Muita gente sonha, creio até que todos sonhamos. Mas porque tantos sonhos não se realizam? Será que tem pessoas que não sabem sonhar? Acredito que sim. Sonham sonham, mas não conseguem realizar. Querem ganhar na loteria, mas não compram o bilhete.
Decidimos trocar nossas palavras por atitudes, fizemos planos, deixamos somente de falar e passamos a vivenciar, tornando mais um de nossos sonhos uma realidade.
O sonho realizado foi a construção de uma piscina no nosso quintal da casa branca. Este sonho também foi sonhado antes das possibilidades. Era apenas um sonho, que virou projeto e agora está concretizado. Somos agradecidos, a piscina foi mais um sonho nosso que deixou de ser apenas sonho.
Planejamos uma casa segura, confortável e bonita, aos nossos olhos. Conquistamos com muito empenho de Ade e meu, adequando investimentos, escolhendo modelos e participando ativamente de todas as etapas da construção civil. Nossa casa branca ficou pronta, mas surgiram sonhos complementares para tornar nossa vida ainda melhor.
Os detalhes, enfeites ou cantinhos bonitos, deixamos para realizar entre uma viagem e outra com nossa casa rodante, a nossa querida Caca. A cada intervalo de viagem, construímos mais um pedacinho da casa fixa. Isto é bom, sempre temos uma ocupação.
Falando da Caca, por mais gostosa que está ficando nossa casa branca, não vamos perder as delícias de viver como nômades temporários. Adoramos viagens para fazer novos amigos, ficar em belos quintais e provar novos sabores.
Na nossa casa branca também somos privilegiados recebendo pessoas queridas, que amamos e que nos amam. Que privilégio.
Na casa branca nos encantamos com a vida mais próxima da natureza, ouvindo o canto dos pássaros nas diferentes horas do dia, comprando alimentos direto do produtor, mais barato e fresco, alem de plantar e colher muito do que comemos.
Alem de plantar e colher verduras, legumes, frutas e temperos, ainda ganhamos um pouco de tantas coisas dos vizinhos. Ade sempre retribui presenteando-os também com deliciosas guloseimas e com frutos do nosso quintal. Ade também aproveita o terreno do vizinho, ainda sem construção, para aumentar sua área de plantio.
Enquanto o tempo passa, sobra tempo para Ade exercitar seus excelentes fonte culinários, sempre com novidades nas guloseimas.
Morar na beira de um rio com águas límpidas, mornas e sol quase o ano todo, induz moradores da região a construir uma piscina. Também incluímos uma piscina em nossos sonhos, transformados em planos.
Antes de dar o estarte para o início da obra, ponderamos várias vezes. O dilema era viajar com nossa Caca, passar o inverno no nordeste ou ficar parado por 4 meses e construir um muro, uma horta e uma piscina.
O sonho quando é só sonhado, quase sempre não vira realidade. Decidimos construir. Lá fomos nós planejar e buscar os recursos para mais uma conquista e, mãos à obra.
Assim começou mais uma saga nas relações com a construção civil. Projeto preliminar, contato com engenheiros, arquitetos, parentes e amigos, todos opinando e contribuindo para o novo empreendimento.
Contratação de mão-de-obra, pesquisa de preços e muita ocupação e preocupação nas tomadas de decisão. São muitos detalhes e opções de feitio, revestimentos, motorização e paisagismo para pensar e decidir na construção de um paisagismo no quintal.
Foram muitas pesquisas até o refino da obra. Ade contribuiu com idéias, escolhas e compras e eu o tempo todo na obra, ajudando algumas vezes e palpitando sempre.
Apesar do projeto, acho legal perceber que cada obra tem vida própria e que permite ser adaptada durante a criação. O muro pode ficar mais baixo; a calçada pode ir 10 centímetros mais pra lá; a pisada poderia ficar um pouquinho maior; os jatos da hidro; a cascata; os canos de esgoto…. Enfim, a todo instante a obra evolui e permite pequenas mudanças. Quando não sai do gosto, ou não fica bonito, ou não fica seguro, quase sempre é possível readaptar.
