Entramos na Calábria por estradas de boa qualidade, sem pedágios, com muitos trechos em reforma e com muitos túneis.
O sul da Itália foi colonizada pelos gregos, há mais de 3 mil anos, e foi um dos reis que governou a região, Ítalo, que deu origem ao nome do País, Itália.
Segundo os moradores, poucos brasileiros vem ao sul da Itália, apesar de que muitos da região tem seus nonos e nonas morando no Brasil.
Chegamos em nossa nova morada, em frente ao mar Tirrênio. Pequeno estresse por que a proprietária não queria aceitar cartão de crédito, falei que ia embora e ela aceitou. Na Itália é como no Brasil, muitos se negam a aceitar o cartão.
Resolvido, nos instalamos no bom apartamento com uma bela vista.
Fomos até um oficina para revisão na carrinha, tudo bem com ela, e lá fomos nós conhecer a região.
O transporte coletivo nesta região tem ônibus e trens antigos, demorados e mal cuidados. A melhor opção é mesmo de carro.
A região e de montanhas com pequenas cidades uma quase que grudada na outra.
Tropea, na chamada Costa dos Deuses, é considerada a Pérola do Mar Tirreno, que se ergueu sobre um imponente rochedo às margens do mar cristalino.
Tropea é um dos mais belos balneários da Calábria.
Tem várias praias abaixo dos penhascos, separadas por pedras enormes de uma visão inesquecível.
De vários pontos da cidade é possível avistar o rochedo que já foi uma ilha e sustenta o “Santuário di Santa Maria dell`Isola”.
Chegamos até o Santuário por uma escada íngreme, onde a visão vai ficando cada vez mais encantadora.
A edificação, como uma fortaleza, esta muito bem conservada, com uma capela que abriga poucas pessoas, de onde o padre tem uma visão maravilhosa que certamente inspira seus sermões.
Atrás da Santuário tem um belo jardim cheio de plantas do mediterrâneo e oferece uma vista maravilhosa da cidade e das águas do Mediterrâneo.
Conta a lenda que a cidade foi fundada por Hércules mas existem vestígios de um tempo ainda mais longe de vida na região.
A cidade é rodeada de parreirais, olivais e pomares cítricos, mas a principal fonte de renda é mesmo o turismo, especialmente de gente que chega de todos os países para dar uma volta na ilha que abriga o Stromboli.
Do jardim do Santuário é possível uma visão do tenebroso Vulcão Stromboli, no meio do mar, que parece longe mas deixa os moradores sempre alerta.
A moça da agência de turismo, que promove passeios noturnos para ver as lavas escorrendo, disse que eles não tem medo do Stromboli. O terror deles não dá para ver. É o Marsili, outro vulcão maior ainda que se esconde sob as águas do Mar Tirreno, que a qualquer momento pode dizimar toda a população que vive no sul da Itália, segundo ela.
O Stromboli entrou em erupção em agosto e em setembro de 2014, cuspindo fogo a dezenas de metros de altura. A qualquer momento ele pode causar uma tragédia.
Existem aproximadamente 100 casas na ilha que abriga o vulcão.
As praias da região são bem movimentadas, somente nos meses de julho e agosto, depois, parece que os moradores ficam assistindo a vida passar, chegando cada vez mais próxima do enterro.
Depois fomos para Coto do Vaticano, uma cidade que não tem centro, suas casas, comércio e hotéis são espalhados sobre altas montanhas, que também vivem da praia e dos passeios até o vulcão.
As águas do mar nesta região, encantam os olhos. É possível ficar horas observando seu movimento colorido.
Na estrada, paramos para fotografar uma plantação de olivais, preparadas para a colheita e o senhor que fazia a tarefa, gritou de longe para que eu tirasse uma foto dele, muito alegre e simpático.
Dia seguinte saímos caminhar em torno do hotel e chegamos até uma pequena cidade que parecia abandonada, ninguém nas ruas e o pouco comércio todo fechado, como em quase todas as cidades pequenas da Itália.
Passamos por cantos onde os moradores depositam seus lixos. Segundo a dona do hotel, há mais de uma ano que tudo começou. Os governantes não conseguem desapropriar uma área para fazer o aterro sanitário, os moradores revoltados não mais separam o lixo e jogam pelos cantos.
Infelizmente o lixo já alcançou o mar que, com tanta beleza que oferece, não merecia tamanho descaso.
Paramos na única praia que encontramos mas os barcos tomam conta de quase toda areia.
Nas pedras que envolvem uma ruína, sentamos e descansamos admirando as águas límpidas, esverdeada, mas que não tem peixes, conforme nos informou um pescador. O pouco que pescam os restaurantes compram antecipado e sequer eles comem peixe com fartura.
Mesmo as pequenas cidades guardam paisagens que parecem que um dia a guerra passou por ali.
Calábria e Sicília são duas regiões que recebem poucos turistas por que ainda não se preocuparam com a infra-estrutura. No restante da Itália fazem piadinhas com a Sicília, principalmente, com apologias à violência da máfia.