Pelo Brasil 2023 29 ARACAJU, em pleno PréCaju, em meio a polêmica dos motorhomes

29 ARACAJU, em pleno PréCaju, em meio a polêmica dos motorhomes


 

Depois do emocionante passeio na foz do Rio São Francisco, dormimos em um posto seguro na estrada e chegamos bem cedo em Aracaju, nas vésperas do feriado de finados e da grande festa da cidade, o PréCaju, um carnaval fora de época. 

 

 

Fomos para o estacionamento na Praia de Atalaia, onde ficam dezenas de motorhomes estacionados, alguns já há meses acampados, ou estacionados, ou morando no estacionamento público. Por conta da festa, a prefeitura ordenou a saída de todos os veículos da orla onde acontece a festa, inclusive os motorhomes. 

 

 

Fomos procurar outra opção em hotéis, pousadas e até mesmo em estacionamentos privados, mas as opções já estavam reservados para os dias de festa. 

Depois de horas procurando próximo da praia e até no centro da cidade, desistimos e pensamos em seguir viagem. Antes porém, voltamos no estacionamento dos motorhomes para preparar nosso almoço. Descobrimos que surgiu uma opção para continuarmos acampados à beira mar, bem no centro da festa. Como um dos motorromeiros é membro da Federação de Tenis do Sergipe, conseguiu para ficarmos acampados no quintal das quadras de tênis, bem na orla de Atalaia. 

 

 

Só foram autorizados 10 motorhomes no estacionamento. Por sorte fomos convidados. Visitamos o local e resolvemos ficar para ver a grande festa de Aracaju, que atrai gente do Brasil todo. 

Apareceu um dos diretores da Federação, nos deu boas vindas e não mediu esforços para improvisar as instalações de energia elétrica e água para nosso conforto. Pediu que cada um depositasse 50 reais na conta da Federação para ajudar no valor da energia. Fomos autorizados a ficar até 5 dias, bem na avenida por onde passam os trios elétricos de alguns dos mais famosos artistas do Nordeste e do Brasil.  

Chegaram os 10, trancamos os portões e ficamos seguros e muito bem localizados na Praia de Atalaia. Os outros motorhomes que não vieram, seguiram viagem para outras praias, sem problemas, todos obedeceram as ordens da prefeitura e deixaram o estacionamento público. 

 

 

A orla de Atalaia é uma das mais largas do Brasil. Contando da avenida beira mar até as águas do mar, tem no mínimo 800 metros de vão, onde estão quadras de esporte, restaurantes , lanchonetes e feiras de artesanatos. Só faltou definir uma estrutura para motorhomes e isso tem causado uma polêmica, depois que um vereador decidiu, radicalmente, proibir a entrada de motorhomes na cidade é muito menos estacionar para pernoite.

A lei proposta, apesar de radical, levantou uma polêmica em torno do assunto e muita gente começou a se envolver. Um advogado, que também está acampado na quadra de tênis conosco, está no caso há algum tempo mantendo contato com o vereador, com o secretário de turismo e com o prefeito, buscando chegar no melhor resultado, que atenda todos os interessados.

Esta discussão deve tomar força e ser debatido por motorromeiros de todo país. Provavelmente teremos um boa solução. O advogado juntou dados para contrapor o teor da lei, alegando os investimentos que cada motorhomeiro deixa na cidade e o marketing turístico gratuito que fazem nas redes sociais.

Tomara que uma regulamentação ampliada para motorhomes vire uma proposta nacional, trazendo benefícios para os nômades permanentes ou temporários, que não se opõem em pagar o preço justo e não cobra nada para divulgar o turismo local, inspirando viagens e atraindo dinheiros.

 

 

A festa do PréCaju, já existe a mais de 20 anos e serve como o “esquenta” para o próximo carnaval. Por aqui passam os artistas  destaques no próximo mês de fevereiro, e olha olha que ainda estamos no início de novembro. 

A festa começa na sexta-feira num camarote para 500 convidados, que pagam ingressos acima de 400 reais para assistir vários shows de bandas de renome. Mas o som está por toda parte. Dá para ouvir o som do camarote principal, das barracas e dos camarotes dos hotéis. Quem quiser pode dançar do começo da tarde até por volta das onze horas da noite.

 

 

O segundo e o terceiro dia da festa é na avenida, com muitos trios elétricos dos principais artistas, cada um com seus enormes caminhões com um potente equipamento de som, que chega a estremecer a carne da gente quando passa. 

 

 

Na avenida uma multidão segue o trio do seu artista preferido, dançando por um percurso de 2 quilômetros. Cada trio demora em torno de 4 horas para percorrer a avenida. Quando passa um trio, o outro vem logo atras, numa distancia que o som de um não atrapalhe o outro. Cada camarote de hotel e barquinhas de bebidas tem seu próprio som, mas desligam quando passa o trio.

