Romênia ficou para trás. Depois da tensão da fronteira, entramos novamente na área que não fazem controle na divisa, seguindo pelas belas estradas da Hungria.
Rodovias de primeira linha que só tem controle de velocidade quando passa nas comunidades ou nos trevos. Eu andava a 120 km/h e outros carros me ultrapassavam como se eu estivesse a 50 km/h.
Muitos caminhões pela estrada e, a cada 15 ou 20 quilômetros, um local para descanso, também de primeira linha, com amplos estacionamentos, mesas para o lanche, posto de combustível, lanchonete e um banheiro público de qualidade.
Chegamos em Budapeste, ainda com ajuda do Iphone, porque a portuguesa GPS também não reconhece a Hungria. Tudo bem chegamos no horário e no lugar certo.
Budapeste é a capital da Hungria, a sexta maior cidade da União Europeia, fundada por povos nômades com origens nas planícies euro asiáticas.
Budapeste surgiu com a fusão de quatro povoados, que se uniram em uma única administração, juntaram os nomes das duas principais, Buda e Peste, surgindo assim Budapeste, separadas pelo charmoso Rio Danúbio, mas unidas por belas pontes.
As pontes são atrações de Budapeste, são 10 pontes ao todo que cruzam o Rio Danúbio. As principais são a ponte “Erzsébet”, estaiada branca, a ponte “Széchenyi” a mais bonita e a ponte “Szabadság” verde, destruída na segunda guerra e reconstruída um ano depois.
A região já pertenceu a vários povos e foi palco de inúmeras revoluções. Apesar de Budapeste ter sua fundação em 1873, existem indícios de civilização desde antes do século 1 a.C.
Budapeste é considerada uma das cidades mais belas da Europa e um dos maiores destinos turísticos no mundo, com vários patrimônios mundiais. Foi classificada como a melhor área urbana da Europa em qualidade de vida.
O transporte público é barato, não atrasa e tem todas as opções que uma cidade pode ter. Existem muitas ciclovias e parques espalhados por toda cidade.
O hotel, que também reservamos pelo site Booking, como sempre fazemos, tem 4 estrelas e merece a classificação. Muito luxo para poucos Euros a diária.
Descansamos da viagem, falamos com a família e fomos dormir cedo, cansados mais pela tensão da fronteira do que pela viagem.
Dia seguinte, após a refeição do café da manhã, sim refeição. No café é servido carnes, saladas, salames, frutas, pães, sucos, omeletes, ovos cozidos, fritos e mais algumas comidas regionais que eu não sei o nome.
Fomos de carrinha até um estacionamento próximo das principais atrações, no centro e passeamos com chuva fina e muito frio durante todo o dia.
Passamos por uma rua pedonal, onde os turistas se divertem com muitas lojas de souvenires baratos e algumas com artigos mais sofisticados, incluindo as bonecas de louça, caras e maravilhosas.
Pelas ruas várias pessoas oferecem serviços de massagem e tentam vender celulares para os turistas. Provavelmente são irregulares, falsos ou furtados, que a polícia talvez não queira inibir. São vários, pelo jeito imigrantes, que insistem na venda acompanhando a gente e falando sem parar.
Muitos restaurantes tem moças e rapazes exclusivamente para atrair cliente que passam na rua, tentando a todo custo que o cliente entre no restaurante.
Paramos em um restaurante que oferecia comidas típicas, sem tanto assédio. De entrada, provamos o goulash, uma sopa muito recheada, bem temperada e uma outra comida tradicional, que não sei o nome, das mais consumidas pelos húngaros.
Continuamos andando pelas ruas centrais, ainda com a chuva fina, até chegarmos na riquíssima Basílica de “San Esteban”, com capacidade para 8 mil pessoas.
“Esteban” foi o primeiro rei, fundador do estado húngaro, canonizado, mais pela importância que teve para o país do que por milagres atribuídos. Também por que, após a morte, sua mão ficou preservada, foi mumificada e está guardada na “Capela Mão Direita Sagrada”. Desde sua morte, em 1038, sua mão já foi guardada por várias outras nações. Somente em 1944 a Hungria a recuperou novamente.
A Basílica guarda também muitas relíquias religiosas de grande valor histórico e financeiro, chamados de tesouros da basílica.
Caminhamos sem a preocupação de encontrar os pontos turísticos mais famosos, somente observando pessoas e a bela arquitetura da cidade. A cidade toda guarda pontos que merecem observação, repleta de belos edifícios, todos muito bem cuidados.
