualidade de vida, assim é Viena.
Quando planejamos em ir até a Áustria, nosso desejo era também conhecer a fábrica e comprar os lindos cristais produzidos pela Swarovski. A fábrica estava fechada para visitas e o valor dos cristais mais famosos do planeta, estavam com os mesmos preços de outras cidades, até um pouco mais caros. São lindos.
Passamos por uma movimentada rua pedonal, com muitas lojas de departamento. Entramos em várias mas uma delas chamou nossa atenção. Em uma única loja estão as principais marcas da moda no mercado mundial, facilitando muito a observação das tendências com o lançamento de cada uma das marcas.
Chegamos no ponto central de Viena, onde está a “Stephansdom”, Catedral de São Estevão, sempre muito visitada pelos turistas, por ser uma imponente e importante obra da arquitetura gótica.
Destaque para o inconfundível telhado que mais parece uma obra de arte, na verdade é uma obra de arte, com 250 mil azulejos vitrificados e sua torre com 137 metros de altura.
Por dentro a Catedral é um encanto, com ricos detalhes e uma cripta, com horário marcado para visitas onde, ressabiados, preferimos não entrar. No subsolo existe um labirinto com montanhas de ossos das vítimas da peste negra e, guardados em ricos aposentos, os ossos da dinastia Habsburg.
Ao lado da Catedral, ficam estacionadas as carruagens vienenses, que fazem um passeio com a intenção de remeter à época do império, recordando como era no tempo repleto de luxo e sofisticação, com seus cavalos e condutores vestidos a caráter. No Brasil nós ainda preservamos a charrete e quem pilota é o charreteiro. E a carruagem, quem pilota é o carruageiro?, acho que não, nunca ouvi falar este nome
É muito bonito, cada carruagem tem um estilo mas o cheiro do estrume fica na região.
Nos fundos da catedral fica a casa onde viveu “Joannes Chrysostomus Woifgangus Theophilus Mozart”, ou simplesmente Mozart, um austríaco do período clássico que encantou o mundo com suas composições e recebeu elogios de todos os críticos. Mozart começou a compor aos 5 anos de idade e durante os 35 anos que viveu, deixou mais de 600 obras.
“Johann Strauss” foi outro grande compositor austríaco, que também viveu em Viena e deixou 479 obras publicadas, popularizou a valsa e uma de suas composições “Danúbio Azul”, é considerada a maior composição clássica de todos os tempos.
Estes dois são os mais famosos, mas a Áustria foi de uma fertilidade impressionante na geração de compositores. Os austríacos são grande produtores musicais, especialmente músicas clássicas. Hoje ainda são reconhecidas as qualidade musicais inigualáveis da Orquestra Filarmônica de Viena, dos Pequenos Cantores de Viena e da Ópera de Viena.
Outra atração de reconhecimento mundial são os bailes vienenses, com mais de 200 grandes bailes por ano, alguns com até nove orquestras tocando ao vivo.
No berço da música clássica, encontramos até um banheiro público com música ambiente tocando os clássicos das clássicas.
Saímos procurando o também famoso “Fischhof 3”, um relógio que fica entre dois edifícios que mostra figuras em movimentos em algumas horas do dia. Apesar de famoso, quase ninguém sabia dizer onde ficava o danado do relógio, nós mesmos passamos por baixo dele e não percebemos. Depois, com uma nova informação, voltamos e fotografamos o famoso que poucos conhecem.
Passeamos até o escurecer, vez ou outra entrando nas lojas também para se aquecer. Lembramos que quando fizemos a viagem de moto pelo Brasil, narrada no www.roccomotobrasil.com, eu e Ade quando estávamos no nordeste, entrávamos nos bancos e lojas que tinham ar condicionado para resfriar um pouco. Aqui entramos para aquecer.
Claro que em muitos lugares fechados acontecem espetáculos com grandes orquestras, balé e óperas, como em qualquer outra grande cidade no mundo. Eu esperava ver muito mais de música também pelas ruas, muito além de alguns sanfoneiros tocando em troco de moedas. Não vimos violinos, pianos, arpas, flautas e outros instrumentos clássicos, como vimos em Londres, em New York, em Curitiba e em São Paulo. Pela fama e pelos grandes músicos que Viena gerou, poderia ter muito mais musicas no ar.
Entramos no metrô e voltamos para casa, hoje menos cansados do que ontem por termos optados andar com o metrô. Próximo de casa, passamos por um parque onde se hospedam os corvos, que estão pela cidade toda e lembram terror com seu canto, mas nada que amedronta.
