Expedição Bahia 2019 9. Nossos vizinhos em Porto Seguro

9. Nossos vizinhos em Porto Seguro


Uma casa com rodas é um dos sonhos mais cobiçados por quem gosta de viajar. Alem da mobilidade que proporciona, também é opção para viver estacionado, como numa casa fixa, com vizinhos e quintais sem muros, mantendo o sentimento de quem esta viajando.

Para motorromeiros que escolhem fixar um quintal, quanto maior o tempo estacionado, maior os vínculos afetivos que se formam. Parecemos amigos há muito tempo. A rotatividade de vizinhos é constante, mas sempre que um parte, as despedidas são tristes e deixam sempre boas lembranças.

A vida no camping é de muita amizade e alegria. A maioria, somos da terceira idade com vontade de viver intensamente a fase derradeira da vida, que começa depois dos 60.

No Hotel Camping Mundai, em Porto Seguro, nosso quintal por quase três meses, conhecemos campistas cativos, que todos os anos no inverno, chegam fugindo do frio do sul. Ficam entre 3 a 5 meses na Bahia e, no Verão, ficam o mesmo tempo nas praias de Santa Catarina.

O tempo que sobra.

Ficam em suas casa fixas, na cidade de origem e visitam parentes. Na Bahia e em Santa Catarina, ficam os quintais preferidos de muitos viajantes com casas rodantes, especialmente pelo clima, verão no sul e inverno no nordeste, sempre próximo da praia.

 

O mais velho dos nossos vizinhos esta agora com 86 anos. Viaja com sua esposa e contrata um motorista particular para trazer sua casa rodante e um carro rebocado até Porto Seguro e por aqui vai ficando até o frio do sul acabar.

A Nave do Vovô Wilsinho, empresário aposentado, é um ônibus com 11,2 metros. Também trás um carro rebocado e muitos acessórios, com muito conforto por dentro e por fora. Quando chega fica quase três dias arrumando tudo. Quando parte, começa a arrumação uma semana antes.

A casa do Elano e da Vera, empregados aposentados, é um ônibus com 9,3 metros. O nome da casa carro era Fogoso, mas ele acha que deveria ter outro nome. O fogoso do nome virou mais para sossegado, vive mais parado do que rodando. Já fazem décadas que vivem como nômades, revelando o ano entre o Rio Grande do Sul onde moram e, em Santa Catarina e Porto Seguro onde estacionam.

A casa do Luiz e da Chica, empresários aposentados, é dos mais bonitos e confortáveis. Chama Bumerangue, por que sempre vai e volta e tem 10,20 metros de comprimento. Também reboca um carro pequeno.

Motorhome

Motorhome

A casa do Edmundo e da Dulce tem  9,00 de comprimento. Eles também rebocam um Fiat com nome curioso, não sei por que, o chamam de Exibido.

A Nita e o Rene são empresários aposentados. O Rene é mais conhecido como “Véio Loko” e a casa deles é um ônibus de 9,00 metros. O foco na casa são as comidas e as amizades esbanjadas. Eles são frequentadores antigos do Mundai e sempre inventam um almoço ou jantar coletivo. O Véio Loko tem até um espaço no camping, que é uma churrasqueira batizada em sua homenagem.

A casa carro deles é limpo e brilhante. Os dois se preocupam com a limpeza e a todo instante estão com um pano lustrando por dentro e por fora.

A casa do Alex e da Marli, fazendeiros aposentados, é um ônibus de 8,50 metros e chama Tói. O foco da casa fica por conta da simpatia da Marli e da prestabilidade do Alex, que não mede esforços para ajudar todos os vizinhos que precisam de qualquer tipo de conserto na casa rodante. Qualquer tipo mesmo, quando ele não conserta, sempre sabe quem pode ajudar.

Amamos este casal.

O carro branco na frente do Tói foi nosso em muitas situações. Muitas vezes passeamos juntos e sempre quando precisamos, a chave estava à nossa disposição, sem cerimônias e ainda com o carinho de deixar a chave em nossa casa.

O Jairo e a Silvia moram numa bela casa fixa em plena Serra da Mantiqueira, mas preferem viajar na casa rodante feita pelo próprio Jairo. Já Chegaram até o extremo sul das Américas sete vezes e estão planejando a oitava.

O Regis e a Marta são empregados aposentados e gostam de viver por mais tempo estacionados e escolhem as melhores praias como quintal. Foi o Régis mesmo quem projetou e construiu o novo lar, num modelo exclusivo.

A casa do Cesar e da Naiára, empregados aposentados, é uma barraca. Fizeram pouco investimento e estão pela primeira vez se aventurando na vida de campistas. Gostaram e já planejam melhorias nos equipamentos e novos destinos.

O material é acondicionado em uma carretinha, puxada pelo carro. Foi o Cesar quem montou o projeto e cada detalhe da estrutura.

E nós, Ade e eu, empregados aposentados, moramos na Caca, com 7 metros, é um das menores casas. Apesar de pequena, oferece mobilidade e conforto com todas as necessidades de lar.

Morar em casa rodante por meses longe da casa fixa, trás junto a saudade de quem amamos. Infelizmente não deu para receber todos como visitas mas, felizmente, nesta temporada recebemos nosso filho Hugo e nosso neto João. Foram cinco dias da mais pura felicidade e muita canseira para suprir a energia do João.

Muitos outros passaram pelas nossas vidas aqui em Porto Seguro. Alguns, talvez nunca mais encontraremos, mas as boas recordações jamais se apagarão. Aprendemos que a amizade é o mais importante e que não é a estrutura do equipamento de viagem e sim o campismo que faz a vida mais feliz.

Assim foi um pouco na nossa história vivida com gente muito legal, amigos de fato. Vivemos intensamente durante 81 dias, num lugar seguro, bonito e confortável, conforme buscamos em nossas prioridades como nômades temporários.

Somos gratos ao Geraldo, a Cristina, proprietários e também viajantes, e a todos os empregados do Hotel Camping Mundai em Porto Seguro, pelo carinho e pelo zelo na bela estrutura do lugar.

Em comum, todos nós motorromeiros, conquistamos um modo de sermos felizes, sem compromissos, curtindo a maior parte do tempo, como donos do nosso próprio tempo.

Mesmo viajando, estamos sempre em casa.

1 comentário sobre “9. Nossos vizinhos em Porto Seguro”

  1. Oi Mauricio e Adenilde. Adorei ver tuas postagens. Gostei de rever os vizinhos do camping . Pro ano que vem, esperamos repetir a proeza e rever todos novamente. Um abraço forte, meu e do Cesar, aqui de Osório RS.

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