O edifício do Parlamento, um dos mais antigos da Europa, sem dúvidas, o edifício mais bonito e imponente que já vimos. Não somente nós achamos o edifício fantástico. Contam por aqui que Freddie Mercury, líder da Banda Queen, tentou comprar o edifício para usar como moradia.
No edifício, que hoje é o Parlamento Húngaro mas já foi um castelo onde moravam nobres, foi construído por mais de mil trabalhadores. Estima-se 40 milhões de tijolos no alicerce, meio milhão de pedras preciosas, 40 kg de ouro e centenas de peças esculpidas na pedra.
Foi tanta beleza empregada na construção, que encanta os olhos de várias gerações e, por pura ironia do destino, seu arquiteto ficou cego antes do término da construção e não pode ver a tamanha obra de arte que idealizou.
Com iluminação, a obra de arte fica ainda mais bela.
É possível fazer visitas guiadas dentro do edifício mas é muito concorrido. Quem quiser visitar a coroa do primeiro rei húngaro e toda beleza da decoração interna, tem que acordar cedo. Quando chegamos os ingressos já haviam se esgotado e a moça informou que teria que chegar entre seis e sete horas da manhã para conseguir uma entrada para o dia. Os ingressos são vendidos somente para o dia, se não chegar cedo, não entra. Nós não entramos, mesmo após algumas tentativas.
Os prédios em volta, os jardins as estátuas, formam um conjunto harmônico, certamente um dos mais belos conjuntos arquitetônicos do mundo. Não cansamos de admirar todos os ângulos.
Saímos do Parlamento, andando pelas ruas com belos edifícios dos dois lados e, chegando na praça “Szabadság tér”, paramos um tempo ainda encantados com as belas edificações.
Em frente a um monumento, uma manifestação expõe algumas peças esquecidas pelas guerras que assolaram a região.
Depois encontramos uma feira de rua com produtos regionais e artesanatos e provamos um “kürtoskalács”, um pão doce assado e tomamos um chá quente.
O chá quente é vendido em vários pontos, na frente dos bares, restaurantes e nas feiras. Os dois muito saborosos nas primeiras provas mas depois ficam enjoativos.
Na feira encontramos um grupo de brasileiros, que também estavam se batendo com a moeda dos Húngaros. O dinheiro deles é muito barato. Paguei o restaurante com 100 Euros e recebi mais de 10 mil dinheiros deles, que é o Forint, com a sigla huf.
Em várias cidades na Europa, encontramos figuras pitorescas em estatuas de bronze, que dizem dar sorte quando passa a mão. Em Budapeste e este simpático policial gordinho. Passar a mão em sua barriga, dá sorte. Nós passamos a mão em todos os amuletos e a sorte desta bela viagem está se concretizando, quem sabe seria bom também tentar na loteria.
Encontramos uma atração diferente do que já vimos e pagamos para entrar. É um local todo decorado com gelo. Você coloca uma capa para amenizar o frio e entra o suficiente para tirar algumas fotos. Lá dentro, – 2 graus de temperatura. Entramos, tiramos fotos e saímos com muito mais frio. Na rua, que estava 5 graus, ficou quente por alguns momentos.
Entramos na Avenida Andrássy, que vai até a Praça dos Heróis. A avenida, com árvores enormes soltando as folhas do outono, é um encanto para os olhos e um enorme risco para o cartão de crédito. Na avenida estão as lojas com as marcas mais famosas do planeta e cada uma melhor decorada do que a outra. Com tantos produtos bonitos de se ver, impossível eleger a loja mais bonita ou mais cara.
Na Avenida também estão algumas das atrações culturais da cidade, como o Teatro Ópera Estatal Húngara, um dos principais palcos da Europa, a Casa do Terror, embaixadas, universidades, bibliotecas, pequenos museus, livrarias, belos restaurantes, prédios comerciais e residenciais, um lugar perfeito para andar devagar e observar tudo em volta.
Na frente do teatro, uma amostra do cuidado que os húngaros tem com seu patrimônio. Em vários pontos observamos gente trabalhando na restauração e manutenção das obras espalhadas pela cidade.
A Andrássy começou sua fama em 1872, quando três competidores construíram belas mansões, Depois muitos aristocratas , banqueiros e latifundiários se mudaram para a avenida. Como os poderosos reclamavam muito do barulho do trânsito, incentivaram a construção do Metrô de Budapeste, segundo a funcionar em todo mundo.
A linha mais antiga do metrô da cidade, possui estações muito bonitas, bem conservadas e os trens são bem pequenos.