Domingo, saímos de carrinha, o estacionamento é liberado e pouco movimento nas ruas. Fomos no enorme “Parque Augarden” bem perto de nossa casa para conhecer seus jardins que certamente na primavera é muito lindo. Agora no outono, com as folhas desnudando as árvores também tem uma beleza incontestável, basta observar. Ali funciona um museu, local de exercícios e ponto de encontro de amigos e famílias em domingo de parque.
Depois fomos ao “Palácio Schonbrunn”, onde havia mais uma feira de produtos regionais e uma multidão, todos muito bem agasalhados por que os termômetros marcavam 8 graus e, com o vento, estava ainda mais frio.
A feira, como diz Ade, não da para contar tamanha beleza das peças, tem que ver ao vivo.
O “Palácio Schonbrunn”, conhecido como o Palácio de Versales de Viena, cujo nome foi tirado de uma frase dita pelo Imperador Matias que, quando caçava, encontrou um fonte de água e exclamou: “Weich`schoner Brunn”, que significa “Que bela nascente”.
Foi construído como residência da Imperatriz Eleonora, concluído em 1643, foi muito danificado por conta das guerras e sempre reconstruído com novos requintes.
O Palácio tem até uma ligação com o Brasil na sua história. A Duquesa Leopoldina de Habsburg, que teve importante papel em nossa independência de Portugal, morou neste Palácio até 1817, quando saiu para casar com o Imperador Pedro I.
O complexo todo ocupa uma área de 16 hectares e abriga além do imponente edifício e seus anexos, um zoológico, vários lagos, um labirinto e dezenas de estátuas.
A Fonte de Netuno fica entre o Palácio e o Gloriette, que é um Memorial à Guerra Justa.
Do Gloriette se tem uma bela visão da cidade e do Palácio, onde já habitaram muitos imperadores e doado como herança por várias vezes. Hoje é apenas um Museu e algumas salas ocupadas pela administração federal.
Este é o sol do meio dia em Viena, assim como se fosse no Brasil por volta das 17,18 horas do horário de verão. O sol por aqui nestes dias, quando aparece, duras menos de uma hora.
Depois seguimos para conhecer mais um doido da arquitetura, assim como Galdi em Barcelona, Friedensreich Hundertwasser, que faleceu no ano 2.000, fez estripulias em suas obras. Seu estilo de construtor acabou por se tornar especial por conta de suas quebras de paradigmas na construção.
Ele não respeitou as retas e nem as curvas, nem o plano nem o torto, nem o concreto nem o azulejo nem o preto e nem o branco. Ele simplesmente misturou tudo e construiu paredes que se misturam com o piso, escadas tortas e pinturas inacabadas. Gostamos muito do estilo bagunçado dele e muita gente vem só para ver e fotografar esta, que é apenas uma de suas doidas obras.
Dá impressão que ele não tinha material suficiente e usou restos para construir.
Fomos conhecer a roda gigante mais antiga do mundo, construída para um evento em 1897, com sua potente estrutura que transporta as enormes cabines vermelhas.
Um volta dura em torno de 20 minutos e lá de cima é possível ver toda cidade e todo o gigante parque em sua volta.
Algumas cabines, ou vagões, da roda podem ser alugados para pequenas celebrações como aniversário, casamentos, jantares comemorativos. Nos demais vagões as pessoas ficam em pé até um giro completo da roda com quase 65 metros de altura, pesando mais de 430 toneladas.
Durante nosso passeio de carrinha não cansamos de elogiar a cidade. É incrível a harmonia que eles conseguiram entre os trens elétricos, os veículos, ciclistas e pedestres, todos frequentam os mesmos espaços bem sinalizados e respeitados por todos.
Passamos pelo Stadtpark, outro enorme parque bem no centro, primeiro parque da cidade. No local existem muitos desocupados, dormindo nos bancos, bem diferente das outras atrações de Viena.
Chegamos no Palácio Belvedere, onde existem dois palácios separados por um enorme jardim, muito bem decorado.
Neste local foi assinado o Tratado que restabeleceu os poderes de República da Áustria.
O jardim tem muitas estátuas e uma delas, replicada seis vezes, é uma esfinge, que representam a força e inteligência, uma das mais famosas da cidade.
Dia seguinte, levantamos sem pressa e partimos para nosso novo destino, na cidade de Praga, República Tcheca, extremamente encantados com Viena.