Expedição pelo Brasil 2023 19 PRAIA DO PIPA, invadida por estranhos e estrangeiros

19 PRAIA DO PIPA, invadida por estranhos e estrangeiros


 

Depois de termos vivido o pior dia da viagem, com rotas erradas e a falta de lugar seguro para dormir, chegamos em Pipa, uma praia famosa por suas falésias gigantes a beira mar e suas piscinas naturais que se formam quando a maré fica baixa. 

 

 

 

 

As águas nas piscinas ficam tão quentes que é preciso as vezes sair da água para se refrescar. A barraca de praia é convite para um bom visual, bebidas e comidas tradicionais. O único inconveniente é chegar até ela, quando a gente vem da cidade. 

Nós saímos do camping, que fica na Praia do Amor e descemos 132 degraus irregulares e escorregadios até ficar com os pés na areia da praia, onde estão as barracas. Antes de subir, foi preciso abastecer o corpo com o mais tradicional combustível de praia, a caipirinha.

 

 

 

Caminhamos pela areia até a praia central, por entre pedras e piscinas que se formam com a maré baixa. Algumas pedras curiosas que, dependendo do ângulo, lembram alguma imagem conhecida.

 

 

 

 

No começo da viagem todos perguntavam “de onde vocês são?”  Agora que já mudamos de cor, perguntam “vocês são daqui?”  Estamos incorporados aos nativos por conta da cor da pele e com alguns hábitos regionais que já estamos adotando.

 

 

A noite na rua central de Pipa é uma festa. Restaurantes bem decorados, com comidas variadas, complementam o charme de um passeio a noite. Pessoas por todo lado, sempre com as mulheres bem produzidas e os homens mais desleixados, como sempre.

Fui comprar uma camiseta e já provar ali mesmo. Ade interviu e me pediu para ir ao provador. O vendedor, um argentino, disse “quando as mulheres não estão por perto a gente faz assim e pronto”.

Acho que ser homem é bem mais simples. Sorte nossa. 

 

 

O comércio gosta, mas já é possível perceber o turismofobia em alguns moradores. Eles não gostam de dar informações e não rara vezes ouvimos reclamações que o turista lota a cidade com pessoas e carros, que tem filas para comprar e principalmente por que os custos sobem pra eles também.

O overturismo vem chamado a atenção dos especialistas que analisam as consequências das super lotações em pontos turísticos no mundo todo. Muitos lugares estão limitando o número de visitantes e cobrando taxas de turismo. Mesmo assim não para de crescer. É difícil encontrar a melhor solução. Se por um lado o turismo atrai dinheiro e trabalho para as comunidades, do outro segrega moradores dificultando o uso fruto do quintal deles e aumenta o custo de vida. Os lugares mais interessantes no mundo todo tenta soluções para continuar agradável para o morador local que tem que dividir espaço com visitantes. O futuro do entretenimento desenfreado pode ser cada vez mais catastrófico se não houver consciência coletiva. Quem conheceu conheceu e quem não conheceu corre o risco de não conhecer mais. Consequências do overturismo?. 

A difícil batalha poderá ser amenizada se o turista remodelar suas formas de visita, procurando preservar o ambiente, evitando aglomerações e respeitando o espaço dos moradores locais.  Se não, o turismo vai sofrer as consequências do overturismo e cada vez mais o turismofobia pode aumentar por parte dos moradores locais. 

 

 

Em Pipa grande parte dos moradores estrangeiros italianos, uruguaios, chilenos e, principalmente argentinos. Eles são donos ou trabalham no comércio, ficam na rua chamando clientes, são cantores de bar, artistas de rua, vendem artesanatos ou simplesmente moram por aqui. Também é comum se deparar com pessoas alternativas que ainda se vestem e se comportam como os antigos hippies.

Passeamos mais uma noite no centrinho, muito movimentado e paramos numa ateliê de artes. Um dos artistas, formado ali mesmo, nos contou que um senhor alugou o barracão e contratou várias pessoas com um mínimo de dom artístico. Ele ensina eles a pintar telas padrão, sempre bem coloridas, que ele vende em várias feiras de artesanatos pelo Brasil. Ele paga os artistas por mês e vende cada tela, sem a moldura em lojas e feiras de artesanato.

Os artistas aprendizes, reproduzem desenhos em grande escala, cópias de cópias, sem se importar com o esmero da criatividade, mesmo assim é uma arte.

 

 

 

Fomos caminhando até o chapadão, onde dezenas de bugues, quadriciclos e jardineiras chegam trazendo turistas para apreciar a bela visão do mar e da praia, do alto das falésias.

 

 

Logo pela manhã arrumamos tudo e partimos para mais um pedaço de paraíso, Baía Formosa, nossa última parada no Rio Grande do Norte. 

 

 

 

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