Chegamos na Praça dos Heróis, “Hösök tere”, com belas estátuas e um espaço enorme de circulação. É uma das praças mais importantes de Budapeste, rodeada por imponentes edifícios como o Museu de Belas Artes e o Palácio da Arte, além de outros edifícios comerciais e residenciais que fazem da praça um local de beleza singular.
No centro da praça fica o Monumento do Milênio, com as estátuas dos líderes das sete tribos que fundaram a Hungria no século IX, e outras personalidades do País.
Atrás do monumento, que tem 16 metros de altura, um enorme bosque com um lago sobre um tablado de cimento, se transforma em pista de patinação no inverno. O lago congela e também vira pista de patinação.
O castelo no parque é outro espetáculo de arquitetura, além de várias esculturas, os detalhes das suas fachadas são admiráveis. No castelo funciona um museu e acontecem festas e cerimônias particulares.
No parque encontramos um brasileiro viajando sozinho e depois uma família de Pernambuco, quase morrendo de frio. Conversamos durante um bom tempo falando dos filhos, andando e observando os monumentos.
O filho deles está fazendo medicina e agora esta em um intercâmbio na Hungria. A mãe reclamava como é difícil manter um filho no exterior e ele ficava apreensivo quando eu comentava que nós desta geração de pais, estamos criando filhos como se fossem reis e na primeira oportunidade eles batem as asas e voam sem se importar com as asas que os acolheram.
Voltamos para o centro com o metrô antigo e romântico, apreciando a pequena viagem, que conta o início da história dos trens que viajam por baixo da terra.
Chegamos no centro e fomos pegar um trem turístico para chegar no mercado central. Não conseguimos comprar o ticket, o trem já estava saindo e fomos de graça, mesmo sabendo que a multa para quem não paga a passagem é de 80 Euros.
Ade seguiu calmamente como se fosse moradora.
O mercado central é de uma organização, limpeza, quantidade e qualidade de produtos elogiável. Sem dúvidas, um dos mercados centrais mais bonitos que já vimos, mesmo considerando o de Curitiba e o de São Paulo que também são espetaculares.
Andamos às margens do Danúbio, passamos por uma das belas pontes e chegamos em Buda, o lado mais antigo da cidade.
Durante o tempo que passeamos pela cidade, atravessamos as pontes várias vezes e vale a pena sentir a emoção de ver tantas belezas do meio do Danúbio.
Sob uma forte neblina, chegamos em Buda.
Fomos a procura da igreja que fica incrustada numa montanha, outra obra de beleza incomparável.
Por dentro a igreja é encantadora, meu coração chegou a disparar de tanta emoção que senti, vendo toda a obra dentro da montanha, com várias pequenas capelas e uma decoração fabulosa de quadros e móveis entalhados por um artista canadense, voluntario na recuperação da igreja.
Depois subimos as centenas de degraus até chegarmos no Castelo de Buda, construído no alto de uma colina.
O Castelo abriga órgãos oficiais, museus e é considerado Patrimônio da Humanidade. A beleza é incontável, quero dizer não dá para contar tantos detalhes fantástico da arquitetura e das esculturas pelas paredes.
Em 1686, este Palácio medieval foi destruído quase que por completo, depois que um monge chamado Gábor, disparou um único tiro de canhão que acertou o paiol de pólvora. Conta a história que a explosão foi tamanha que matou 1500 soldados turcos que ocupavam o local e causou um maremoto (ou seria riomoto) no Danúbio, que varreu guardas e baterias estacionados do outro lado da margem.
Vários outros governos investiram em sua recuperação e hoje ele é uma jóia de edificação. Ao entrarmos, riamos a toa com tanta beleza, dizendo várias vezes “esses caras são bons”. Ficamos maravilhados mais uma vez com tanta beleza nesta cidade.
Do alto da colina de Buda, a visão noturna da planície onde está Peste é maravilhosa, dá para ficar horas a observar os belos monumento e vendo as luzes brilhar.
Voltamos para o centro de peste e passamos por uma feirinha de rua, ao lado de uma enorme roda gigante, onde vendem artesanatos e muita comida.
Budapeste é muito bonita, impossível não ficar encantado com a beleza das cidades irmãs.
Cada dia passeamos várias horas e em cada canto uma beleza urbana se destacou.
Terminando este post, nada melhor do que oferecer flores da cidade para a própria cidade e agradecer aos seus habitantes e governantes por conservarem tanta beleza.
Nosso próximo destino é Bratislava na Eslovênia. Já houviram falar?