Boa parte do tempo eu ficava sentado numa cadeira observando a obra. Uma vez o pedreiro me disse: cada vez que o senhor senta nessa cadeira, muda alguma coisa. Realmente, várias coisas eu observei a tempo de serem modificadas. Não que eles não soubessem fazer, mas era o meu prazer de ver ficar do jeito que eu imaginava, foi muito bom. Mesmo assim, procurei não atrapalhar.
Ao final do dia, depois do trabalho, somos presenteados pelo belo pôr do sol, quase todos os dias.
Ade é muito esperta. Escolhendo vasos para o jardim, que estavam com valores exorbitantes, descobriu que a cidade de Indiana, 100km da nossa casa, é a cidade dos vasos. Fomos conferir. São muitas olarias industriais e de fundo de quintal, que vendem os mesmos produtos com valores muito menores.
Nos disse o vendedor que a cidade dos vasos deu continuidade à cultura indígena, que fabricavam peças de barro para seus utensílios. O branco chegou, os índios se foram e a tradição continuou, tem vasos pra todo lado.
Dentro do projeto do paisagismo esta um horta, que Ade tanto valoriza e cuida com carinho. Resolvi fazer uma estrutura elevada para uma melhor posição ergonômica nos cuidados da horta. Os trabalhadores não concordavam dizendo que o canteiro poderia ser no chão, sem entender ou se preocupar com o conforto corporal e com um simples destaque de beleza no quintal.
Um deles me disse, mesmo sem entender de administração financeira, que o dinheiro que eu investi na horta daria para comer verduras por 10 anos. Para ele, o retorno do investimento é quase impossível. Claro que ele não considera beleza e a praticidade.
Durante nossas viagens, não rara vezes, fazemos fogueira ao entardecer e ficamos sentados, conversando e tomando vinho. A fogueira foi uma obra obrigatória na nossa casa. Já existia onde ficou a piscina e agora escolhemos outro local. Estudamos várias opções de fazer uma fogueira. Pesquisando, descobrimos que é possível comprar fogueira pronta, só que agora se chama de lareira externa.
O ser humano há séculos se reunem em volta do fogo, promovendo o convívio compartilhado de conversas e sabores. Foi bom voltar ou manter a cultura das fogueiras.
Decidimos fazer a nossa fogueira num modelo bem rudimentar. Eu mesmo fiz. Fui numa casa de pedras, escolhi as pedras, fiz teste de empilhamento e fui para a prática. Fiz uma base de tijolos abaixo da grama e duas camadas de pedras que se encaixaram sem necessidade de cimento ou cola.
Decidido! Não queremos mais mexer com obras grandes. Apesar do prazer de ver uma obra tomar corpo, queremos evitar os desgastes nas relações humanas inerentes ao desenvolvimento de uma obra, com trabalhadores e fornecedores.
Ade e eu preferimos viajar, retomando a vida de nômade temporário, mesmo considerando as várias alegrias que nossa casa fixa está nos proporcionando com as belezas naturais e o convívio com vizinhos.
Piscina pronta, primeiros mergulhos e pé na estrada novamente.
Quando vocês realizam a gente realiza junto. É um sentimento genuíno e fácil quando vem de nossos pais e tão difícil de ser verídico quando é a comemoração de outra pessoa. Enfim, seguiremos lendo e exercendo a prática de ficar feliz pelas conquistas dos outros. Apesar de adorar essa casinha branca aí com vocês, sabe que torcemos para que continuem em movimento. Vocês nos orgulham.
que bonito, pai. A obra da piscina foi muito interessante de acompanhar, aqui e conversando com vocês, ao vivo. Fico muito feliz que vocês nos proporcionam tantos momentos bons aí, e além de aproveitar a familia também fazem amigos por onde passam. Feliz com a conquista, feliz com a decisão de continuar viajando. Amo vcs demais