 

 

No primeiro dia ficamos um tempo na entrada do camarote da festa privativa e nos divertimos olhando gente bonita, comentando sobre as roupas, olhando tudo que acontecia. 

Cada ingresso da direito a uma camiseta (abadá), que todos devem usar para entrar. Os homens vestem os abadás do jeito que recebem. As mulheres são muito criativas, fazem dezenas de modelitos a partir da camiseta, bonito de ver. 

Os ambulantes abusam da criatividade mostrando suas tradições, vendendo artigos necessários para os foliões. O amendoim cozido com limão e sal é um dos preferidos, aquele que ele equilibra na cabeça.

 

 

 

Chamou a atenção, os espelhos que cada barraca de bebidas tem pendurado. Fiquei curioso e fui perguntar. O homem da barraca me deu a resposta mais obvia possível. Perguntei: pra que serve este espelho? Ele respondeu: é pra se olhar. Tá bem! Espelhos servem mesmo para se olhar, mas vi numa barraca de bebidas, no meio de tanta gente. Não sei não! tradição é tradição!.

No tempo que ficamos observando, várias pessoas pararam e se olharam, como num self sem registro, mas a Ade eu registrei.

 

 

Quem tem o abadá, segue o trio elétrico dentro de cordas de proteção sustentada por dezenas de seguranças, para impedir que quem não tem abadá invada o espaço.

Os abadás são identificados por camisetas, cada artista tem uma cor.  Quem não tem abadá, segue pelas laterais, pelo que ví, bem melhor.  O lugar reservado para quem tem  abadás é na frente e atrás do caminhão e não dá para ver o banda que canta nas laterais e pouco sente o som tremer a carne, mas tudo bem, tem gente que gosta mesmo é de ter o abadá.

 

 

 

Cada artista desfila em um caminhão de som potente, seguido por outro caminhão de apoio, policiais, ambulância e os seguranças de cada trio.

Passaram artista renomados como Claudia Leite, Tomate, Saulo, Ivete Sangalo, Bell, Xandi, dentre outros que arrastam multidões por onde passam cantando.

 

 

 

 

 

Quando passa um trio, até os trabalhadores param para dançar, depois voltam ao trabalho até o próximo trio passar.

 

 

Tudo isso assistimos do nosso quintal, nosso camarote improvisado e exclusivo para os 10 motorhomes acampados nas quadras de tênis, com uma visão privilegiada a um custo irrisório.

 

 

 

Foram dois dias de desfiles na ruas, numa festa bem organizada com segurança, socorro médico e pessoal de limpeza o suficiente e eficiente.  Não vimos nenhuma confusão e após o desfile, as ruas já eram limpadas.

De errado mesmo só vimos nos foliões. Apesar de estar distribuídos banheiros químicos por toda a orla, muita gente preferiu os cantinhos escondidos, nas árvores ou nas moitas dos jardins, para satisfazer suas necessitadas. Como nosso camarote tem um belo jardim e uma lanchonete ao lado que tem um canto escurinho, virou ponto próprio para esvaziar a bexiga.  

Homens sempre usaram banheiros improvisados, mas no PréCaju, as mulheres foram destaque. Nos divertimos espiando ao nosso lado, homens e mulheres fazendo xixi. Para os homens é mais prático. Para as mulheres, bem mais difícil, não só pelo pudor, mas principalmente pela logística de ter que agachar, livrar a roupa e ainda levar umas amigas para esconder um pouco de todo mundo que está vendo.

 

 

Em frente a nossa morada fica a Praia de Atalaia, a principal de Aracaju, de águas mornas, límpidas e areias macias e douradas.

 

 

 

No sábado fomos até o centro da cidade passear e visitar o Mercado Municipal. Ficamos encantados com a variedade, qualidade e quantidade de produtos, com preços nada assustadores. Fizemos compras e voltamos de Uber. 

 

 

 

 

Quando chegamos em casa, o churrasco que combinamos no dia anterior com todos os novos moradores da quadra de tênis, já estava começando. Participamos, conversamos e comemos um belo churrasco com companhia agradável. O Trovão foi assador e o fez com maestria. 

No domingo a filha do Trovão estava de aniversário que comemoramos com mais um churrasco e bolo com refrigerante. 

 

 

 

Na segunda-feira saímos agradecidos pela estadia no estacionamento das quadras de tênis, que muito bem nos serviu de quintal com direto a camarote para ver a PréCaju acontecer. Foram 5 dias super agradáveis, com boa festa e ótimas companhias. 

Partimos para um outro paraíso no Nordeste. 

 

 

 

 

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