Bahia 2019 7. Nossa rotina em Porto Seguro

7. Nossa rotina em Porto Seguro


Nossa vida de campista morando na casa rodante como se fosse casa fixa, nosso lar-doce-lar no mesmo quintal, continua no ritmo da Bahia, feliz e lenta.

Nossa rotina é caminhar pela praia, tomar banho de mar, de chuva (quando chove), de chuveiro, de piscina, preparar o almoço, descansar à sombra da tarde, conversar com os vizinhos, inventar reparos na casa rodante, trancar a casa na hora do ataque dos pernilongos, dormir cedo e acordar cedo para rotina.

sempre igual e sempre diferente.

Alguns dias vamos passear na cidade, fazer mercado, feira, provar uma nova comida, conhecer as praias da região e conversar com pessoas.

Conhecer pessoas, especialmente nativos, proporciona agradáveis momentos. É preciso saber iniciar uma conversa com uma pessoa estranha. Um bom dia, uma brincadeira, um sorriso costumam abrir as portas da amizade.

A Lenda

O povo baiano tem uma lenda que os persegue. Dizem que são preguiçosos. Procurei descobrir um pouco mais e percebi que realmente o baiano é um pouco mais lento. Mas eles mesmos se defendem, como me disse um deles, “cada um tem seu rojão”. Quando pegam para trabalhar, não medem esforços.

Concordam que o paulista é o contrário deles, mas que se adaptam rápido e ficam muito mais trabalhadores quando “moram em São Paulo”. Existem muitos causos, piadas e frases sobre a lenda, como esta que achei na internet.

Será que é o clima da Bahia que induz a preguiça? Será que a preguiça na Bahia é como o Ócio Criativo na teoria do italiano Dominico De Masi?

É certo que o clima e as belezas naturais induzem ao sossego, mas é preciso ter cuidado para não fazer do ócio do De Masi, o pecado capital, que as vezes assola o baiano.

Mesmo estando na Bahia, não deixamos o sossego tomar todo tempo. Assim que chegamos Ade foi para a academia, no próprio camping, fazer Pilates, duas vezes por semana.

Ainda para exercitar o corpo, andamos de Trotenete, fazemos longas caminhadas com tênis e andamos descalços pela areia da praia.

Um dia caminhando pela praia, eis que se não quando, uma agradável surpresa. Deparamos com duas belezuras dividindo um banco na sombra. Paramos e puxamos amizade.

Logo aceitaram!

Vivemos um momento mágico e feliz, diante do tamanho carinho e afeto, emanados por esses dois caras iguais de dois anos cada.

Foi aproximar e já virou brincadeira de colo, de esconde-esconde, de roda, de correr um atras do outro, rolar na areia e mais colo.

Seguimos em frente pela praia, já falando em voltar para brincar com eles novamente. Alguns dias depois nos encontramos no mesmo lugar, onde o pai deles vende coco e vigia os dois preciosos.

Caminhadas pela praia, quase sempre tem surpresas. Uma conversa com um pescador solitário, com um mestre jogando sua rede e as paradas para o banho de mar, nas piscinas naturais que se formam com a maré baixa.

Em nosso novo endereço, recebemos até visitas vindas de Maringá no Paraná, que se hospedaram no hotel ao lado do nosso quintal. Foram 5 dias de passeios, conversas, diversão e muita praia.

Alugamos um carro, depois um bugue, passeamos no Aquario, no Arraial D`ajuda, na Passarela do Álcool e na aldeia dos índios.

Almoçamos no Restaurante da Nilza, uma baiana de raça que construiu seu comércio a beira mar, num pedaço de paraíso que inspira paz e sossego.

Turistas brasileiros e estrangeiros chegam para desfrutar do almoço e do quintal Nilza.

Por aqui, não somente a natureza, as pessoas e os sabores são encantadores. Os animais também vivem no clima da Bahia.

Willy e Bill

Eles moram na camping há mais de uma década e todos que passam por aqui fazem amizades com eles facilmente. O Willy é mais fechado, as vezes até rosna e circula por todo terreno, cheira e demarca todas as rodas e não dá muita bola para o carinho. Fica na dele.

O Bill não! O Bill é feliz, vive com cara de sorriso, abanando o rabo e sempre chega bem perto para compartilhar um carinho.

O Bill respeita sua hierarquia.

Quando o dono está, ele o segue por onde vai. Se o dono não está, ele se apega aos empregados e, quando sobra um tempo ele visita cada box para receber e dar seu afeto. O Bill já foi tema de reportagem no jornal.

Vez ou outra o Bill aparece com uma folha na boca, como se fosse um presente. Na verdade ele entrega a folha e espera algum tipo de contribuição alimentícia.

Em dias de luz cheia, vamos para praia ver ela nascer no horizonte, como se fosse o sol. Um dia convidamos os vizinhos vindos de São Paulo para assistir o espetáculo. Como nós, ficaram encantados e agradecidos pelo convite. A mulher disse feliz que jamais vai esquecer e que nunca havia pensado em parar para ver a luz nascer.

E assim passamos os dias em novo endereço, nos sentindo plenos a maior parte do tempo, livres de grandes preocupações, vivendo o sonho da maioria das pessoas. Estar num belo lugar, fazendo bons amigos, sem dia para voltar ao lar-doce-lar na casa fixa.

Como bem disse nosso filho Hugo: “o CEP é o número que melhor define a saúde e a felicidade”.

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